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30 de março de 2011

AMOR QUE VOA

HARMONIA - Planta e gente se comunicando numa boa | imagem: Canais 
# Há uma molécula em nós humanos, bicho ou planta, chamada DMT (Dimetiltriptamina) ou A Molécula do Espírto, que se comunica de um estado de vida a outro sem o nosso controle. Para a pesquisadora Leanna Standish, a DMT é "a base comum de uma linguagem molecular. Uma linguagem de ressonância entre todos os seres vivos deste planeta”. Difícil de ser compreendido, esse estágio exige sensibilidade suficiente para sentirmos o que as plantas emanam.

E o que dizem as plantas? Sentimos nelas o amor despretencioso e desmaterializado? Existe um amor desromantizado? Sabemos que sorrir ou chorar não é só humano. O ''estado de espírito'' de todos os seres vivos pode transceder às práticas desse mundo e alcançar uma comunicação, é o que dizem os pesquisadores desse efeito psicoativo, às vezes despertado apenas com uma concentração mental.

Através da ingestão da Ayahuasca, a dimetiltriptamina, que é um alcalóide psicoativo e ainda o princípio ativo das mirações, revela um poderoso portal da consciência através da química simples desta molécula.

Imaginemos o amor fluindo, livre, se esquivando da sua outra face, que nós humanos temos, o ódio. Assim deve ser a forma que este sentimento encontra para voar. Terence McKenna, etnofarmacologista responsável pela divulgação mais abrangente da DMT, diz que seus efeitos mostram um amplo potencial de medicina planetária. "Essa linguagem permite o desencapsulamento dos egos", diz o cientista.
Como fazer a reconexão do humano com a comunidade da vida no planeta Terra? Terence diz que só essa molécula pode fazer a ligação. Imaginemos o porquê. Vida humana esgotada, voltada aos valores capitais, à picuinhas ou à violência, nós esquecemos (e até queremos muito) eliminar as plantas e os animais do mundo.

Mas fazemos amor de noite, num motel, e achamos que tudo está lindo. Seres românticos e selvagens, com toda a contradição humana. Fazemos também, com amor, qualquer melodia... Mas como cada ser reage ao amor?

Cazuzemos nos nicknames digitais: "eu quero a sorte de um amor tranquilo..." enquanto não sentimos, de fato, um amor sem pretenções materiais. Muitos até o sentem, quando criança, mas desconhecem a liberdade na vida adulta e o esquecimento cuida de substituir um sentimento verdadeiro pela ilusão.

Afinal, são quantos os tipos de amor? Amor como acessório de shopping... O amor é posse para a maioria. Uns poucos loucos liberam-no pra ver onde ele gruda. Certamente numa árvore, velha companheira da vida... ou num cão, de olhar atônito, ferido pelo monstro homem.

"O amor é uma construção terrível... um buraco negro, que quer engolir tudo", desabafa o poeta (puto com alguma musa). Mas, a DMT é a linguagem do amor no universo. Sente-se uma alegria incomensurável ao olhar as plantas. Chega a ser visível o sorriso das folhas.

"O amor, pra o bem querer, é pra querer o bem", corrige o lado holístico do poeta. E entre confissões assim ou confusões passadas, flutua o amor... que só é pleno quando livre de todas as nossas impressões humanas.

Ao entender o amor assim, o romantismo guarda-se em caixas minúsculas, com naftalina, até um crente desdobrá-lo (alguns passam ferro quente para retirar as marcas). Outros fingem que usam. Como um botton institucional... um smile amarelado, grudado ao peito.

#valdívia costa

Longa-metragem de Mitch Schultz (71′) que aborda o fenômeno da DMT. Assista com legendas:

20 de março de 2011

LUA, VEM!


fotos: Val da Costa
Por volta das 16h40, Dudu chegou com Gamela fazendo o chamado. Alê e Toninho toparam e eu fui a reboque. O fenômeno da maior lua dos últimos tempos apontava um caminho pra sua observação. Era a famosa Pedra de Santo Antônio, na cidade de Fagundes, aqui na Serra da Borborema, aquela que é gigante, tem uma fenda que dá pra passar uma pessoa por baixo (com fé em arrumar um casamento) e forma um aglomerado de outras pedras em cima da grande pedra mãe, que é a Serra de Bodopitá. Planejamos sair pra ver ela nascer lá, mas, quando olhamos, ela já estava assim, estufadona...
 
O momento era especial porque, primeiro, era o dia 19 de março, Dia de São José, um santo que dita ao sertanejo se o ano vai ser bom de chuva, como canta a música Ciência Nordestina, do nosso amigo Alê Maia. Ele tinha marcado de vir compor umas músicas com Toninho e achou esse esquemão lunar. Não demorou, ele começou a relembrar histórias de outras idas à pedra...

Segundo: um evento lunar que não veremos mais em tantos anos tinha que ser bem aproveitado... não podia ser vivido da sacada de casa, do meio da rua... não para quem ama a lua como nós, loucos. Aí, juntando tantos motivos para se viajar um pequeno trecho e ver a lua grandona, saimos de casa...
Dudu e Gamela foram num carro e eu, Toninho e Alê noutro. Durante todo o caminho, sons muito bons. Andar com músicos é isso: são ouvintes que trocam megabytes e mais megabytes de música. "Ô viagem ruim", pensei. Mas aguentei. (rss) Um caminho totalmente iluminado. A BR 230 parecia um tapete negro com pequenos gliters aqui e acolá...

Aqui é do outro lado da pedra de Santo Antônio. Infelizmente, meu equipamento fotográfico e minha ignorância em operá-lo ainda não conseguem se unir e captar muita imagem no escuro. Precisa de luz. Mas não uso flash. Acho uma luz artificial agressiva. Procuro uma luz natural... (essa luz branca, mais forte e acentuada somente esta noite, em todo canto... eu fiquei doidinha!)
Enquanto isso, lá embaixo, Campina Grande derretia de amores pela lua... hihi...



A Pedra de Santo Antônio é encantada. Não sei se era a noite, o momento... mas senti uma energia revigorante. Depois de voltar de lá, me senti livre e sorri. Mas lá na pedra, os meninos são visitantes assíduos. Então foi aquela ginástica noturna... descemos lagedos, entramos em trilhas lindas de matos dos mais diversos, ouvimos uma conversa sigilosa entre duas cigarras, no meio de uma algazarra de coaches de sapos e tirinetes de outros apitos de insetos. 

foto: Gamela
 Isso foi a caminho pra uma caverna que, segundo os meninos, ficava próximo a uma lagoa, tipo "paraíso"... mas as três descidas de trilhas de barro e pedra nos alertaram para a subida, que seria maior. Naquele clima Lost... voltamos.
Antes de subir o lagedo, paramos numa jaqueira enorme, que tinha a copa grandona, cobrindo tudo ao redor. Lembraram de uma lente de uma máquina fotográfica que deixaram naquele mesmo lugar noutra visita... continuamos. Olhei pra lua... pensei: "Lua, vem!". E lá estava ela, como uma amiga que me visita uma vez a cada dez anos, me dando atenção com sorrisos.
Em casa, nós chegamos com os dentes à mostra. E o papo foi alongado noite a dentro. Até o momento em que Gamela lembrou de uma "visão" que ele teve lá na pedra, noutra ida ao local.

"Eu tava cortando lenha pra fogueira, aí uma mulher toda de branco com um véu no rosto veio saindo de dentro dos matos em minha direção". "E aí?!", em coro. "Dei um grito alto, disse 'não venha não', com  foice na mão, me assustei e cai pra trás de cima da pedra onde estava. Me acharam no chão, todo fudido, escoriado... foi horrível!"
Gama é muito legal. Deixou a gente curtir a maior noite do ano sem implantar noia de malassombros na cabeça... :D Ele é essa silhueta, perto de Jorge, com o isqueiro.

#valdívia costa

16 de março de 2011

INVEJOSOS

AUTOR - Nada de dramatizar a vida com seriedade. Este parece ser o lema do Hessegé, que tem formação clássica em La Cambre Academia de Artes. Defensor da ironia e irreverência na pintura. | imagem: Hessegé

# Sinto tua inveja fedorenta virando meu complemento, minha salada de folhas podres. As tuas investidas fracassam porque eu também o admiro e queria que nada desse certo na tua vida antes que, na minha, isso já fosse fato.

Das vezes que desejasse algo meu não fui tão cego que não tenha notado, mesmo que de soslaio. Apenas não pronunciei o que catei com esses olhos que tanto consideras fechados. Passei cabisbaixo e julgasse que era submissão. Engano ou desvendamento?

Agora surjo, quase em alto-relevo, no teu medo. Levantando um pé, engigantecendo meu tamanho real com a tua insegurança bailarina, rodopiante, de um braço só, eu esmago teu equilíbrio de tripé manco.

Apesar de pequeno, inseto chistoso, tua picada irrita. Verme... só ameaças uma maldade que desejas executar, mas a covardia o rende. Ficas na parede. Meia face oculta, meio sorriso mordaz. Das negações levas rajadas em chumbo de ira e pousas ao lado da pia de pratos ou do lixeiro.  

Tenho algo mais pra ti, além desse rancor seco de perdão perdoado. Um presente pelo passado em carne viva... Escolhe teu suvenir no sanitário, já que nem vales nada, nem nada sou pra ti, azeda obscuridade.

#valdívia costa

4 de março de 2011

OUTRO PAIDALUAZINHO

HABITAT - Ave rara escolheu a Paraíba para procriar e terceira geração começa a aparecer. | imagem: Aramy Fablício
# Um pássaro raro, de jeitão diferente, escolheu a Paraíba para reproduzir-se. Parece que a empreitada dessa ave, o famoso Pai da Lua, está dando certo. Sua terceira geração nasceu. O que esse pássaro vê na lua pra ficar "em pé" nos tocos, olhando pra ela? Será uma ave boêmia, que se inspira no nosso satélite para criar?

A aparição midiática do primeiro pássaro dessa espécie, chamada Urutau-comum (Nyctibius griseus), na Paraíba foi há dois anos. O Pai da Lua mais velho aparecia todo protetor com o filhotinho, nas fotos. A ave conseguiu procriar próximo a um viveiro de saguis graças ao ambientalista Aramy Fablício, de Fagundes, região metropilitana de Campina Grande. Ele nos relatou aqui no blog sua saga no post O PAI DA LUA CRESCEU!

Lá em Fagundes, ele escreveu essa história de amor e dedicação em troca de nada material, apenas para salvar a fauna. Aramy aprendeu com a avó a identificar o canto do Urutau. "Não era horripilante como parecia", garante o ambientalista. Devido aos gritos fortíssimos, monossilábicos (groaa), repetidos de 10 e 20 segundos, ele ficou curioso por descobrir mais sobre a ave que alimenta-se de besouros e morcegos.

Alguns estudiosos descrevem a ave como da família dos nictibídeos, presente da região da Costa Rica à Bolívia, em todo o Brasil, Argentina e Uruguai. Chegam a medir 37 centímetros de comprimento.
 "A ave tá lindinha. O pai agora é o filhotinho da outra história (foto acima). Eu o conheço pelos pigmentos no peito, como digitais. Sempre um tem diferença dos outros e aquele pigmento é o mesmo. Morei próximo da criatura 41 dias e fiquei 30 com a ave com o ovinho", afirma Aramy, que prometeu enviar fotos da mais nova representante dessa família logo que o pai dela liberar.


ÁRVORES DE FAGUNDES
Outra batalha que Aramy está envolvido é com relação às árvores. Recentemente, a prefeitura de Fagundes mandou retirar todas as árvores ao redor de uma velha praça para reformá-la. Ao protestar pacificamente com faixas pedindo para não materam a flora, o ambientalista foi impedido de continuar por seguranças da prefeitura.

"Eram árvores crianças em relação às palmeiras imperiais do Jardim Botânico no Rio de janeiro, que tem mais de 500 anos; e às oliveiras no Jardim das Oliveiras, onde muitas estão com mais de 2 mil anos. Estas árvores cetenárias eram crianças e eram bem saúdaveis", diz.

Aramy acusou os seguranças e um funcionário da prefeitura de tê-lo agredido e denunciou o caso à polícia. A praça nova está lá, "um pedaço minúsculo para o valor milionário da placa com os serviços patrocinados pelo Governo Federal". Sem as árvores que poderiam durar milênios...
#valdívia costa