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17 de julho de 2009

*fotografia: SÍMBOLOS DA PEGA DE BOI DO CARIRI



Texto: Valdívia Costa | Fotos: Antônio Ronaldo

Faremos uma análise superficial, nada científica, de imagens dos vaqueiros do Cariri num esporte rural chamado Pega de Boi. Pode-se dizer que são algumas leituras semioticistas, como a do mestrando em Linguística Aplicada, da UECE, Francisco Edmar Cialdine Arruda. Pensamos em destacar ambientes não comuns de se expor ou induzir ao aprendizado artístico.

Observamos que os ambientes comerciais que expõem artes em suas dependências são como salas de aulas voltadas à educação cultural, visto que o contato com uma obra artística faz os sujeitos se informarem sobre arte. No caso da exposição do audiovisual ou de imagens, esse tipo de incetivo poderia criar uma espécie de letramento visual do que se tem como oferta artística. E o que seria isso?

Partindo de observações do educador Paulo Freire, esse termo letramento surgiu de uma sugestão dele, ao indicar que, muito antes de aprendermos a ler as letras, nós já éramos leitores do mundo, já líamos o céu cinza indicando chuva etc. Já o letramento visual é parte de uma linguagem que descobrimos através dos signos que vemos e classificamos como símbolos. Partindo daí, a arte visual hoje está em restaurantes, bares e outros pontos comerciais e educa para a cultura na medida em que apenas se apresenta num lugar incomum a essa prática.



Um exemplo de ponto comercial que está promovendo um aprendizado desse tipo é o restaurante Mororó, na Rua Desembargador Arquimedes S. Maior, no bairro da Palmeira em Campina Grande-PB. Além de reproduzir um ambiente tipicamente regional, cheio de signos regionais, também está mostrando ícones dessa cultura rural, como a vegetação cactácea ou um desenho rupestre copiados das pedras caririzeiras. Mas o que está chamando a atenção dos visitantes ultimamente no lugar é a exposição fotográfica Pega de Boi, do fotojornalista Antônio Ronaldo.

As imagens expostas no restaurante foram feitas na cidade de Zabelê, no Cariri paraibano. Ronaldo teria ido fazer umas fotos das paisagens locais e descobriu o esporte. Ao contrário da vaqueijada, na qual o boi acaba sendo pego porque não tem chance de defesa, a pega do boi é feita em mato aberto, local onde o animal consegue, muitas vezes, driblar o vaqueiro. Percebendo que se tratava de uma ritualística tradicional e notando a quantidade de signos que o esporte revela, o fotojornalista fez o ensaio que já foi exposto antes do Museu de Artes Assis Chateaubriand.



Expansão - Essa linguagem visual abordada pelo olhar sensível de Antônio Ronaldo é de fácil assimilação para qualquer pessoa devido ao apelo visual. Cercados pelas vegetações espinhosas ou banhados pelos sol escaldante do Cariri, os vaqueiros ganham força, resistência e são personagens que despertam a curiosidade. Devido a essa forte indicação, a mensagem nas fotos, de que o Cariri possui características da cultura popular como uma tradiconal competição, pode atrair olhares até de pesquisadores.

A linguagem visual vem ganhando cada vez mais espaço pricipalmene com o advento das novas tecnologias de produção de textos. Hoje, mais do que antes, a imagem precisa casar bem com um texto, que já é de formatação eletrônica, o hipertexto, como este do blog. E pra que saber de tudo isso? Porque somos seres humanos exploradores e descobridores de novas formas de comunicação. Como bem observou Francisco Edmar Cialdine Arruda:

Estudar a linguagem, o signo e seus sentidos é muito mais do que entender 'significante e significado' de Saussure, é estar atento às várias maneiras e modos com os quais nos comunicamos. A fala aliada aos gestos e ao tom de voz, as roupas que usamos, tudo pode dizer muito mais do que parece porque a linguagem faz usos de várias modalidades semióticas em maior ou menos grau. Esta é a Teoria da Multimodalidade, base da Semiótica Social. É o campo de estudo que vem chamando a atenção de muitos pesquisadores, a ponto de hoje discutirmos a importância do 'letramento visual' para a educação.




Se compararmos as escolas da atualidade a embientes comerciais como este restaurante, algumas vezes até notamos uma total ausência dessas instituições educativas no incentivo à criação de novos ambientes de leituras e linguagens. Todas as linguagens que se fizer da vida, das coisas que a compõem, são importantes para a formação do indivíduo. A EXPOSIÇÃO SEGUE ATÉ O FINAL DE JULHO.






Antônio Ronaldo é formado em Tecnologia Gráfica pelas Escolas Theobaldo de Nigris e Felício Lanzarra-SP e em Jornalismo pela UEPB. Além de atuar no jornalismo diário na PB, onde trabalha as temáticas sociais, desenvolve projetos documentais na área de cultura de tradição oral e ainda produz imagens para publicações voltadas para turismo.

3 comentários:

Unknown disse...

Estou aqui para fazer-lhe uma proposta, que eu considero interessante.Também sou TOP 100 e estou concorrendo na categoria "VARIEDADES" e estou na campanha "UM VOTO POR UM VOTO".O legal disso tudo é essa interação,eu conheço seu blog e vc, o meu.Já votei no seu e sei que também que receberei seu voto.
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Obrigada

Braulio Filho disse...

Imagens melíssimas que retratam com muita energia e cores vigorosas um pouco da cultura do nordeste. Um viva para AR.

ed disse...

fico feliz em ter ajudado em suas reflexões. De fato é importante divulgarmos como a linguagem visual tem feito diferença em nossas interações sociais hodiernas.