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23 de abril de 2010

EXTERIORES DESCONCERTANTES


REAL - É o consumo que transforma o homem em cego para que não enxergue quem, de fato, está vivendo a vida sem nada do que achamos indispensável. Texto novembro de 2002 reeditado. | imagem: Valmir Gamela

VALDÍVIA COSTA

Se fôssemos feitos de dentro pra fora, talvez não precisássemos nos enganar com falsas modéstias ou elogios materialistas. Talvez apenas sentíssemos que o que mais nos une ou nos separa são nossas frágeis intenções. E como elas são imperceptíveis! Ninguém as mostra com tanta facilidade. Ninguém as fala para que saibamos com quem estamos lidando.

Como é difícil medir o tamanho de um sentimento. É complicado saber onde começa uma vontade e onde termina a desconfiança. Por isso, nós substituímos as relações fluentemente naturais pelas relações de troca. O modelo de cidadão honesto já não cabe mais nas propagandas. Quem preserva o meio ambiente é agredido por não usar saco plástico. Agora o esteriótipo humano vigente é do grande e implacável consumidor.

Ele é moderno, antenado com tudo, vive online e gastando o que ainda vai ter para parecer dono do que todos fingem possuir. O mundo capitalista projetou o ser humano à alturas que ele nem consegue subir sozinho. As pessoas se vestem de malícias alimentando uma ilusão do status que individualiza, o de pisar o outro para ficar maior.

Então o modelo ganha uma capa revestida de esnobismos, sapatos de alturas egocêntricas e adornos fantaciosos, retratando a pura e maltraçada futilidade. E pensar virou uma tarefa enfadonha para seres tão acelerados, tão ocupados de nada, tão impressionados com cores e refletores. E o amor hoje tem uma conotação simbólica, parecida com os sorrisos pintados de pedrinhas de diamantes, usados pelas putas universitárias.

Até o sexo se modificou dentro desse contexto de vida supérflua. Os corpos moldados de acordo com o mito que a mídia talhou: mais massa corpórea, menos encefálica. Afinal, onde tem uma massa, a TV tem de estar teleburraguiando-a. Tudo está embutido num único senso, o da aparência, e o comum é ser comum.

Mas não menosprezemos assim esse novo ser humano, que terá mente ciborg e corpo de carne e osso. O sociólogo, jornalista, doutor pela Oxford University e professor titular da Unicamp, Laymert Garcia dos Santos, me mostrou um olhar sobre a modernidade que expõe bem essas contradições e conflitos. Tudo começa pelas relações entre o que nos forma e como chegamos a essas informações. Assistam essa instigante palestra de um diagnóstico inquietante sobre o futuro dos seres humanos.

MODERNIDADE E A DOMINAÇÃO DA NATUREZA

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu conheço a sociedade. Muitos nao ajudam e a maioria ignora, como nao fosse um ser humano. Parabéns pela sua semsibilidade!

Aramy Fablício - ambientalista Fagundes-PB