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26 de agosto de 2009

*opinião - Vida, pluralidade e sentimento


"É pior cometer uma injustiça do que sofrê-la, porque quem a comete transforma-se num injusto e quem a sofre não." Sócrates | imagem: Consciência

Por Valdívia Costa

Ao contrário do que você pensa, a vida é plural. Não existe um tipo só de ser vivo na Terra. E se existe mais de uma forma de vida é interessante analisar os modos de viver enquanto espécie humana. Por raciocinar, falar e andar, o homem deveria classificar, comunicar e se locomover sem danos à natureza e aos outros. Mas essas características humanas pouco têm ajudado na evolução natural do planeta.

Elas têm servido muito, mas aos próprios seres humanos, que agora se vêem como detentores do poder de pensar, o que os torna individualistas ao ponto de menosprezarem as relações com pessoas de classes sociais diferenciadas. Em relação aos animais e às plantas, outros seres vivos, a diminuição chega a ser preconceituosa, criada a partir dessa ideia nunca dita, mas reforçada pela falta de defesa, que é o molde de ser superior, imaginado pelo homem materialista, ganancioso e dissimulado.

Somente pelo racioncínio e fala humanas pudemos chegar a esse pensamento universal de diminuição das outras espécies vivas. Além de usarmos a natureza de forma irracional (mesmo sendo racionais), nossos comportamentos e pensamentos, até mesmo em relação a outros seres humanos, não são dignos de serem debatidos tamanha é a falta de uso dessa nossa racionalidade.

É como se o humano enxergasse apenas sua singularidade no mundo. Salvo as experiências pessoais de cada um, a impressão que temos é que pessoas muito parecidas na forma de pensar não conseguem apreender conceitos diferentes dos que essa vida isolada já conseguiu captar.

É natural vermos, muitas vezes, os próprios irmãos de uma mesma família discordarem em pensamentos e atitudes. Se a vida tivesse um sentido plural para todos os membros desse clã, com certeza eles conseguiriam chegar a um entendimento e aceitação do diferente, tão presente no cotidiano.

Como alguns encontraram razões de sobra para serem "felizes" com o dinheiro norteando suas ações e outros nem conseguem sequer se auto-sustentarem financeiramente, evidentemente cada um vai criar o seu discurso de defesa da sua própria maneira de viver. O homem que vê no dinheiro a solução para todos os problemas da sua vida, não vai conseguir se relacionar com quem não tem a mesma filosofia. É uma comunicação de mão única.

Já o que cresceu e vive entendendo o que são necessidades materiais, este poderá seguir dois caminhos: o da pessoa cheia de valores imateriais como argumento de vida pela carência material ou o que perde esses valores de vez e faz da sua vida uma tormenta para ter o que o outro tem e ser o que o outro é.



De uma forma ou de outra, o indivíduo sofre uma compressão mental que o faz optar por estilos de viver. Surgem as nossas diferenças em relação a nós mesmos e em relação a outros tipos de vida. Surgem também as exclusões, os isolamentos e os atritos ideológicos. Um sujeito materialmente formado não vai "perder" seu tempo, que vale dinheiro, numa conversa dessa com um outro tipo de profissional que aparentemente "ganha" menos que ele.

Os valores são relacionados ao suporte material do profissional da atualidade. O ser humano que não tem essa filosofia de vida, testa diversas profissões pela simples abertura que ele tem de se mover por entre elas. Às vezes esse sujeito age dessa forma por tentar sanar o tédio do ofício diário que não se casa ao seu perfil conquistador.

Então notamos que o apego, a aderência, a aceitação e o entendimento de vida nos dará características para sermos ou não plurais ou singulares na vida. Não o singular de ser único, mas o de não ter mais nada à volta que o envolva num ciclo social diferente do seu profissional.

É como ser ímpar e raro no meio de uma multidão que o copia. Ou você copiar um padrão de vida que se intitula superior a outros pela mera ilusão de estar sendo alguém, mas ser ninguém de fato. Isto porque estamos pautando nossa vida por riquezas materiais. A vida humana terrena terá um fim não porque somos existentes e tudo o que for será finalizado. Mas porque nós seremos iguais, no sentido material, devido à globalização midiática, seu poder de consumo e de persuadir massas.

E quando niguém tiver o que fazer além de acumular bens de consumo, valores imateriais como a amizade serão desnecessários. Tudo será pautado pela frieza do raciocínio humano transformado em gancho selecionador das crueldades mais requintadas. Se hoje nosso raciocínio nos permite ainda sentir em situações adversas, amanhã só teremos técnicos, concursados e o pão e o circo, que nunca faltarão como iscas para os mais desorientados.

Um comentário:

xistosa, josé torres disse...

O dinheiro é a mola real da vida e tudo compra, até a saúde ...

Quem me dera possuir um banco, rsss, rsss, rsss, nem que fosse de jardim, para apreciar a natureza.

Se todos nos uníssemos num só ideal, o que fariam as associações, os movimentos e os defensores do Planeta?

Era mais um rol de desempregados.

Temos que ser realistas.
A Terra terá um fim, penso eu e para que servirão os seres vivos quando chegar esse momento?

Que importa que sejam 50 ou 50.000 os animais e vegetais?

Por isso a vida é plural.
Uns protegem a Natureza, outros destroem-na, outros ficam indiferentes.
Será esta a pluralidade?

Sei que não é e agora mais a sério, cada um só vê o que os seus olhos querem ver.
Não há globalidade e nunca haverá.
Talvez seja preferível assim.

Mas a amizade e a solidariedade nunca se apagarão.
Pelo menos na parte que me diz respeito.

Um bom fim de semana.