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4 de fevereiro de 2015

ASSESSOR, PARA QUÊ?

A união entre três profissionais é o que faz uma boa assessoria | Imagem: Escola São Paulo
Por Valdívia Costa

“Cada dia fico mais famoso e preciso de alguém para colocar notinhas nas colunas sociais ou até mesmo falar bem de mim nos jornais. Acho que até já sei quem vou contratar... Aquele jornalista da rádio...”

“Durante o evento, siga-me onde eu for, registre todas as minhas falas. Depois faça uma matéria e envie tudo para a imprensa do Brasil. O mundo precisa me conhecer...”

“Depois que você fizer essa cobertura aí, pegue aquele microfone ali do cinegrafista que está filmando o evento e entreviste os participantes. Todos os 50 precisam falar...”

“A gente vai fazer uma reunião sobre os trabalhos para este ano. Convoque uma coletiva de imprensa para que todos saibam que voltamos ao batente (cof, cof, cof...).”

“Não deixe de registrar nossas acionistas, todas são queixosas porque não saem nas fotos...”

“Ah, já está filmando?” (Apontando para a máquina fotográfica...)

Essas e outras falas são comuns no meio onde trabalho. Sou assessora de imprensa. Uma função que vem se modificando ao longo dos anos, adquirindo nuances mais estratégicas. Todas essas falas foram realmente ditas a mim, durante alguns trabalhos que desenvolvo com empresas e eventos.

Muita gente entende a profissão de assessor de imprensa como uma distorção do trabalho do jornalista. Deduzem que o assessor seria um tipo de profissional “vendido”, que em nada contribuiria para o jornalismo, cidadão e comprometido com todas as classes. O que o profissional dos bastidores da comunicação pode fazer para esclarecer melhor suas funções é se capacitar em gestão para ser um estrategista.

A ampliação das atividades das Assessorias de Imprensa nos últimos anos levou o jornalista a atuar em áreas estratégicas das empresas. Antes um profissional muito mal pautado e remunerado, hoje o assessor torna-se um gestor de comunicação. A integração de outros profissionais como relações públicas, propaganda e publicidade foi o que criou novo olhar sobre a profissão.

Uma boa assessoria atualmente clama por uma equipe multifuncional e eficiente. O perfil desse profissional mudou tanto que muitos assessores andam carregados de equipamentos, visitando parceiros, pegando falas e imagens das mais diferentes fontes internas. Agora temos que posicionar as organizações estabelecendo uma interlocução com ética e responsabilidade social. As instituições e empresas, por sua vez, têm que se comprometer com os valores da sociedade junto aos seus mais diversos públicos.

Terceirizar - As organizações podem contar com equipes de assessorias de comunicação internas ou terceirizadas. Para se ter um setor de comunicação funcionando para uma empresa não é mais nem necessário que o profissional esteja nela ou seja vinculado trabalhisticamente a ela. Atualmente atuo para uma microempresa e é o melhor período na minha vida profissional. Livre de muitos males que assolam algumas instituições mais antigas ou tradicionais, as microempresas dão o tom do trabalho que é hoje desenvolvido em assessoria.

Criar um plano de comunicação que atenda não somente a imprensa com notícias, mas outros públicos, internos e externos, com comunicação, é desafio. Aí entram todas as características desse trabalho, como estabelecer uma imagem comprometida com os seus públicos, criar canais de comunicação internos e externos que divulguem os valores da organização e suas atividades, desenvolver uma relação de confiança com os veículos de comunicação, entre outras.

Preparo - Mas tudo isso esbarra num grande muro, às vezes até intransponível: a orientação do assessorado. Todas as ações modernas e atuais do jornalista-assessor terão maior chance de sucesso, quando o assessorado estiver bem orientado sobre como os veículos de comunicação funcionam, como os jornalistas atuam e quais as características de cada mídia.

Nas relações assessorado-imprensa-cliente o que vale é a credibilidade. A ética é a guia de todos. Porque para o jornalista de redação, a matéria-prima de seu trabalho é a informação. Cabe ao assessor transformar um fato institucional em notícia. E ao assessorado só resta entender o que essas duas partes precisam, atender a pauta e tentar repercutir um retorno com sua fala. O positivo só vem quando todas as partes se unem sem restrições.

Ajuda na formação do texto: Fenaj

Conceito - O que é Assessoria de Imprensa? Serviço prestado a instituições públicas e privadas, para o envio frequente de informações jornalísticas dessas organizações aos veículos de comunicação. Jornais diários, revistas semanais, mensais, especializadas, emissoras de rádio, agências de notícias, sites, portais de notícias e emissoras de TV são os meios para os quais o assessor produz notícias.

No Brasil, quem costuma coordenar esse tipo de serviço são profissionais formados em jornalismo, que determinam o que é ou não notícia para a imprensa. Se algum veículo de comunicação se interessar pelo assunto divulgado pela assessoria de imprensa, a notícia será publicada ou gerará entrevistas gratuitas.

Chamamos de mídia espontânea a que não se paga pela publicação. A assessoria trabalha para conseguir esse “convite”. A nossa atuação atual nos faz ocupar outros espaços, como blogs e mídias alternativas e engajadas. É um jornalismo mais amplo, com o aparecimento das novas tecnologias. Acredito que a atuação do jornalista multimídia é inevitável. Irreversível. Parte desse aprimoramento profissional decorre dessas novas ferramentas.