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21 de abril de 2010

TRISTEZA ENCADERNADA


SÓ - Descoberta da solidão e exploração de uma tristeza sem fim para deleite de um caderno que vive às cascas atrás de suspiros... um brega texto de abril de 2002. | imagem: Val da Costa

VALDÍVIA COSTA

Hoje, eu encheria cadernos de desconsolos. Gastaria mil borrachas apagando esse tédio triste. Até as canetas secariam, esgotáveis, de tanto descrever dores. Minha alma transborda uma tristeza que choveu a noite toda... alagou meu dia, escorreu, mansa e insistente, por dentro de mim... foi descendo, em dasarmonia com a alegria de ontem até encher de vazio o meu interior. Um oco que deixou tudo repleto de nada.

Ah, se fosse só de solidão essa agonia infinita que estrangula meu sorriso. Seria fácil resolver a insatisfação que circunda minhas horas. Meu estranhamento do mundo é pela exclusão do meu sonho. Lá, nesse canto só de um, ele foi posto numa redoma, como matérias frias que ficam em stand by.

(Uma gaivota fez uma curva desgovernada no céu e cobriu-se nas nuvens, deixando a paisagem de vidro e concreto menos viva.)

Eu chego até o vidro que separa meu sonho de mim, escorrego as mãos em desatino, buscando a porta que me leve até o que projetei pra mim. Mas não há mais forma de transportar-me pra lá. E fiquei de fora do sonho que eu mesma fiz. Então joguei-me na enxurrada que submerge-me em folhas brancas de papel.

Dissertei sobre essa angústia durante algumas horas. Depois vou prendê-la com um simples fechar de caderno. E recomendo para que ninguém leia. São sentimentalidades não recomendáveis. São feias e murchas essas palavras trancafiadas no meu abandono.

Um comentário:

Iara De Dupont disse...

Adorei o texto ! Se puder me visite, http://sindromemm.blogspot.com
Valeu!