18 de fevereiro de 2010
REVISTA fmq? E O MERCADO EDITORIAL
FREE - É tudo livre e independente no mercado editorial paraibano e os novos empreendimentos da Comunicação, como a revista fmq? acima, são modernos, bem estruturados, com visual atrativo e ainda são distribuídos de graça. | imagem: capa da 2ª edição
VALDÍVIA COSTA
Desde sempre, o blog De acordo com apoia o empreendedorismo na Comunicação como forma de promover o desenvolvimento dessa área que ainda é dominada por grandes corporações da informação. Por isso, mais um empreendimento comunicativo merece destaque, a bem elaborada revista Fome de Quê? (fmq?), que já nasceu independente e com distribuição gratuita.
Num formato luxuoso, com visual bonito e moderno e um conteúdo bem cultural, a revista está dando o que falar no Estado. A primeira edição conheci em Recife-PE ano passado. A publicação é toda voltada para um público regionalizado. Do Nordeste todo tem assunto de cultura. Este é o segundo empreendimento em revista que surge em Campina Grande-PB, com o jornalismo à frente e não a informação. O primeiro foi a revista Lis, que aborda o feminino e serviços.
As duas revistas são novas, mas bem profissionais, com equipes divididas entre jornalismo, comercial (marketing e publicidade) e distribuição gratuita. Isso mesmo. Temos profissionais modelos nesse mercado, que começa a despontar, mas que já consegue ter qualidade no material sem cobrar nada. Como isso é possível? É o que o Franz Lima contou, como representante do Maquinarama Coletivo Criativo, que apoia a revista.
De acordo com " - A ideia de fazer a revista Fome de quê? derivou de um projeto dos alunos do curso de Arte e Mídia (UFCG), de fazer um programa televisivo. Ela surge com algum ranço por não ter conseguido ser da TV ou está de boa, somente mostrando que o conceito de cultura prevalece em qualquer formato midiático?
Franz Lima - A fmq? é uma revista muito bem resolvida. Então, estamos de boa [risos]. No editorial da segunda edição a gente meio que fala disso, sobre a revista ser um espaço para a cultura. Na TV ou no meio impresso o "conceito fome de quê?" é o que queríamos que ele fosse: um espaço para a cultura do Nordeste.
" - Com um grupo seleto de profissionais de diversas áreas, vocês montaram um empreendimento de comunicação cultural. Como pioneiros nesse contexto, talvez até no âmbito do NE, quais os projetos pra revista fmq? Como funciona a editoria pela Maquinarama Coletivo Criativo? Conte um pouco a história do grupo.
FL - Descobrimos a pouco a revista Continente Multicultural, de Recife-PE. Quando fizemos a fmq?, a galera chegava pra gente e dizia: "cara, projeto igual a esse só vi a Continente". Mas talvez a fmq? seja a primeira que se propõe a distribuição gratuita. Espero muito que ela continue assim. Temos uma série de portas a abrir para que ela se torne, de fato, um empreendimento, já que a gente não ganha nada, monetariamente falando, pelo que faz. O fmq? coletivo criativo são todas as pessoas que colaboram com a revista, desde a pessoa que dá o bom e velho pitaco, até nós, que nos dedicamos três meses seguidos para que ela se materialize. A Maquinarama é uma tentativa de, aos poucos, profissionalizar as ações. O futuro é bem promissor. A primeira edição teve um investimento alto do nosso bolso. Um terço da revista foi paga com grana da gente, enquanto que, para a número 2, esse déficit foi de apenas 10%. Não dá para esperar que de uma hora para outra tudo dê certo. O processo é lento, mas sólido.
" - Mesmo impressa, a revista também conta com um local na internet e possui as ferramentas de redes sociais. Há algum projeto, comercial mesmo, que deixe todo o conteúdo na Web? Vocês trabalham com outras iniciativas culturais, como apoio aos coletivos e eventos culturais e artísticos?
FL - Acho muito difícil uma revista 100% digital, porque temos uma afeição enorme ao cheiro e textura do papel. Além do que, se pensarmos direitinho, o conteúdo disponibilizado on line é menos perene que o papel, o que faz da revista um documento histórico. A questão do perene é que o conteúdo on line está armazenado em uma máquina, que na maioria das vezes não sabemos onde está e que está sujeita a danos como qualquer outro computador. É difícil, mas é possível. Acho que muita gente já teve uma conta em um blog, ou conta de e-mail, que foram desativadas e o conteúdo simplesmente desapareceu. Quanto às outras iniciativas, elas estão sim nos nossos planos. Mas uma coisa que aprendemos é que não adianta querer carregar um peso maior do que o corpo aguenta. Vamos esperar a fmq? crescer um pouco mais e ter condições de apoiar efetivamente outras inciativas culturais, enquanto isso, toda iniciativa cultural pode contar com nossas páginas, tintas e bytes para se expressar.
" - É possível ser empreendedor da comunicação com uma nova ideologia de mercado, competindo sem seguir a praxe de 'matar pra sobreviver', sem explorar estagiários, sem contratar subservientes incompetentes pra não investir no profissionalismo qualificado? Qual é a forma de trabalho da revista?
FL - Claro que é. Existem milhões de empreendimentos e outros tantos milhões de práticas/ideologias de mercado. Mas antes de sermos colegas de trabalho, somos amigos que gostamos um bocado do que fazemos. Nos juntamos para fazer o que gostamos. A revista é um coletivo de pessoas que executam bem, e com autonomia, os seus ofícios. A gente discute bastante, troca ideias, mas cabe a cada diretor decidir o que é melhor para o seu setor. E é simples assim: cada um recebe o mérito pelo seu trabalho. Não há patrão.
" - Quais são os próximos passos do projeto? Há pretensão de vocês trabalharem com incentivos governamentais, visto que esses apoios têm aumentado muito no campo das publicações, impressas e virtuais?
FL - Como dito anteriormente, apoios governamentais são bem-vindos, mas não são nossa prioridade. Quanto ao futuro, a fmq? tem uma estratégia de ação definida para os próximos dois anos. Mas as novidades serão apresentadas no seu tempo senão estragaríamos as surpresas.
INOVAÇÃO - Além de cult, a revista deu destaque para muitos profissionais das artes e comunicação; bem como ressaltou uma cena comercial interessada em apoiar essas iniciativas, como o Bronx Bar. | imagem: matéria da 1ª edição.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Eu acho particularmente um projeto ousado e luminoso. Gosto da seriedade nas iniciativas e o tempo devido para a maturidade ideológica e estética de qualquer instrumento de expressão da cultura. Parabéns pra galera ae!!
Procurei mais na net e achei a versão on line no issuu.com/revistafmq. A revista não deve em nada a outros exemplares gringos que vi por lá!
Postar um comentário