6 de julho de 2009
*homenagem - ZABÉ DA LOCA É O MÁXIMO
Texto e fotos: Valdívia Costa
Entre artistas consagrados como Lenine, Milton Nascimento, Leci Brandão e Alcione, a caririzeira Zabé da Loca foi a revelação do Prêmio da Música Brasileira aos 85 anos de idade. A artista popular que morou a vida inteira numa loca (gruta), criando seus filhos e tocando pífano pra ilustrar as caminhadas nas matas do Cariri paraibano, foi aplaudida de pé na noite da entraga do prêmio.
A trajetória de Zabé começou como a maioria dos artistas populares, quando ela ainda era criança, aos sete anos, em Buíque (PE). Mas só aos 79 anos a então desconhecida Zabé fez uma apresentação num evento do projeto Dom Helder Câmara e surpreendeu. Seu primeiro CD chegou neste momento, inserido na série Cantos do Semi-Árido, criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Em 2008, ela gravou “Bom Todo – Zabé da Caverna para o Mundo”, que lhe rendeu o prêmio entregue na última quarta-feira no Rio de Janeiro.
Zabé da Loca ainda mora no assentamento Santa Catarina, em Monteiro (PB), mas numa casa no pé-de-serra onde ainda existe a loca que ela morou. A musicalidade dos pífanos é a cara de Zabé. Tive a oportunidade de fotografá-la em 2006, para um trabalho acadêmico da jornalista Fernanda Souza. Mulher corajosa, que enfrentou várias situações adversas, mas que sempre enfeitou a trajetória com o toque do pife.
Trajetória
O primeiro trabalho de Zabé, um CD que leva o nome da artista, foi realizado pelo MDA em parceria com o projeto Dom Helder Câmara, com produção da Fundação Quinteto Violado. Gravado em um estúdio móvel, no assentamento Santa Catarina, o trabalho foi lançado em dezembro de 2003, no Sertão do Pajeú (PE). No repertório, clássicos do cancioneiro popular, como “A Briga do Cachorro com a Onça”, “A Música do Sapo” e “Marcha da Procissão”.
O segundo disco, “Bom Todo – Zabé da Caverna para o Mundo”, foi gravado no Recife (PE), pelo selo Crioula Records. Com apoio da produtora Lumearte (RJ), o trabalho tem arranjos, direção artística e musical de Carlos Malta. “Bom Todo” traz a galopada “Queima”, faixa que registra um duelo de pifes entre Zabé e seu parceiro Manoel Leite de Melo, o Beiçola, o músico de mãos tortas que faleceu em 2006.
As músicas têm acompanhamento de Rivers Douglas (zabumba), Pitó (prato) e do neto de Zabé, Junior (tocando caixa). Fazem participações especiais os músicos Maciel Salu, filho de Mestre Salustiano, e Cacau Arcoverde.
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7 comentários:
Verdadeiramente admirável!
Uma extraordinária lição de vida!
Aplaudo de pé a ambas.
Tudo de bom.
zábe da Loca
Edson Bueno de Camargo
és como foi minha avozinha
lenço amarrado na cabeça
olhos grandes de olhar comprido
destes que devoram tudo com carinho
e cuidado
gente de granito e pés suaves
mesmo para trilha de pedras
muheres com dobras e rugas
quase uma centena de anos cansados
rostos com sombras
e o dedo com o osso apontado
mulheres de parar o vento com o silêncio
e mover pedras com o sussurrar
constroem casas com barro
cacimbas no seco
donas da terra e da água
e aproximam o ventre do ar
senhoras que vestem o mundo
e tecem com os panos
e fiam o algodão das nuvens
ai que os anjos esfarrapados da caatinga
os anjos vaqueiros e pascentadores de bodes
os anjos moleques a tramar travessuras
os anjos de todas as partes e os afogados
e o louco poeta na margem da metrôpole
todos param para ouvir
um pedaço de cana soar as trombetas do céu
Edson!!! Estava pensando a mesma coisa. quando vi teus versinhos!!
Uma vozinha que encanta o mundo com o sopro do coração!!
Dale Zabé!!! "Boa toda".
Mais uma artista descoberta tardiamente .
Mas nunca é tarde demais.
assisti hoje 10/10/2010 a reportagem no globo rural que maravilha de pessoa que exemplo de vida.
achei muito engraçado quando ela (Zabé)falou que tocar prejudica o pumão e o cigarrinho não(ha ha). esta vovozinha tambem faz lembrar a minha que faleceu aos 93 anos sempre disposta e firme no que pensa . tambem me fez lembra a violinista aki do sul (pantanal) Helena Meireles . coisas lindas assim é que presisa ser mostrado para os brasileiros fiquei emocionado e olha tenho 60 anos vividos. abraços.
É, gente, Zabé é a rocha em pessoa!
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