PROCESSANDO - Tem dias, como hoje, que o pensamento vai longe e trafega na órbita terrestre por horas, livrando cometas e observando planetas estéreis de uma vida que conhecemos. Entramos no território anterior a esse formato material de viver para entender um pouco sobre coisas que não significam tanto, aparentemente. | imagem: Sue Dias
Da boca, não saíram as meias verdades com as quais eu estava acostumada a lidar. Vazia está essa textura. Assim como eu, não encontra consolo no dizer. Lembrei daquelas nuvens escamosas do Zangarelhas, passando, esparramadas, soltando pedaços indecisos entre o vermelho e o laranja da tarde, como imensa toália de renda esfumaçada a sobrevoar por cima das minhas primeiras observações da beleza celeste.
Eu era só canoa
balançando na água da tarde
cruzando o Zangarelhas
pequena como uma piaba...
Meu pai pescando
olhos grelados no pronfundo
e o céu ignorando tudo
com nuvens escamosas.
Hoje eu queria estar, talvez, em forma de átomo, a girar, enérgica e luminosamente... Talvez no universo, ainda, caindo em partículas minúsculas, formando-se, chegando à Terra, entrando em consonância com outra energia, que me atraísse cegamente para um útero. Antes desse mergulho num começo de vida, passariam por mim outros bilhares de restos de estrelas, circulando, eufóricas, comentando sobre um reagrupamento.
Não me animaria, apesar de ser tão invísivel quanto às outras poeiras celestiais. Faria serão no breu da galáxia, mas não aceitaria companhia. Hoje é meu o silêncio. Guiaria minha força granicular, por mais que as energias me seguissem, viraria no vácuo das curvas dos grãos, pra prolongar meu não-estado de ser. Não queria ser matéria... hoje não.
Um comentário:
Olá, senhorita!
Obrigada pelos créditos e elogio! Também gostei do seu cantinho, vou passear por aqui mais vezes!
Beijo,
Su
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