14 de maio de 2010
SEXO NA PRAIA É ROCK
DESTEMIDOS - Cavaleiros modernos, com seus instrumentos afiados, soltando a surf music de Campina Grande para o resto do Brasil. | imagem: divulgação
VALDÍVIA COSTA
Num mar de jovens preocupados com a chapinha do cabelo, embalados pelos sons eletrônicos, o rock and roll elevou um grupo de rapazes ao status de referencial artístico em Campina Grande-PB. Profissionais, esses três rapazes da instrumental Sex on the Beach, Marlo, Diogo e Tonny, em pouco mais de um ano de trabalho conseguiram fechar a primeira turnê de oito shows pelo Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, além da Bahia nordestina.
O que eles tocam? A autêntica surf music da Serra da Borborema. O estilo, como o integrante Marlo Simaskowsk disse, é mais antigo que tudo. Mas imaginem, a praia a mais de 200 quilômetros de distância, e o surf reinando na cabeça deles. Isso gerou coisas legais como o EP Wanna some Sex On The Beach? e até um tímido baião na versão da Misirlou, "música mais famosa da surf music, feita por Dick Dale", como descreve Marlo.
É assim. Quem tem juízo e usa, cria. E juntando "criaturas abonináveis, com gostos que variam desde Chapolin à Laranja Mecânica, de Ventures à Surf Coasters, dos Mutantes à Ska", já dá pra fazer um caldo encorpado. Se liguem que hoje, dia 14, essa banda estará no Bar do Tenebra, em Campina. Vocês verão que Marlo (foto) e os colegas não deixam a desejar na técnica e na arte.
DE ACORDO COM "- A impressão que dá ao conhecer o trabalho de vocês é que é algo novo, mas de uma maturidade que nem combina com os integrantes, artistas jovens. Contem como foi montar um trabalho musical diferenciado dos demais existentes e o primeiro de surf music da cidade. Como surgiu esse lance de organização e profissionalismo logo na primeira banda?
MARLO SIMASKOWSK - A partir do momento que você pensa em fazer a sua música, naturalmente ela se torna diferenciada. Todo mundo é diferenciado. Quem colocar as mãos em alguma coisa, normalmente diferencia a mesma. Claro que não é tão simples assim. A música nasce do instinto, da criatividade, da inventividade, do poder de transformação e organicamente da imaginação. Poderia citar aqui infinitas influências para um trabalho diferenciado. Em sua maioria, todos levam à mente. Levam ao pensamento. Formulamos um conceito e tentamos executar. Mas não necessariamente tem que ser assim. Por exemplo, muitas vezes instintivamente executamos algo numa jam e depois temos o conceito formado sobre o que foi feito. Temos as nossas impressões e nosso contexto. Os conceitos existem e são infinitos por natureza. Sempre estamos buscando saber mais dessa infinidade. Talvez seja esta a diferença, e por consequência, um trabalho musical diferenciado. É assim que funciona. O surf music não é novo. Dentro dessa linha existem bandas que acabam dando o seu toque ao que fazem. A maioria, bandas excelentes. Percebemos que fomos a primeira banda de surf music da cidade (e acredito que das poucas da Paraíba) quando o bonde já estava andando. Formamos a banda e depois nos disseram que a coisa aqui era "nova". Esperamos que venham outras bandas. Assim, podemos fazer um Festival de Surf Music na Borborema. A prancha a gente compra. O mar a gente imagina. Falando mais sobre a banda, acredito que a organização e o profissionalismo surgiram dentro da pespectiva de sempre melhorar. Eu, o Diogo e o Tonny já passamos por diversas bandas. Eu tinha uma banda em Aracaju-SE, Diogo teve outra em Maceió-AL e o Tonny já participou de inúmeras bandas e projetos aqui na Paraíba. Ou seja, sempre somamos experiências. Acertos e erros. Logo, a organização se torna natural.
" - As críticas de música ao Sex on the beach também são positivas. Poucos conseguem, em pouco tempo como vcoês, ter visibilidade nacional, engajados numa turnê com oito shows diários pelo Centro-Oeste e no Sudeste brasileiros, além da Bahia. Qual o caminho que vocês escolheram pra fazer circular esse primeiro trabalho e quais as vantagens dele? Como surgiu a oportunidade de agendar oito shows pelo Brasil?
MS - Escolhemos vários caminhos. A internet, sem dúvida, foi o caminho principal. Sempre circulamos nosso material pela rede, disponibilizando para o download e para o streaming. Sempre entramos em contato com produtores, casas de shows e outras bandas através dela também. A vantagem disso é que você sabe exatamente onde e como está pisando. Dá pra ter um certo controle dos passos. A oportunidade de fazer esta turnê surgiu através dos nossos contatos com o Circuito Fora do Eixo. Através dessa grande rede de produção e artistas da música participamos também do Festival Grito Rock em Recife-PE, Maceió-AL, João Pessoa e Campina Grande. Já apoiávamos o Circuito desde o começo, participando das reuniões virtuais.
" - Falem um pouco sobre o primeiro EP, o Wanna some Sex On The Beach?, como ele foi produzido? Como e quando será a gravação do CD?
MS - O Wanna some Sex on The Beach? foi só um gole do drink. Gravamos de maneira bem despretenciosa. Estávamos fazendo shows com as nossas músicas e muita gente nos procurava para poder ter as músicas. A gente também precisava de um material gravado para poder nos ouvir melhor. Chegou um momento que queríamos apresentar a banda para outras pessoas de outros lugares e não tínhamos o material. Então, tinha chegado a hora de gravar. Fizemos um show para arrecadar uma graninha mínima e suficiente para fazermos uma gravação aceitável. Numa tarde, entramos no estúdio e gravamos as músicas, todas ao vivo. Como a grana era curta, gravamos rápido e mixamos rápido também. Para a gravação do próximo trabalho será diferente. Já estamos produzindo o nosso CD. Não temos data ou mês de lançamento. Ainda não dá pra prever. Mas não queremos alongar. Setembro foi o prazo médio no calendário que a gente deu. As águas rolam daqui pra lá. Pode ser que seja um pouco antes ou um pouco depois. Entramos no processo de composição de algumas faixas e na formulação de alguns temas. Outras faixas que não gravamos no primeiro EP irão entrar no CD. Toda a construção desse disco está sendo feita no estúdio do Natora. São muitas ideias, sons, conversas, opiniões e discussões. Estamos bem satisfeitos com as novas músicas. Quando tivermos com quase tudo montato, provavelmente faremos a pré-produção no estúdio 24h, lá em Jampa, com o pessoal do Burro Morto dando uma força. Não sabemos ainda onde vamos gravar. Música independente é assim. Pode rolar algo bacana e viável financeiramente...como pode não rolar. Estamos prontos para os dois.
" - Com gostos e estilos diferenciados, a surf music foi o elemento comum entre vocês ou vocês escolheram por nunca ter sido feito na Paraíba? A banda fala em variar o estilo, mesclar com outros ritmos mundiais ou vai manter o bom e consagrado rock and roll?
MS - O surf music é um dos elementos em comum entre nós. É difícl alguém não conhecer um tema de surf music. Podem não saber de quem é e o que é surf music, mas com certeza muita gente ouve ou já ouviu, nem que seja uma música ou outra perdida. Fizemos surf music, inicialmente, de maneira despretenciosa e acidental. Na pura vontade de se divertir. Depois que estávamos fazendo, vimos que éramos "pioneiros" nessas bandas. Não descatamos a possibilidade de colocar outros ritmos no nosso som. Aliás, nós já flertamos com outros ritmos. Fizemos uma versão da Misirlou, música mais famosa na linha surf music, feita por Dick Dale, onde colocamos um pouco baião nela. Incluímos Jazz e improvisos e outras faixas também. Naturalmente as coisas vão surgindo. É improvável que a gente deixe o bom e consagrado rock in roll de lado. Com certeza não vamos deixar. É a nossa veia praticamente. Mas no sangue de cada um existe outros elementos. Nos momentos certos estamos mesclando. Acredito que essa mescla não vai ser um elemento permanente ou que será a tônica das nossas composições, mas sim upgrades interessantes e divertidos.
" - Vocês também inauguraram, com o Natora, o ramo dos coletivos de arte e cultura da cidade, visto que nenhum ainda tinha sido oficializado. Como está sendo pra banda participar dessa cadeia produtiva da música nos moldes que as feiras internacionais pregam, com a união e a divisão de tarefas nos eventos de música, por exemplo? Quais as tarefas que vocês executam enquanto coletivo e como a banda participa das iniciativas?
MS - Foi uma adaptação tranquila, rápida e natural. Antes do surgimento do coletivo e de nós mesmos sabermos da existência das redes colaborativas, nós já trabalhávamos de forma semelhante a elas. Descobrimos que várias outras pessoas espalhadas pela nossa cidade, estado e país também trabalhavam da mesma forma que a gente vinha trabalhando. A tendência foi se aproximar cada vez mais destas pessoas e se unir. Estamos diariamente conectados com as bandas do coletivo e com bandas, produtores e músicos de outros estados. Com todo mundo e um objetivo em comum, a coisa tende sempre a crescer. A banda é organicamente do coletivo. Trabalhamos para a banda e trabalhamos para o coletivo. Dentro da banda, temos tarefas divididas. A nossa participação no coletivo também é assim. Eu sou responsável pelo núcleo da Agência Natora, o Diogo pela Distribuição Natora e Tonny pelo Natora Eventos. Como estamos em contato quase todo dia, acaba que cada um sempre ajuda ao outro. Somos responsáveis por alguns núcleos do coletivo mas trabalhamos em praticamente todos os núcleos. E isso não funciona apenas com a Sex. As outras bandas e pessoas envolvidas no Natora trabalham também desta forma. A hierarquia é horizontal e os melhores argumentos sempre vencem, da maneira a mais democrática possível. Inclusive este site é um espaço democrático. Sendo assim, quem quiser perguntar ou discutir algo, não hesite em digitar na área reservada aos comentários. Conversando nos entendemos.
SEX SHOWS
DIA 15, 23H50 - BRONX - CAMPINA GRANDE-PB (+ TONINHO BORBO)
DIA 20, 22H00 - FESTIVAL MARTELADA - BRASÍLIA-DF
DIA 21, 22H00 - FESTIVAL BANANADA - GOIÂNIA-GO
DIA 22, 00H00 - FESTIVAL GOMA - UBERLÂNDIA-MG
DIA 23, 00H00 - INVASÃO PARAIBANA - UBERABA-MG
DIA 25, 00H00 - BELO HORIZONTE - BELO HORIZONTE-MG
DIA 26, 00H00 - INVASÃO PARAIBANA - MONTES CLAROS-MG
DIA 27, 21H00 - VILA SEBO CAFÉ - VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
DIA 28, 22H00 - BOOMERANG - SALVADOR-BA
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9 comentários:
Vi os boys aqui em Natal, gostei da banda, com seu rock agitado, bem executado, e a presença dos meninos é muito boa. Destaque para os óculos vermelhos do guitarrista... Sucesso.
Sou de Campina Grande, mas, ao que tudo indica, os prestigiarei pela primeira vez no Festival Martelada. É a praia e a Paraiba vindo me visitar no Planalto Central...
Os caras tão fazendo a coisa direito. Qualquer repercussão é uma conseqüência positiva e natural.
E só pra registrar: Fala bem demais esse Marlo Piadista!!!
Com trabalho e dedicação, não há nada como colher o fruto da vontade de crescer e ter a sua música apreciada.
E como será que a banda se sairá tocando vários dias seguidos? Lidar com estrada, com técnicos e organizadores diferentes... Serão bem-vindas as informações do retorno!
Com o sucesso vem à repercussão ou com a repercussão vem o sucesso?
Dizem que quando uma banda toca de forma a agradar seu público sua fama e repercussão cresce, ou é tudo que esta em sua volta que se torna pequeno?
A resposta pra cada uma dessas duas questões depende da forma como são interpretadas, o que as tornam perguntas com “n” respostas e com respostas imprevisíveis, mas de uma coisa eu tenho certeza os caras são bons e o sucesso ou repercussão serão conseqüência disso, e isso pode durar pra sempre se independente de onde vocês chegarem, vocês sempre se lembrarem de onde vocês vieram e onde começou tudo isso e não me refiro só a humildade não e sim a raiz, raiz essa que foi formada por algumas sementes uma sergipana, outra alagoana e uma terceira paraibana, cujo o caule é a Banda Sex on the Beach seus galhos os inúmeros lugares por onde vocês vão passar, suas folhas sua fama e por que não o sucesso os seus frutos.
Surf Rock diretamente da praia de Campina Grande
Banda do amigo Marlo...que saiu diretamente do Pedras do Bosque para o mundo! merecem essa turnê e vão angariar com certeza bem mais coisas depois dessa turnê! estão fazendo uma correria bacana aí em Campina Grande! é nóis! Abraços!
Po, entrevista massa! Sex on the beach botando pra moer ae! Já estiveram duas vezes aqui em maceió, dois shows foda!
É bom saber que o Brasil irá conhecer o som, maravilhoso som, da banda "Sex on the beach".Tenho orgulho do trabalho de vocês, e um enorme prazer de ser umas das testemunhas da formação desta talentosa banda. Ainda me recordo do dia em que Marlo me falou que gostaria de ser músico e eu disse: "mas você já é um músico, Marlo!" Espero que, com um maior número de pessoas dizendo o mesmo, você, bem como Diogo e Tony, tenha a certeza de que é um grande músico. Parabéns pelo trabalho. Beijinhos.
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