7 de abril de 2009
*opinião - Um espetáculo que enche os olhos - Leidiane Alves
RENOVADO - peça que se baseia na obra de Guimarães Rosa tem direção do dramaturgo paraibano Luiz Carlos Vasconcelos | imagem: Google
Por Leidiane Alves*
Desafiando a força do tempo, o espetáculo Vau da Sarapalha ao longo de 17 anos continua encantado aos que já assistiram e aos que pela primeira vez veem o espetáculo. Diante de tantos detalhes preciosos, que ao longo dos anos foram garimpados, revistos e repensados, num anseio de levar aos atores e ao público, a sensação ao ver a peça é de ser única cada apresentação.
Como parte dos que viram pela primeira vez o espetáculo posso dizer que a sensação que nos dá, se é que o brilho do espetáculo lhe dá a chance de sentir algo, é encantador, mágico, único! O público se encanta desde o primeiro olhar para o palco. O cenário lhe suga as atenções. A trilha sonora, criativa e simples, lhe atrai os ouvidos. E no decorrer da apresentação, a expressividade corporal dos atores nos faz temer, piscar os olhos, com receio de que perderíamos mais alguma surpresa.
É difícil acreditar que um mesmo grupo de atores possa existir num mesmo espetáculo ultrapassando uma década. No entanto, ao assistir Vau da Sarapalha, você passa a se perguntar como que se pensou em algum momento encerrá-lo. O que presenciei não foi apenas uma apresentação cênica, envelhecida com o tempo ou amadurecida pelos atores. Mas sim uma espécie de luta dos atores com eles mesmos e com a própria história, num enredo único, mas que contraditoriamente, distinto a cada apresentação.
O sucesso do espetáculo fica ainda maior quando, ao término da apresentação, os atores, numa roda de diálogo, passam a interagir diretamente com o público. Num momento singular, o qual em meio a inúmeros elogios surge da platéia aqueles que acompanham a peça de outras apresentações, como é o caso do professor da UEPB, Luiz Custódio. Ele diz ver nessa nova fase da peça um amadurecimento das cenas, mas principalmente dos atores. “Vi o primo Argemiro (personagem de Nanego Lira) amadurecer e envelhecer junto ao personagem. É maravilhoso!”, avalia Custodio, que comparou o espetáculo a um vinho, “quanto mais envelhece, melhor fica”.
Enredo – Numa adaptação do conto Sarapalha de João Guimarães Rosa, Vau da Sarapalha conta a história de dois primos (um deles apaixona-se pela mulher do outro). Refugiados numa região do sertão, e vítimas da malária, esperam a morte chegar, prestando contas ao passado. No elenco, como o primo Ribeiro, Everaldo Pontes. Nanego Lira faz o primo Argemiro, Servílio Holanda interpreta o perdigueiro Jiló. Já Soia Lira faz a Negra Ceição e o músico Escurinho, o Capeta. A nova apresentação da peça tem direção de Luiz Carlos Vasconcelos.
--------------------------------------------
*Leidiane Alves é estudante de Jornalismo (UEPB)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário