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5 de maio de 2009

*agressão - trabalhadores Sem Terra torturados pela Polícia


Mulheres no MST | imagem: Tenini

Por Valdívia Costa

Desde o Dia do Trabalho último, famílias do Movimento Sem Terra (MST) estão em apuros em pleno interior do Estado. A cidade de Pocinhos, no Agreste paraibano, foi palco de uma verdadeira luta de classes sociais. O movimento legítimo dos Sem Terra não ganhou nessa batalha nem espaço na grande mídia Estadual. Cerca de 60 famílias que ocuparam a Fazenda Cabeçudo foram expulsos inadivertidamente na madrugada do dia 2. Em três dias de danos morais e físicos aos trabalhadores, a Polícia esbanjou truculência. A proprietária do local entrou na área acompanhada de pistoleiros e da Polícia. Espancaram e prenderam cinco trabalhadores.

Dois dos agricultores presos no conflito, Osvaldo Soares Meira, 48 anos, e Nilton Tavares de Araújo, 42, ainda assinaram um depoimento confirmando suas participações no incêndio e na invasão da fazenda, que foi tida pela Polícia como "planejada". “Os dois foram autuados por causar incêndio em casa habitada, que prevê pena de 3 a 6 anos de reclusão, e por esbulho possessório, que pode levar ao cumprimento de 1 a 6 meses de detenção. Enfim, as confissões confirmam a necessidade da ação da PM, que nada fez além de cumprir o seu dever”, garantiu o secretário de Segurança e da Defesa Social, Gustavo Gominho.

E a democracia?
De acordo com a assessoria de imprensa do MST, os agricultores estão bastante machucados e ainda permanecem presos. Por ajudar aos trabalhadores, José Ronaldo (Mineiro) e Augusto Belarmino de Sousa foram detidos, mas soltos em seguida. Mineiro ainda teve o carro queimado pela Polícia, segundo o MST. Além dos cinco trabalhadores, a polícia prendeu também o motorista do ônibus que havia transportado os agricultores.

Ninguém pode mais lutar por direitos que é caçado e, se vacilar, é morto no Brasil. E pela Polícia, vejam só! O que percebo na Paraíba é uma total conivência da Polícia (Civil e Militar) com policiais que exageram na dose do poder com porradas e humilhações públicas, visto que eles possuem uma assessoria de imprensa pra maquiar qualquer gesto bruto por acaso aplicado contra o cidadão. Mas, tranquilo. É comum o pobre, o excluído, o marginalizado ser destratado. Ver a situação triste de um crime policial se reverter contra a vítima faz parte da rotina corporativa policial.

Mas, neste caso, se notou uma persistência e coragem pouco vista no movimento paraibano dos Sem Terra, que luta, como todo o MST, por um pedaço de terra para produzir alimentos e se sustentar. Todas as famílias envolidas foram para frente da delegacia de Pocinhos se mobilizar contra a violência policial.

Presídio - Na tarde de hoje, dia 5, os dois trabalhadores rurais Sem Terra presos e torturados durante o despejo considerado legal pela Secretaria de Segurança e da Defesa Social, ocorrido na madrugada do último sábado, foram transferidos para o Presídio Monte Santo, em Campina Grande. A juíza de Pocinhos, Adriana Maranhão Silva, transferiu o caso.

Ontem, dia 4, os advogados do MST solicitaram a esta juíza a liberdade provisória dos Sem Terra, mas até o momento nem a juíza e nem a promotora da cidade se pronunciaram sobre o pedido. Cerca de 150 famílias estavam acampadas em frente à delegacia de Pocinhos. Todos saíram em marcha, no início da tarde de hoje, para a praça central da cidade. Policiais armados realizam constantes ameaças e intimidações aos Sem Terra mobilizados.

Segundo o MST, a Fazenda Cabeça de Boi já foi declarada para fins de Reforma Agrária através do decreto presidencial de 4 de dezembro de 2008. Diferente do alegado pela proprietária, a fazenda não é reserva ambiental e, segundo vistoria do Incra, é totalmente improdutiva. Por isso houve o acampamento dos Sem Terra, como é realizado em todo o País.

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colaboração: assessoria MST

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