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30 de novembro de 2009

*opinião - Apáticos Patetas


ISOLAMENTO - Viver e trabalhar num lugar onde se vê a cidade, as pessoas, mas só se relaciona com eles virtualmente, está se tornando uma constante na vida do jornalista de Web. Por causa do seu perfil arrojado, de abarcar várias funções na comunicação virtual, ele não se encaixa em coletivos que não sejam eficientes, não se adapta, se desinteressa, cai fora rapidinho. Aliás, qualquer um age assim quando o efeito não surge. Foto e montagem: Val da Costa

Por Valdívia Costa

Ouço vozes dos jornalistas paraibanos. Eles acabaram de realizar, pela primeira vez, a Conferência Estadual de Comunicação, que me parece ter acabado em bate-boca sindical ou qualquer coisa do tipo. Sairam da esfera do individualismo reinante e absoluto para tentarem dialogar os novos mercados.

Participei da conferência em Campina Grande, coordenando o grupo de Conteúdo dos meios. Depois que vi as mesmas caras e posturas, os mesmos discursos e a mesma falta deles, resolvi me individualizar novamente.

Diante da total falta de identificação com o perfil dos colegas e com o próprio evento, que foi democrático e parará, mas não trouxe nenhuma comunicação extraordinária além do que se acompanha nas reuniões enfadonhas e desagregadoras habituais, acho melhor investir em mim. Meus ideais solitários e empreendedores reinam agora.

Sinto-me diferente de uma classe que, verdadeiramente, só enxerga os iguais nas intenções de perpetuar o poder de lideranças que não me representam em lugar nenhum do mundo. Como o miolo de uma conferência é a sociedade civil e a própria classe trabalhadora (jornalistas e empresários) conversando sobre um assunto, pensei, ingenuamente, que seria possível ver alguma mudança significante durante esse momento de discussão na nossa área. Me enganei.

Posso estar com uma certa negatividade, mas passei para o time dos descrentes em relação a novidades no jornalismo paraibano. Pelo que pude saber, o diálogo na Capital foi, mais uma vez, tumultuado.

Para que se entenda melhor, existem dois tipos de jornalistas no Estado: o engessado nos preconceitos, na forma de trabalhar, de pensar ou de realizar o debate; e o corajoso, o foca ou o profissional com menos de 10 anos de batente, que busca avidamente uma mudança, mas sem saber bem qual delas.

Esses dois perfis vivem se degaldiando assistidos por um outro tipo de jornalista que menos aparece na cena das discussões, por isso é menos representativo, o apático. Esse tipo quer apenas garantir o seu emprego ou sustento sem refletir a nossa situação ou sequer esboçar um comentário.

Antes, eu apoiei o movimento dos jornalistas mais catadores de mudanças, o Novos Rumos. Acho que fui militante até a Confecom de Campina Grande. Depois notei que éramos vozes avulsas, sem nenhum discurso formando opinião ou força nas atitudes conjuntas.

Contudo, não acho prudente fazer coro na turma dos jornalistas parasitas (me perdoem os parasitas) que só falam, não se movimentam sem um patrão ou um padrinho. Com esse texto, acredito que nem a turma do fundão, que só faz olhar tudo e ridicularizar mais o momento (esperando o contracheque), vai me expugnar, caso eu quisesse ser como eles.

Então a única solução para quem se preocupa com uma ideologia que fugiu da profissão na Paraíba, e acredito que em todo o Nordeste, é se jogar no mundo virtual. Acredito que o meu trabalho será o único fruto incontestável do meu esforço para sobreviver como uma jornalista interessada na comunicação entre os colegas.

Aqui nesse Estado, os discursos perderam o valor diante das disparidades entre esses dois perfis profissionais, o tradicional e o moderno. O empresariado acha ótimo esse apartaide na categoria paraibana, mas eu entendo esses momentos como uma guerra entre nós mesmos. Como meu perfil não se encaixa mais nem de um lado nem de outro dessa categoria esfarelada, ficarei na blogosfera falando bem da cultura e da arte, já que os meios de comunicação excluem assunto tao importante de suas páginas.

Sei que é difícil retroceder. Afinal eu também procurei a mudança no sistema de trabalho escravista e comercial dos jornais, na apatia e anonimato das assessorias de imprensa e em tudo de comunicação que vejo faltar organização, honestidade e fiscalização trabalhista. Mas não posso compactuar com essa pasmaceira medíocre que vivemos no Nordeste, do esmagamento intelectual famigerado que acomete os jornalistas.

Minha reação é individual porque os coletivos estão dominados de gente atrasada no raciocínio, que prefere fechar acordos brandos com empresários ricos e detonar com os colegas de profissão, desvalorizando cada vez mais serviços e produtos. De certa forma, quem entrou na Confecom na Paraíba pode perceber que, com esses representantes que vão à Brasília, o jornalismo estadual precisa melhorar.

Eu até espero me equivocar, voltar aqui, com o rabinho entre as pernas, e dizer o contrário. Mas essas sentenças comunicacionais viciadas já são tão rotineiras que acredito voltar a falar do assunto sim, mas talvez em tom de escárnio.

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