FOLGA - Depois de tentar entender uma população interiorana com suas imposições religiosas e de concluir suas análises filosóficas, Lívia descansa na praia, tomando sua caipirinha enfeitada. | imagem: Zeca
VALDÍVIA COSTA
Lá foi Lívia, escorregando de cuidados pelos degraus da igreja matriz.
Horas parava para olhar as mulheres,
organizadas em filas.
Tudo limpo. Como seus olhos tristonhos.
Lívia estava em plena procissão de um santo de uma cidade pequena.
Misturada ao povo, olhando a fé, as devotas, freiras, padres...
a filha que pensa, mas inexiste.
E, lá, Lívia, com um dos fones de ouvido estourando um Tony Allen.
De tempos em tempos, ela variava para Portishead...
O povo cantando aqueles cantos religiosos, as loas,
E Lívia lá, viajando noutro mundo,
mas antenada nesse.
Pelo iPod, junto com os sons sinuosos e mântricos das cantoras da igreja,
uma fusion de sons e ritmos a fizeram suar feito pano de cuscuz.
Lá caiu Lívia na realidade.
Sem se sentir a encomenda do Diabo,
ela saiu da procissão e ficou acompanhando,
preguiçosa e divorciadamente, o cortejo religioso.
“O povo só sabe acreditar, desejar, querer...
tem vontade demais neles,
um transbordante desejo que expulsa a realidade.”
Achou melhor pular essa nova pasta de música...
o som não tinha nada a ver com passeios analisadores religiosos.
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