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25 de fevereiro de 2011

LUCIANE WINEHOUSE

ATRAENTE - Assim como toda estrela, Luciane tem que se mostrar, rebolar, cantar... | imagem: Val da Costa

# A feira de sábado começa na sexta à noite para Luciane Winehouse, uma das tantas estrelas da night da Feira Central de Campina Grande. Ela sabe ser popular e faz de seus dias palcos itinerantes por quase todas as feiras da Borborema. Odeia quem diz que ela é "sobrinha" do homem que paga pela trepada.

Na real, Luci, a sedutora, tem que dançar muito, cantar bem e ainda se embriagar moderadamente para se safar nessa vida de literal filha da puta, que só vemos aos retalhos, pelas janelas. Uma noite, ela começou atrasado o show no Bar Tropicana (central de mãos, bocas, pernas, bundas e bucetas da Feira). Mas, ao entrar na Rua Manoel Pereira de Araújo, abrigo do antigo Cassino Eldorado e das mazelas da prostituição infantil atual, com seu top intransigente e uma micro saia vermelha, ela seduziu a todos os transeuntes.

"Por dez contos, eu dou uma com você, mas se quiser um 'bola gato', é dois... bora?!", se derrete para quem dá uma paradinha na moto. Os chamados dela na Cova da Onça são estrondosos como as negociações sexuais que ouvimos embaixo da janela. Tem hora que Luci xinga, depois "cativa" o cliente com alguma migalha de crack... A vida artística dessas estrelas cortesãs não tem seguro.

Não vejo diferença dessa moça trabalhadora da Feira para a Winehouse verdadeira! Só o dinheirão que a internacional ganha pra fazer o que a mulher da Feira faz: se exibir. E cair. Para que falsomoralizar ou entristecer a vida dela, se é assim alegremente que ela se sente, uma pop star? Em milhares de palcos translúcidos vende-se diuturnamente. Seus "ganchos marketeiros" são inspirados em Zefa Tributino, que reinou como dona do Eldorado nos anos 1940, dizem.

Luciane sensualiza o dia quando aborda os agricultores que bebem no Bar da Cova. "Aqui é minhas áreas, tá ligado, gatão?", atiça a expertise máxima do plaisir féminin, com uma dança erótica, com um pano entre as pernas... Com 25 anos e sem alguns dentes, Luci equilibra pobreza e bom humor, perseguindo os adolescentes da rua, levantando o pedaço de tecido que cobre a genitália em plena tarde morna...

Mas não é só de bondade que se vive nesse mundo imundo. O lado perverso de Luciane Winehouse é o teatro que ela tenta vender, junto com outras prostitutas da mesma idade, pra afugentar os agressivos. "Não venha não!", grita a perigosa Luci, com a faca-peixeira na mão. Na primeira carreira que um homem dá, ela risca a faca no chão e sai em disparada... "Chama o camburão! Maria da Penha nele!", gritam as colegas e inimigas, costurando a cena de revolta na tarde cinzenta da Feira.

Outra rivalidade é dividir o palco, tarefa necessária e tensa para quem está em início de carreira. Por isso, Luci deixa que a experiente Carlas Perez dance antes dela se apresentar nas nights. Também não é muito tempo. As duas não se falam, mas uma sucede a outra nos shows nos 10 barracos que vendem cachaça nas ruas.

De novo: no outro dia, Luciane subirá no tablado, puxando um cacho de cabelo pra cima, empinando a bunda magra, se equilibrando em finas pernas e desenhando o ar sinuosamente com a fumaça do cigarrinho que nunca sai da mão...

#valdívia costa


Una prostituta onirica, una donna semplicemente meravigliosa. Tratto dalle avventure di Corto Maltese, ritratti e vignette di Hugo Pratt. Música: Gato Barbieri

22 de fevereiro de 2011

ESQUECIDA PARAÍBA


Depois de concorrer com jornais como Correio Braziliense, O Estadão, Folha de S. Paulo, a capa do DB disputou a final com O Dia e Extra, do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que um jornal do Interior venceu uma categoria nacional do Esso. Capa: Flickr de Cícero

# Os paraibanos se chateiam quando os jornalistas de fora comparam o Estado com Pernambuco, forçando um oposto cultural. Mas é verdade que o vizinho sabe se projetar midiaticamente através da Cultura e a gente ainda está tentando encontrar o jeito. Vejo uma Paraíba esquecida, relapsa com sua história, despertencida de seu Estado. Por exemplo: dois prêmios importantes desse lugar completam dez anos e o silêncio não é quebrado. Why?

Na última década produzimos coisas boas para consolidar de vez uma imagem positiva da Paraíba no cenário midiático nacional, além das belezas tropicais, o povo acolhedor etc., etc.. Esses dois importantes prêmios são de autorias paraibanas legítimas e ninguém fez disso um bom marketing cultural. Prefere-se investir midiaticamente no futebol, no São João...

Esta semana relembrávamos isso com Alê Maia, autor da música Ciência Nordestina, que sonorizou o curta-metragem A Canga, de Marcus Vilar, primeiro destaque nacional dessa década, conquistado em junho de 2001. O Kikito, prêmio máximo concedido no Festival de Gramado-RS, foi pelo melhor curta e pela melhor música, gravada pela Cabruêra, com o Coral Coro em Canto puxando o “Chuveeeu... no Dia de São José...”.

Três meses depois, o estrondoso ataque ao World Trade Center com a criatividade jornalística e estética de Cícero Félix se uniram também para formar a capa mais famosa do Diário da Borborema, um jornal local que desbancou grandes estruturas midiáticas do Sudeste brasileiro. Nem a esnobe João Pessoa conseguiu um Esso. Lá, eles têm apenas um AETC  engessado, único no Estado.

Presenciei esses dois momentos. Um dos integrantes da Cabruêra, Arthur Pessoa, chegou contando do Kikito e, logo em seguida, o chargista do DB, Júlio César, me contava do Esso no bar Subsolo, com a repórter de Cultura Cristina Laura. Não me esqueci da felicidade, se enroscando nos nossos orgulhos de sermos algo importante nas mídias.

Talvez esse desinteresse pelo que produzimos na Paraíba reflita diretamente nessa imprensa limitada, repetidora do esquema nacional de distribuição de informação, pautada pela polícia e pelo futebol. Vamos continuar nos apresentando violenta e “sem cultura” na mídia nacional? 

Vamos recorrer ao passado-boia que não afunda na lama da paralisia cultural! Augusto dos Anjos, Jackson do Pandeiro e Chateaubriand, curvo-me. Assim como relembro os mais recentes que marcaram nossa história.

Depois de relembrar, talvez enxerguemos os novos intelectuais e artistas como potenciais projetos de estabilidade cultural. Aí, passaremos para a fase de assíduos consumidores de nós mesmos. Para ir ensaiando essa nova forma de se ver, se divertir, se mostrar culturalmente num cenário mais abrangente, que tal comprarmos nossos produtos ao invés de lotarmos um mega show pop internacional?

Só a arte salva! Só ela nos salvará! 
# valdívia costa

18 de fevereiro de 2011

SEM FURO

ALIMENTO - Informação é o prato preferido do jornalismo. Fofoca é a sobremesa... | imagem: Ralph Steadman

# Ele acredita ser competente. Acorda cedinho, ouve o noticiário policial pelo rádio do celular pra ir preparando os "ganchos jornalísticos" antes de pisar na redação e passa horas checando afirmações na esperança de achar a melhor de todas.

Euforicamente sai todas as manhãs para a Central de Polícia em busca de um belo furo de reportagem. Mas, às vezes, reflete sobre sua sistemática de trabalho. Se tudo é feito com tanta dedicação por que não dá certo ao ponto dele ser reconhecido pelos colegas?

- Oi, bom dia. Temos boas pautas hoje!
- É?! Pode falar...
- Teve um homicídio misterioso, um arrombamento de casa dramático e uma denúncia de pedofilia...
- Que mais? Quem foram as pessoas envolvidas nesses crimes? São públicas ou anônimas? É por aí, pra poder fazer ou não a matéria. Anônimo só vale se for uma história e tanto, mas como registro, pra tapar buraco, entende?
- hum hum...
- O caso da pedofilia é denúncia pesada mesmo?
- Não sei, ainda vou...
- Se for envolvimento de político ou empresário rico, talvez renda a manchete.
- É, acho que...
- Acha?! Jornalista tem que ter certeza das coisas, cara!
- Não, eu quis dizer...
- Ok, entendi. Vá lá, qualquer novidade da manchete, liga!

Tuuuuuuu...
Com a barriga roncando de fome por ter acordado tão cedo, sai procurando a desgraçada da manchete, engolindo cachorros-quentes, salgadinhos e afins. Horas rodando e nada. A editora da tarde chega. Mais maleável que a primeira, ela anima-o.

- Bom, a tua matéria está sem foco. Coloca um pouco de drama. Pega uma personagem... nossa! Essa matéria no jornal de hoje desse tamanho foi de quem?! (como se já tivesse recebido a resposta pelo MSN, a chefe volta a olhá-lo). E aí?! Vamos correr a trás?!
- É que a fonte não pode se identificar. Mas o que ela disse não foi revelador?! Pessoas conhecidas, drama policial... um escândalo...
- Sem nome?
- Hum?
- Um escândalo sem nome?! Sem dizer quem está desmascarando todos? Não vai ser assim tão repercussivo. Se ele se identificar, a gente dá a manchete principal, com foto e tudo... Vê se consegue. Não é nada demais... Amanhã você será a estrela da redação, rapaz, está esperando o que pra conseguir esse furo?!

Aquela pergunta ficou ecoando na cabeça quase vazia do 'foca'. Moveu as pedras do caminho, já detectadas pelo colega das letras, Carlos Drummond, e conseguiu uma manchete cheia de reclamações da fonte, que recorreu ao superintendente do jornal, que mandou por e-mail o corte previsto de sua cabeça caso o repórter não se retratasse em público imediatamente.

- A fonte da tua matéria quer que cite-o dizendo que você, "Fulano de Tal, errou GROSSEIRAMENTE ao confundir as informações e publicar uma inverdade".
- Mas isso é um absurdo! Vocês me incentivaram a agir assim!
- Estás doido?! Eu nem falei com você direito ontem!
- Você incentivou que eu tirasse a informação a todo custo!
- Tem testemunha dessa afirmação? Cuidado pra não ser processado duas vezes por calúnia! Pela fonte prejudicada e por mim, duas vítimas da sua displicência ao falar as coisas!

Engoliu o nó. Sentou na cadeira, ajeitou o computador, baforou umas três vezes e escreveu uma errata copidescada do Google.

Assim termina mais um dia sem furo de um jornalista que entra para imprensa brasileira. Com uma dor frontal na cabeça, muita raiva amarrada no peito e uma vontade muda de matar um editor...
#valdívia costa

11 de fevereiro de 2011

MACAMBIRA DOIDA

RESISTENTE - Fazer a segurança de pombas exóticas sertanejas: missão vegetal | Imagem: Sérgio Dantas
# O povo pensa que, só porque sou uma pomba, não sei viver. Se vissem meu castelo, cairiam duros no chão... Sou ave da Caatinga, meus hábitos reprodutivos são sofisticados. Escolhi, ainda ontem, uma macambira (Bromelia laciniosa, Bromeliaceae) "muito doida" pra morar, como descreveu meu companheiro pombo, que viveu na praça e tem esse leve sotaque urbanóide. 

Nós, as pombas sertanejas, construímos ninhos no chão, protegidos por macambiras e xique-xiques (Pilosocereus gounellei, Cactaceae), ambos característicos dum ambiente xerofítico espinhento. Ficamos protegidas, mas não livres, de predadores. Corresmos riscos, mesmo cercadas por uma fortaleza encandescente de aspereza.

Mas tenho algumas regalias. Aqui, no chão, cercada por pontiagudos seguranças, nenhum predador se mete a caçador de pomba! Humpf! O segredo dessa penosa vida é tirar vantagem. Simples como a união xique-macambiral. Minha estrutura de ninho, no chão, permite um período de construção menor, relacionado ao curto tempo de alimento disponível.

Outra esperteza nossa é construirmos um enorme número de ninhos, depois de escolhido o local em que a colônia se reproduzirá. Aí, fico uma pomba caseira, dificilmente visito as vizinhas (me chamam até de chata). Às vezes, a pressão de caçadores força-nos a abandonar o local. E quando os bebês nascem? Aí é que reluto em me mover para outro lugar.

Tem uma agonia triste, como em toda história de bicho nessa terra quente e seca. Há moradores cruelmente inteligentes, que se aproveitam destas condições para nos caçar, tanto adultos, como ovos e filhotes. Somos superexploradas, essa é que é a verdade!

Esses nojentos, além de comercialiar ilegalmente fêmeas e filhotes indefesos, sem preocupações com a conservação da espécie, eles põe em risco a manutenção de populações naturais do Sertão. Se não fosse o movimento Macambira-xiquê seríamos alvos das ferozes espingardas, dos ferrenhos pedaços de pau ou mesmo da captura manual e impiedosa desses predadores gulosos.

Pobre Gertrrrruuuudes! Foi beber água, numa bela manhã com o sol a pino, e conheceu um ser humano. O malvado sertanejo, mais ágil que um jacaré, saiu de dentro da água e puxou-a, afogando a distraída pomba. Desde este dia, todas nós repudiamos as formas de nos tirar das macambiras.

Informações: Sinatrópica

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@ A macambira está presente nas caatingas do Nordeste do Brasil, da Bahia ao Piauí. A planta herbácea, da família das Bromeliáceas, cresce debaixo das árvores ou em clareiras, possui raízes finas e superficiais, folhas que podem atingir mais de um metro de comprimento por vinte centímetros de largura, espinhos duros e um rizoma-forragem.

Em se tratando de cor, a macambira pode ser verde-claro, verde mais escuro, verde cinza, violácea ou amarela, dependendo, entre outros fatores, da umidade do ar e do solo. Em locais mais abertos e expostos ao sol, a face ventral das folhas pode-se apresentar violácea ou roxo-escuro.

O vegetal simples, de raízes superficiais, desenvolve-se nas terras mais áridas dos trópicos, se alimenta de ar atmosférico e possui umidade suficiente para resistir às duras secas. Os frutos, amarelos quando maduros, exalam um odor ativo e característico, assemelhando-se a um cacho de bananas pequenas.
(...) Continue lendo > Fundaje VAINSENCHER, Semira Adler. Macambira. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. 2009.

#valdívia costa

8 de fevereiro de 2011

FALSA


AMIGOS - "O importante é a postura que a pessoa assuma. No mais, a diferença é nenhuma." Lula Queiroga | Imagem: Refletir e sentir
 # "São só barganhas..." Eis o motivo de ter entregue a cabeça do colega, de bandeja. Entre uma desfaçatez e outra, sorri docemente. Como foi frustrado o meu desejo de trabalhar com teatro, interpreto o tempo inteiro na minha vida.

Qualquer situação de impasse exige um sorriso que liquida toda dúvida. Mas minha maior maestria foi ter adotado a distração como tática. As inúmeras lições de comodismo e mau caratismo que absorvi trabalhando compuseram meu perfil profissional, só que a cara de lesada era um trunfo individual.

Há consonâncias entre o ideal e o real, mas não para uma pessoa que entregou-se às crenças comuns, materiais e de estatus. Faço apologias ao bitolamento sim! Creio que estar presa, numa gaiola linda, espaçosa, com grades finíssimas folheadas a ouro, é o máximo que qualquer ser vivo consegue, não?

Ninguém se presta atualmente, gratuitamente, à bondade. Não fujo a essa regra ultrapassada e me mostro típico protótipo da humanidade. Conheço milhares de pessoas, chamo todo mundo de amigo (incluindo os inimigos). Mastigo, com os parentes mais velhos, esse bolo solado e sem açúcar que é a falsidade.

O jeito, para mim, foi continuar sendo isso: uma farsa. Podia ser melhor, eu sei. "Devia ser o que todos são, medíocres... seria prudente", refleti assim já, um dia. Por piedade de quem me vê com uma das minhas dezenas de máscaras. Rio muito ao tirá-las, por dentro de mim, rio demais!

Em todo caso prefiro a ilusão real ao sonho inalcançável. Cubro tudo com minha existência irreal, com meus 300 fakes para as milhares de redes sociais... fazendo crer, em minha atuação eterna, que sou uma sendo outra pessoa.
#valdívia costa

4 de fevereiro de 2011

CADÊ O DESCONFIÔMETRO?

CARONA - ...quando andar com as próprias patas cansa... | Imagem: Tatau News
# Hoje ainda não vomitei meu jorro de palavras, o que costumo fazer de madruga. Agora o sol está terrível, bárbaro (no sentido romano), inclemente e o céu abundantemente azul. Para qualquer turista delirar e ficar horas a mercê do melanoma que fatalmente virá. Já viram que não estou de bom humor, não?

Deixou o desconfiometro onde?

Bem, estou lendo um livro sobre o Hell´s Angels, aquele simpático grupo de motociclistas made in USA. Mais em função dele fazer parte do new journalism, pois eles se repetem ad infinitum, Bukowski ao cubo. A ideologia deles é uma piada e é nesta soma de contradições, que o book se torna interessante.

Demetrio Alves Souza e Campos Filho, meu bode caçula, se aproxima e pergunta se posso comprar uma moto para ele. Explico pacientemente que nem eu sei andar de moto, para que ele queria uma? Ele disse ter visto na TV um homem barbudo que parecia um sapo dizer que agora todos no Nordeste teriam motos.

Putz, me imprensou na parede, a anta sempre aprontando.

Falei que era figura de retórica e que nossa fazendola mal dava para pagar as contas e comprar o pão nosso de cada dia. Demetrio acredita em tudo que vê na TV, novelas incluso, e me retrucou que o homem sapo disse que nós eramos uma potência e me perguntou a queima roupa: "nós somos ou não somos classe C?"

5PM, não vou discutir, tomo minha ração-nitroglicerina da noite e fico pensando em Luana, Isabeli, Adriana e vou relaxando... mas, Demetrio insiste: "Tatau!", ele berra, "vi na TV que o homem-sapo vai sair e dar lugar para uma dama, é verdade? E nosso Bolsa Familia?"

Respondo com calma que o prefeito é de nossa coligação partidaria, e que como todos os bodes votam, ele nos conseguiu uma bolsa familia gigante, vitalícia, e ainda para agradar nos colocou como tataranetos de Pero Vaz de Caminha. Tudo tin tin por tin tin, homologado e votado na Câmara Municipal de Xorroxó. Demetrio saiu em disparada para contar a novidade no curral. E eu volto aos meus pensamentos: Luana, Adriana, Isabeli... make my day!

Gran Finale. Fumaça, fogo, sirenes... fui.
#Octaviano Moniz
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Nota da blogueira: Octaviano escreve diferente, estilo livre, sem regras de Português. Corrigi apenas pelo vício... rss vejam o texto original, com suas características poéticas naturais no TATAU NEWS.

2 de fevereiro de 2011

PARAÍBA NA ROTA

GENTE - Milhares de visitantes estão vindo mais à Paraíba nos últimos anos; Estação Nordeste é um dos "chamas" | Imagens: Fabrício Pimenta
 # Mais alguns anos e a Paraíba vai mostrar bons resultados na economia da cultura. Até que enfim a Capital João Pessoa encontrou um evento musical a altura de qualquer Capital nordestina que receba visitantes de todos os lugares. 

O quente e vibrante Estação Nordeste conseguiu reunir públicos de até 10 mil pessoas no Ponto Cem Réis e mais de 30 mil na praia de Tambaú durante um mês de atividades. Junta-se esse eventão com outros menores pelo interior paraibano, está feito o prato que o turista come o ano todo, recheado de trabalhos autorais e com cara de novas obras artísticas.

Antes, um visitante da Capital rodava muito para encontrar um pequeno gueto fazendo um som bacana, com cara de trabalho sério, promissor, sob o ponto de vista estético, sonoro e de mercado. O engraçado é que o Estação Nordeste ainda foi criticado quando criado, porque surgiu pra enterrar a caquética Micaroa.

Ainda bem que foi um enterro bem feito, daqueles em que todos descansam em paz (risos). Mas, o novo evento, rendeu muito. Três anos de evolução, eu diria, e de consolidação de um público diverso. Os vizinhos do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte estão aumentando a demanda de transportes tipo caravanas para chegarem aos shows oferecidos gratuitamente.

Gringos, a cidade sempre recebeu pelas suas belezas naturais, suas praias lindas e limpas e sua gente bonita, oferecendo isso ou aquilo. Mas, no Verão, eles todos curtem um som e consomem diversos outros produtos culturais, por isso Jampa está antenada, oferecendo apresentações de chorinho nas praças e feirinhas de artesanato.

Do ano passado para cá ganhamos algumas boas novidades. O Salão Internacional do Livro foi uma das coisas reveladoras e já foi aprovada a segunda edição para novembro deste ano. Mas a novidade maior, também em João Pessoa, será a Feira da Música, um evento que poderá ajudar mais ainda a cadeia, formando, inclusive, novos profissionais dessa área.

Para acompanhar tudo isso, informação, que tem que chegar ao visitante ou a pessoa que se pretende atrair para cá. Os produtores culturais, agora recebendo mais apoio da novíssima secretaria de cultura, se envolvendo em regionais de produção cultural nas microrregiões e criando novos elos dessa imensa rede que começa a tomar corpo, terão um anuário sócio-econômico, um guia de música e um mapeamento do calendário de eventos de todo o Estado.

Tudo para a Paraíba mostrar o potencial e fazer negócios, criar uma base sólida e indestrutível não só de produção, mas de circulação, distribuição e difusão para o Brasil e o mundo. Embora pareça tudo caminhando bem, com todas essas news, todo profissional dessa área vai se deparar com um rijo dedo que representa o "não" do público. Sim, podemos ser uma massa muito maior curtindo isso. Mas o povão ainda pede o lixo que a rádio e a TV sugerem.

Como sou muito militaresca, ainda acho que poderíamos criar um método de lavagem cerebral. Para tirar os chicletizantes hits plastificados da cabeça desse povo-gado só um tratamento de choque. Algo do tipo: doze horas/dia de manutenção sonora e comunicativa sobre os artistas nordestinos e suas produções resistentes a ouvidos caleijados de tanta fuleiragem.

Quem sabe ano que vem num Estação Nordeste desses? Precisamos cooptar mentes. Como os interioranos já chegaram a ocupar espaços nesses eventos, Toninho Borbo e Sex on the Beach de Campina Grande, é possível que um dia não se precise mais dessa referência ultrapassada que um artista paraibano tem que fazer ao "abrir" um show de um artista midiático internacional. Isso ainda é brega, como na imprensa. Mas, estamos num ótimo (com)passo.

#valdívia costa