TERAPEUTA - Muitos assistiram ao filme "O encantador de cavalos", com Robert Redford. Na Fazenda Tamanduá existe "O homem que fala com as vacas" | imagem: Jornal Tamanduá
Encontrei essa do Sertão paraibano. Um vaqueiro nada convencional. A figura do vaqueiro, o homem que cuida das vacas, me era, até então, cercada de preconceito. Achava que todos lidavam com as vacas com extrema rudeza. Mas tem um sertanejo dando uma de tarapeuta com as vacas. Dizem que a produção leiteira pode até diminuir com a aposentadoria dele.
Trate-se de Raimundo Vigolvino Nonato, S. Galego. Ele é conhecido assim, até pelos proprietários da Fazenda Tamanduá, que em breve será conhecida pela biodinâmica instalada na propriedade. Mas S. Galego vai se aposentar e deixar a Fazenda. Por isso, os seus ex-patrões resolveram homenageá-lo, já que ele mostrou um jeito diferente de tratar das vacas leiteiras.
Na homenagem, S. Galego é citado como um vaqueiro que conseguiu ter um "relacionamento excepcional com o seu rebanho". Isso é que é alegria de viver. Ser um "chegado" dos animais e conhecer pessoalmente as 200 vacas que cuidou. Segundo os ex-patrões, ele sabia a genealogia de cada uma vaca, bem como as suas caracteristicas leiteiras, vícios e qualidades. Acompanhem o histórico:
Irmão de Severino, Galego começou a trabalhar conosco em 1990. Aqui ele encontrou Alan, o recém formado veterinário. (...) rapidamente estabeleceu-se uma cumplicidade (entre o vaqueiro e o veterinário) que foi das mais produtivas para a fazenda e o bem-estar do rebanho.
Mas o grande feitio de S. Galego era o seu jeito com as vacas. Com certas delas, ele mantinha uma verdadeira amizade, como Marionete. Manejando o gado com calma, sem gritar nem bater, ele está deixando um rebanho pacato, que confia no homem e faz a admiração de cada visitante. Afinal, o gado é o reflexo do vaqueiro. Vaqueiro manso é igual a gado manso. Vaqueiro brabo tem um gado brabo.
Achei isso tão bonitinho. O reconhecimento de maneira campal, simples, como eles são, em plena rede global de informação. Que possamos 'copiar' esse modelo de relacionamento entre homem-animal e homem-homem também, pois o proprietário da Fazenda é quem faz os agradecimentos ao vaqueiro e o coloca na Web.
Fiquei feliz em saber dos dotes linguísticos transcedentais do vaqueiro, mas triste por ele não ficar mais em contato com as vacas. Segundo a homenagem, S. Galego deixa na Fazenda Tamanduá três filhos, Maciel (vaqueiro), Neto e Raimundinho (tratoristas) e três filhas, Margarete, Marta e Márcia. Será que algum deles aprendeu o dialeto vaquês para continuar assistenciando as vacas da Fazenda ou as bichinhas vão ficar sem um humano para entendê-las???
Um comentário:
Também conheço, em quase todos os locais de Portugal, muitos "vaqueiros" que falam com as vacas.
Aliás nem poderia ser de outro modo.
Como é que se entenderiam?
(só uma explicação.
Vaca, por cá, também é sinónimo de "menina de programa")
Um abração.
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