31 de março de 2009
*opinião - A IMPOTÊNCIA DA FALA - Bráulio Tavares
paraibano Augusto dos Anjos - Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu na Paraíba em 1884 e faleceu em 1914 aos 29 anos
Reza a lenda que Olavo Bilac, então nos píncaros da glória, esnobou Augusto dos Anjos, a quem sequer conhecia, quando circulou a notícia da morte do poeta paraibano. Ouvindo alguém lamentar o falecimento do autor do Eu, Bilac perguntou quem era ele. O interlocutor recitou-lhe um soneto de Augusto, e Bilac, dando de ombros, jogou sua pá-de-cal: “Se o que escrevia era isso, não se perdeu grande coisa”.
Parece difícil conceber dois poetas mais diferentes, mas ninguém é tão diferente que não-pegue-nem-uma-letra. Augusto era da geração pós-Bilac, e ávido leitor de poesia. Pelo menos um tema (e um tema íntimo, delicado) era comum aos dois: o tema da impotência da fala, da incapacidade de exprimir os pensamentos e sentimentos mais intensos. Um dos poemas mais famosos do Rei dos Parnasianos é o soneto “Inania Verba”: “Ah! Quem há de exprimir, alma impotente e escrava / o que a boca não diz, o que a mão não escreve? (...) O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava; / a Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...” O jogo de polaridades e antíteses, um dos fortes de Bilac, poucas vezes foi tão belo quanto aqui. E ele próprio talvez lesse com perplexidade mas com respeito versos como os de Augusto em “A Idéia”, a qual vem, “tísica, tênue, mínima, raquítica; / quebra a força centrípeta que a amarra / mas de repente, e quase morta, esbarra / no mulambo da língua paralítica!”
carioca Olavo Bilac - nasceu em 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro, e faleceu no dia 28 de dezembro de 1918 no mesmo Estado
(...)
LEIA O RESTO EM BRÁULIO TAVARES
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