Maior São João do Mundo - É um exemplo da derrocada cultural na cidade. Passou oito anos se adaptando a um formato extremamente comercial, ao ponto de se proibir a entrada da Coca-cola em toda área cercada do Parque do Povo. Apesar de mostrarem "números" do aumento do turismo na cidade, houve sim um grande distanciamento do local como atrativo turístico e a criação de outros festejos idênticos em outras cidades do Interior da Paraíba. | Imagem: Val da Costa |
Texto: Valdívia Costa
Quando eu vi, um Terminal de Integração de Passageiros (Tip)
se instalando na frente do Museu de Artes Assis Chateaubriand (Maac). Não, não
era na rua da frente, era logo abaixo da calçada do prédio. Era surreal... “Entrar
no velho Maac? É só ir beirando as laterais”, disse um estudante. A frente do
Museu foi tomada pela estrutura de aço enorme que recebe a maior parte dos
ônibus urbanos. Quem permitiria, numa gestão pública, tal menosprezo às artes?
Permitiram. Isto aconteceu há uns sete
anos, na primeira gestão do então prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital
do Rego, vulgo “O Cabeludo”. Tão brega e atrasado quanto este apelido ridículo
foi a atitude governamental. Pois o Maac de Campina Grande foi inaugurado em 20
de outubro de 1967, através da Campanha Nacional dos Museus Regionais,
idealizada pelo jornalista, paraibano de Umbuzeiro, Assis Chateaubriand.
A estrutura era pra ser respeitada como um dos mais
importantes patrimônios arquitetônicos da cidade, assim como fizeram com o acervo, que
hoje se encontra em ótima casa. Citei um dos últimos episódios de soterramento
da cultura na cidade somente para retratar como a ignorância age. Ainda houve a
“ausência” de lançamento anual da única política cultural criada na cidade, o
Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (Fumic), que simplesmente sumiu. Além dos
artistas. Muitos acabaram seus trabalhos, outros continuaram migrando para
outras praias...
Música sempre sobrevive, mas as artes plásticas e as cênicas
estão cada vez mais em extinção. Só o audiovisual se saiu bem, independente.
Enfim... Campina, que antes foi referência em termos de estruturas para eventos
e nascente de grandes talentos, ficou esmaecendo durante oito anos. O Teatro
Severino Cabral “ganhou” uma reforma... ficou todo mal reconstruído, com a
acústica comprometida, as cadeiras antigas modificadas...
Quando estávamos
cambaleantes, surge uma Secretaria de Cultura. A primeira instituída. E o que
aconteceu? Bem, tudo foi oficializado no final da gestão deste mesmo prefeito. Colocaram
“o baluarte da cultura” como secretária, que é Eneida Agra Maracajá. Ela pode
ser boa como promotora do maior e mais antigo evento de cultura da cidade, o
Festival de Inverno, que também resiste a duras penas há 38 anos.
Porém, Eneida compôs uma equipe que deixou muito a
desejar... Principalmente na capacitação para lidar com bens materiais e
imateriais culturais. Era muito amigo trabalhando e pouco técnico atuando... Aí, quase nada também foi
acrescentado à vida cultural da cidade.
Agora caímos na casa do recomeço. A ex-reitora da UEPB,
Marlene Alves vai tocar esta pasta. Dela, o que sei é que foi uma ótima
administradora, que abraçou e desenvolveu a causa da expansão, ampliando os
serviços da Universidade por todo o Estado. Até me animei com a nomeação, pois,
além de ser mulher, mais delicada e sagaz, ela gosta e aposta nas artes.
O núcleo de cinema foi bastante agraciado com o apoio da
UEPB em sua gestão. Através de grupos de estudantes e artistas da universidade,
o nome do Estado circulou em obras que ganharam destaque nos festivais
nacionais e internacionais, como o curtametragem Amanda e Monike, do cineasta
André da Costa Pinto.
Literatura, teatro e música também foram outras linguagens bastante
apreciadas pela ex-reitora. Mas é das lutas sociais que ela é mais conhecida. Assim
surgiu na grande mídia: Marlene das causas sindicais, sempre do Partido
Comunista do Brasil (PCdoB). Acredito que é devido ao comportamento honesto que
os amigos sempre trabalham com ela, como a advogada Glauce Jácome,
que se destacou como coordenadora do Procon.
Vamos apostar num 2013 de levante da cultura? É, Campina, vamos
levantar! Não custa pensar positivo, desejar melhoras... E fazer um pouco de
força também, porque mudança começa de dentro pra fora. Eu estou me limpando
interiormente, forçando a maior barra para voltar a escrever, defender o ínfimo
com a garra de uma pantera... Bom, vamos!
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