seguidores

30 de setembro de 2010

TCHAU, SACOLAS DE PETRÓLEO!

CAMPANHA - Empresa cria slogan megalomaníaco para destacar a importância do plástico verde... as tartarugas, que estavam comendo sacolas de petróleo no mar, agradecem o produto, que é à base da cana-de-açúcar. | imagem: Braske
VALDÍVIA COSTA

Empolgante mesmo foi a criação do plástico verde. E o que seria isto? É o resultado de uma matéria-prima ecológica que vai gerar, por exemplo, sacolas de supermercado que se decompõem mais rápido. Em vez do petróleo usado no processo é a cana-de-açúcar que vai gerar o etanol, que é transformado em eteno, polietileno, plástico e sacolas, entre outros.

Vale até propagar o nome da fábrica desse produto realmente inovador: Braskem, de Triunfo (RS). Inauguraram a maior unidade industrial de eteno derivado de etanol do mundo na sexta-feira passada. Aproveitaram a onda propícia ao etanol no Brasil e pei! Uma inovação que até Lula foi ver de perto. A fábrica vai produzir 200 mil toneladas de polietileno verde por ano e com tecnologia própria.

Para o meio ambiente, o plástico verde é uma maravilha porque cada tonelada produzida absorve até 2,5 toneladas de dióxido de carbono do ar a partir da cana-de-açúcar. A Braskem percebe que o produto terá mercado crescente por isso investiu R$ 500 milhões no projeto. A demanda percebida já supera três vezes a capacidade da planta e a estimativa é de contínuo crescimento.

Tetra Pak, Shiseido, Natura, Acinplas, Johnson & Johnson, Procter&Gamble são alguns clientes do plástico verde citados pela fabricante. O projeto serve de modelo para empreendedores interessados em investir na cadeia. A unidade será abastecida por 462 milhões de litros de etanol/ano vindos de São Paulo, Minas Gerais e Paraná e transportados por navios, trens e caminhões. O RS identifica zonas propícias ao plantio de cana-de-açúcar e pesquisadores criam variedades adaptadas ao local.

Plástico oxibiodegradável O plástico verde é o segundo modelo de polietileno ecológico que conhecemos no Brasil. Antes, inventaram o plástico axibiodegradável, que se degrada através de um processo de oxidegradação. Introdu-se uma quantidade pequena de aditivo pró-degradante no processo de fabricação convencional, e voilá! O "comportamento" do plástico muda. A degradação começa quando sua vida útil programada chega ao fim. Esse período é controlado pela composição do aditivo utilizado.

Vantagens São recicláveis por todos os métodos; podem ser fabricados a partir de plásticos reciclados; podem ser reutilizados enquanto não começarem a degradar; podem ser destinados a compostagem após o descarte; devem ser coletados seletivamente junto com plásticos convencionais; são testados, seguros e aprovados para contato com alimentos; não emitem Metano em sua degradação; são oxidegradáveis e são Biodegradáveis após a oxidegradação.
    ----------------
    colaboração: Blog Mundo Verde

    28 de setembro de 2010

    O QUE É JORNALISMO AGORA?

    PELEJA - Depois de mais de dois anos sem a obrigação de contratar jornalista com diploma, o atual profissional dessa área é cada vez mais multifuncional. | imagem: Rua da Sardinha
    DÊNIS RUSSO*

    No meio dessa discussão complicadíssima sobre se o jornalismo está morrendo ou não, de repente me dei conta de uma dúvida anterior: afinal, o que é jornalismo?

    Pelo que eu aprendi nos anos em que eu era executivo de uma grande empresa de mídia, jornalismo é uma atividade que faz parte de uma indústria. A indústria chama-se "publishing" – assim mesmo, em inglês (o pessoal da "big media" não gosta da tradução para o português, "editoração", que não tem metade do glamour).

    Publishing, para resumir, é a indústria que vende anúncios, apura e organiza informações e depois vende publicações contendo informações misturadas com anúncios.

    Jornalismo é a alma do "publishing". Ou, numa versão menos romântica, é a isca. Funciona assim: eu saboreio aquela reportagem fabulosa e maravilhosamente informativa e fico tão embevecido que, quando menos espero... Tóim! Fui fisgado por um anúncio de cerveja! Hmmm, que sede! E assim as grandes empresas de mídia juntam o dinheirinho do leitor agradecido ao dinheirão do anunciante e podem pagar pelos seus prédios imponentes e pelo bônus dos seus executivos.

    É isso jornalismo? É o trabalho de emoldurar anúncios com informação útil e agradável? Se é, má notícia. Embora tudo hoje pareça um mar de rosas neste Brasilzão em crescimento, e os empresários de mídia estejam faturando uma nota com a ascensão da classe média, há nuvens bem negras no horizonte. E elas prenunciam uma tempestade tão terrível como a que já está assolando os países ricos, onde jornais estão morrendo como moscas. Num mundo em que informação é excessiva, está ficando difícil cobrar por ela, ainda mais quando se trata de informação industrialmente produzida: em larga escala, padronizada. Num mundo no qual o consumidor está perdendo a ingenuidade e pode filtrar informação, está ficando difícil convencer os anunciantes de que basta esconder o anúncio dele dentro da minhoca jornalística para fisgar clientes. Se essas duas dificuldades não forem resolvidas, bye bye publishing: afinal, o dinheiro da audiência e o dinheiro do anunciante são suas duas únicas fontes de receita.

    É a morte do jornalismo então? Não. É, talvez, a morte da indústria que, ao longo do último século, sustentou o jornalismo. Rest in peace, publishing. Deixará saudades.

    Acontece que, enquanto o publishing desmorona, vão surgir milhões e milhões de oportunidades. Quando grandes indústrias que fazem serviços relevantes desabam, abrem espaço para gente inovadora propondo coisas diferentes. Estamos entrando numa época de experimentação, de invenção, de novidades.

    Até por isso, resolvi sair da grande mídia. Depois de 10 anos na Editora Abril, hoje faço expediente numa empresinha pequena chamada Webcitizen, cujo objetivo singelo é transformar o mundo usando informação. (Se quiser conhecer alguns dos nossos projetos, você pode encontrá-los na web: Vote na Web, Isso não é normal, TEDx São Paulo). Trabalhar aqui do lado de fora da grande mídia é bem diferente de trabalhar lá dentro. Agora que minha atividade não tem mais o abrigo de uma indústria, a luta ficou mais dura. Perdi uns privilégios – acesso fácil a entrevistados com a simples menção do nome da publicação, por exemplo. Agora, a cada projeto novo que inventamos, preciso convencer os entrevistados de que somos sérios, de que sabemos o que estamos fazendo, de que vale a pena gastar tempo conosco.

    Outro privilégio perdido é o acesso fácil ao leitor. Como ele já tinha uma relação com a revista onde eu trabalhava, estava sempre disposto a me ouvir. Qualquer frasezinha que eu escrevesse lá ganhava automaticamente uma audiência de centenas de milhares. Agora, aqui fora, eu sou uma voz entre milhões na cacofonia da internet. Se o que eu escrevo é relevante, maravilha. Se não, será solenemente ignorado. Essa experiência nova me faz pensar bastante sobre a pergunta que coloquei no título deste texto: o que é jornalismo? Jornalismo não é apenas a atividade de uma indústria.

    Jornalismo é uma atitude: é ser curioso diante do mundo, é ser humilde para fazer perguntas e é ser transparente na divulgação da informação, revelando ao máximo todos os interesses envolvidos. Eu não sei como vai ser o futuro do jornalismo. Na verdade, em nem sei mais o que é jornalismo: essa palavra já não significa quase nada para mim. Eu não sei se blogueiros amadores são mais ou menos jornalistas do que repórteres profissionais que não fazem nada além de reproduzir press-releases. Eu não sei se a palavra "jornalismo" será usada daqui a 10 anos. Eu não sei se todos os jornais do mundo vão falir ou se alguns vão se reinventar a tempo. Eu não sei se o modelo de negócios das grandes empresas de mídia vai ser suficiente para sustentar os prédios imponentes e os bônus dos executivos. Mas de uma coisa eu sei: continuaremos precisando de gente que tenha a atitude de um jornalista.
    Se eu fosse dar um conselho só seria esse: concentre-se na atitude, não no modelo de negócios. 

    *Dênis Russo é jornalista, trabalhou como diretor de redação da revista Superinteressante e esteve à frente de projetos especiais da Editora Abril. Apesar de ser “do impresso”, como costuma dizer, herdou do convívio com os cibernéticos do Vale do Silício mais do que a mania de dominar o mundo. Hoje é diretor de conteúdo da WebCitizen, empresa que estimula o engajamento cívico e aproxima cidadãos e seus governos por meio da cultura digital. 

    Twitter: @denisrb
    ----------------------

    Texto original do e-book Novos Jornalistas - Para Entender o Jornalismo Hoje, uma coletânea de textos sobre as habilidades que os jornalistas modernos devem ter. Saiba se você, colega, já ficou ultrapassado. Mas encare numa boa, suspire fundo e recomece. Todos os autores concordam num ponto: o momento é de investir na independência.
    Baixe AQUI o seu livro em PDF.

    26 de setembro de 2010

    PREGUIÇOSA

    ÓCIO - O marido de uma mulher muito preguiçosa viajou pra voltar cinco dias depois. Apoiando sua preguiça, ele deixou uma torta grande para a mulher e colocou-a em seu pescoço. Ao retornar, a mulher tinha morrido de fome três dias antes. A torta só foi comida na parte perto da boca. | imagem: Portuguese
     VALDÍVIA COSTA

    Fiquei preguiçosa depois que transformei esse "defeito" em minha subsistência. Desde pequena tenho quem arrume minhas coisas, faça minha comida e me deixe mais dengosa. Nunca precisei trabalhar. Meus pais sempre me deram tudo o que quis, inclusive os diplomas mais disputados para me sentir útil. Ainda soube escolher um bom marido! Aprendi com minha mãe a me escorar no que o outro tem.

    Mesmo assim, para não me sentir totalmente inapta, arrumo a carreira do meu companheiro, projeto duas vidas de dois filhos e ainda administro uma grande casa. Tudo só de nome, porque quem faz tudo mesmo são meus empregados. Chato ter que mentir, mas fazer o quê?! Não sei de muita coisa... e o que eu aprendi sempre me parece uma chatice, logo me desinteresso e abandono.

    Uaaah... Até pra escrever sobre mim tenho muita preguiça! Passo o dia todo dormindo e ainda assim, cedo da noite, nem dou tempo de sentir vontade de transar, caio na cama e durmo feito uma pedra. Meu marido reclama, diz que eu fiquei pra traz na corrida dos mercados competitivos. Quem liga?! Ele é quem está perdendo tempo com sermões. Digo que sim com a cabeça e pronto, tudo certo.

    Também tive cuidado ao procurá-lo. Homem que é muito sensível, que gosta de ler e vive falando igual a professor, nota mais as coisas. Esses concursados não. São muito tecnicistas. Nem ligam se a casa está arrumada ou não, nem reclamam se as crianças estão mal educadas... Gosto mais assim. Dá pra enganar todos até chegar uma "boa hora" pra eu procurar o que fazer.

    Não ligo se estou perto dos 40! Minhas amigas que não têm pais trabalhadores, que deixam heranças para os filhos, nem tampouco conseguiram um bom marido como o meu, que se desesperem para trabalhar! Eu finjo muito bem que passei o dia todo ocupada. Faço quinze roteiros tipo "dia atarefado" pra meu amado não perceber que fiquei largada, de bobeira, o dia todo.

    Ao invés de cuidar em "arrumar uma carreira pra me dedicar e me destacar com o que eu faço", como me "aconselham", vou guardando um dinheirinho que sobra das compras grandiosas de fim de ano pra uma possível "fase ruim". (suspiro) Agora que ele arrumou umas doencinhas de trabalho, como úlcera, depressão crônica e outras, nunca se sabe quando pode acontecer minha viuvez...

    23 de setembro de 2010

    MACUMBA COM JAZZ

    SOFISTICAÇÃO - Bem elaborado, o som baiano agradará geral porque traz elementos sonoros de todo o mundo. | imagem: Sortimentos
    VALDÍVIA COSTA

    Desde a Idade Média, a base de instrumentos dos grupos populares é formada por tambores ou caixas. A mais antiga referência à participação de negros na criação desses ritmos é genericamente definida por batuques, como bem descreveu José Ramos Tinhorão, pesquisador de música. Que tal fusionar esse ritmo afrobrasileiro com um jazz? Não fica ruim, hem?! Ouçam a atual big band Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz

    Casamentos assim eram pesquisados por Cecília Meireles. Ela era folclorista, escreveu sobre música. Entre um livrinho e outro, lá estava Cecília, perambulando nas festas negras, absorvendo os batuques. Tinhorão descobriu que foi com esse instrumental que negros africanos começaram a participar das festas públicas no Brasil colônia. Batuques atravessadores do tempo... tum-tum-tum-bá, tum-tum-tum-bá... crescem no som novo baiano, alegres, como bons batucadores, macumbeiros. 

    A Orquestra Rumpilezz faz, tanto no estilo big band como nos ritmos do jazz e nos tambores macumbeiros, a cabeça de qualquer um. Tomara que abafe de vez o axé music, que nada tem de original, nem de tradicional, muito menos de Vanguarda. O maestro Letieres Leite foi quem criou a Orkestra, um grupo de sopro e percussão. As composições e os arranjos são concebidos a partir das claves e desenhos rítmicos do universo percussivo baiano. 

    Eles curtem tanto percussão que têm cinco músicos tocando atabaques, surdos, timbaus, caixa, agogô, pandeiro e caxixi. Mas a banda é bem maior. Tem 14 músicos de sopro (quatro trompetes, quatro trombones, dois saxes alto, dois saxes tenor, um sax barítono e uma tuba). As composições são inspiradas dos toques dos orixás do Candomblé, de grandes agremiações percussivas como: Ilê Aiyê, Olodum, Sambas do Recôncavo, dentre outras referências rítmicas.


    imagem: Rádio UFSCar

    Letieres montou o projeto em 2006 e desde então a Orkestra Rumpilezz já passou pelo Festival BNB (Ceará), Teatro Vila Velha, além de realizar temporadas na Casa da Bossa, na Boomeranque e no Pelourinho Cultural da grande Salvador - BA. Nos shows da Orkestra, boas participações como as de Ed Motta, Armandinho, Carlinhos Brown, Toninho Horta, entre outros. Eu estou viciada! Confesso que fazia tempo que não escuta uma sequência de músicas tão diversas, instigantes, cheias de nuances. É caprichado o trabalho, confiram no vídeo abaixo.

    Já o livro de Cecília, é a escrita desse som africanizado, abrasileirado e aberto a mais etnias. Era a forma poética musicalizada como ela via esses valores musicais se desenvolvendo, ganhando formas das mais diversas no Brasil de 1920.


    imagem: Afrocorporeidade
    INTRODUÇÃO - (...) Particularmente na década de 20 começaram a aparecer estudos sobre o folclore brasileiro e a identificação dos ritmos característicos desta cidade. (Rio de Janeiro) Com origem nos batuques e relacionado às pessoas que praticavam cultos afro-religiosos, o samba foi se desdobrando ricamente do ponto de vista musical, coreográfico, poético e social. (...) O samba carioca tem seu lugar merecido nomeado pelo IPHAN como patrimônio cultural do Rio de Janeiro, e aos fenômenos a ele associados podemos creditar a mesma importância, pois, a raiz é a parte fundamental de qualquer criação. (...) (Lélia G. Soares diretora do instituto Nacional do Folclore)

    São 70 páginas com 35 desenhos grandes, 35 desenhos pequenos e 35 textos-legendas ilustrando cada desenho. Na primeira página desenhada foram mostrados alguns lápis de giz de cera e em vários desenhos identificamos o seu uso além de carvão, aquarela e nanquim. Não há divisão de capítulos, apenas os assuntos comuns foram agrupados sequencialmente. O livro retrata as décadas de 20 e 30, no centro do Rio de Janeiro (2ª ed., Ed. Martins Fontes, 2003).

    Depois de descrever minuciosamente um vestido de uma baiana que vira três personagens no início do livro, a escritora reflete: “Será isto uma fantasia? Parece antes tratar-se de restos de costumes diversos dos vários povos negros transplantados para o Brasil.” No segundo capítulo, ela fala sobre o batuque, o samba, o carnaval, os que fazem o cortejo carnavalesco e sua ambientação musical. 

    "O bamba é o parceiro da baiana", diz, descrevendo homens que faziam batuques. O batuque e o samba representam restos de rituais primitivos, segundo Cecília. "O batuque derivou-se da escola de capoeiragem". Os movimentos são expressivos e reveladores nos desenhos da escritora. "Passos cadenciados, pousando os pés com cautela, um adiante do outro". Esse é o Batuque, samba e macumba.
     
    imagem: AEL Cecília Meireles
    Cecília Meireles é pouco conhecida como folclorista, mas chegou a realizar diversas conferências na década de 30, a partir deste trabalho, que só foi publicado em 1983, patrocinado pela Funarte e Banco Crefisul. O livro teve pouca circulação e tiragem reduzida. Fez diversos estudos, participou do Primeiro Congresso de Folclore junto de Câmara Cascudo, Gilberto Freire, entre outros. Mas pouca referência e algumas nem citam a obra. Há 100 anos Cecília começou a escrever suas primeiras poesias.


    -------------------
    colaboração: Afrocorporeidade

    22 de setembro de 2010

    XÔ, ASSÉDIO!

    DRIBLE - Gritos, perseguição e maus tratos no trabalho são o tripé do assédio moral, prática abominável para a Justiça. | imagem: Simples soluções
     VALDÍVIA COSTA

    Como não deve estar feliz uma ex-funcionária de uma empresa de João Pessoa! Feliz em parte, pois a outra metade dela já foi terrivelmente atingida por uma prática ainda não estipulada como crime, com Lei própria, mas já repudiada pela Justiça brasileira. Falamos do assédio moral, que causou várias doenças nessa mulher vitoriosa, mas que agora receberá uma conciliação milionária pelos danos.

    A notícia é da semana passada, mas é boa e vale ser difundida diversas vezes pra mostrar aos descrentes que a justiça pode ser feita. Em audiência do juiz Arnaldo José Duarte do Amaral, na 9ª Vara do Trabalho de João Pessoa, representantes de uma empresa, condenada por assédio moral, concordaram em pagar uma indenização no valor de R$ 1.265.000,00 a ex-funcionária.

    Quando soubemos respondemos à colega Paula Brito esfuziantes! "É possível se fazer um mínimo de justiça neste Estado tão ultrapassado e recorrente nessas práticas medievais. Relembrei nossa luta no movimento Novos Rumos em 2008, nossa intolerância com essas práticas, apesar de sofrê-las no dia a dia, e nossa audácia em dizer aos superiores, colegas e a todos o quanto nos incomodávamos...", escrevemos e enviamos para os grupos de comunicação.

    Para que tenhamos em mente a consciência de que errados são os assediadores e não nós, que nos defendemos denunciando. De acordo com a notícia publicada no Portal Correio, os milhões serão pagos em 32 parcelas, a partir do próximo dia 11 de outubro, em valores entre R$ 20 mil, R$ 25 mil e R$ 50  mil/mês. No processo nº. 00751-2008-026-13-00-3 (2009), a empresa foi condenada por danos morais e materiais em audiência da juíza substituta Mirella D’arc de Melo Cahú Arcoverde de Souza.

    imagem: Curiosidades de Ana
    Caso - A ex-funcionária, provavelmente uma jornalista, relatou que trabalhou na empresa por dois períodos e sempre se destacou no trabalho, já que conseguia atingir metas acima do esperado por seus superiores. Pelo desempenho foi promovida cinco meses depois de contratada, ficando responsável por sucursais em vários estados do Nordeste. Em razão de condutas ilegais praticadas pelo diretor-geral da empresa e outros funcionários, adquiriu doenças irreversíveis. Ela hoje recebe auxílio-doença por sofrer de quadro depressivo associado a fibromialgia, com quadro degenerativo da coluna vertebral e outras doenças. Os laudos médicos confirmaram que as doenças estão relacionadas ao trabalho. Enquanto esteve na empresa, a ex-funcionária sofreu inúmeras pressões psicológicas, sendo acusada de crime de falsidade e recebeu várias ameaças de demissão. Ela diz que foi obrigada a atingir metas que considerava desumanas, além de ter que pressionar funcionários a cumpri-las, quase impossível.
    O que você faria numa situação como esta? Muitos seguem, sem medir esforços, pra conseguir "as metas" da empresa, e passam por cima do ser humano que está do lado. Outros deixam o emprego, a profissão, a cidade. Mas poucos denunciam. Leiam texto raivoso de maio de 2008 sobre o assédio moral nas redações.

    Xô, assédio! 
    (publicado pelo NOVOS RUMOS)

    O movimento de oposição sindical é totalmente intolerante quanto ao assédio moral nas redações. Uma prática jurássica, que se repete ao longo dos anos, sem que os novos jornalistas encarem como uma atitude abominável, visto que somos letrados e preparados para lidar com a comunicação. Determinados profissionais devem adotar posturas mais resistentes em relação ao assédio. Tudo começa pelo ato de se informar. Pautados para guiarem intelectuais ou pessoas dotadas de pré-requisitos mínimos para lidar com informação e conhecimento, os chefes dos jornalistas - que também são jornalistas - na maioria das vezes, se acham o máximo. Com mau humor, estresse altíssimo e uma falta de noção terrível, eles exigem e punem, muitas vezes, com desrespeito profissional, sem escrúpulo algum, como nas práticas militarescas de antigamente. Desconfio que nem na Polícia Militar tem tanta reclamação de "superiores" que afetam a saúde do funcionário como em redações jornalísticas. Em quase todas elas, o problema sempre é o mesmo, em se tratando de assédio moral. Qualquer erro é motivo para o escracho, a maioria das vezes, em público. O perfil que se cria com essas atitudes é de um profissional sempre subalterno e sem atitudes inovadoras. Por outro lado, a criatividade, grande aliada do jornalismo, não surge em ambientes assim. E a produtividade é baixa, com os maus tratos no trabalho. Mas quem for chefe e usar desses artifícios deve estar afirmando que não há outra forma de tratar jornalistas. E eu, desafiadoramente, digo que sim, tem como tirar produtividade da equipe. Mas, com investimento em reeducação e preparo. Não conheço nenhuma redação, de rádio, TV, impresso ou site, na Paraíba que motive seus funcionários de maneira correta, com capacitação e oferecendo recursos mínimos para a execução do trabalho exigido. Podemos afirmar, em nossas andanças de campanha sindical, que tem redações sem condições de trabalho. Algumas não têm nem o obsoleto gravador, que dirá ferramentas mais eficientes. Muitos jornais reclamam da falta de dinheiro em seus cofres, da falta de venda, no caso dos impressos, e da falta de matérias interessantes para se criar um público maior. E tudo acaba sendo culpa do repórter. Mas, se houvesse um reconhecimento pelo suor derramado, além do engessado salário, talvez houvesse mais empenho ou amor ao meio de comunicação em que o jornalista está empregado. A bonificação é praxe em grandes indústrias que querem tirar muito além das suas metas. Alguns empresários a utilizam para conquistar um compromisso a mais do funcionário. Na Paraíba, nem assinatura de jornal os repórteres recebem como gratificação. E isso sempre é pedido nas convenções entre empregadores e sindicato. Perante o cenário de total falta de estrutura física nas redações e de reciclagem dos jornalistas, como ser desumano nas cobranças? Sendo um chefe ou editor cara de pau, como a maioria se mostra ser. Porque só sendo descarado para escandalizar e se divertir com a restrição do outro. Se todos eles tivessem capacitação para a liderança, o que não têm, talvez essa prática sem retorno produtivo do assédio moral fosse extinta.

    21 de setembro de 2010

    ROUPAS DE FIOS DE COMPUTADOR

    ÚTIL - As roupas eletrônicas causam satisfação em quem elabora pela utilidade. Quem veste não se sente um lixo, pelo contrário, sente-se limpo por reciclar  | imagem: Kärcher Blog
    VALDÍVIA COSTA

    Muitas são as tentativas de reciclar e fazer o bem ao planeta. Este vestido produzido pela designer Tina Spakles, por exemplo, possui muitos metros de fios de computador que iam para o rumo costumeiro do lixo. Que tipo de sensação esse molho de fio causou aos participantes deste desfile? A beleza visual que o vestido proporciona foi mais arrebatadora do que uma possível conscientização sobre a importante reciclagem da informática que a designer sugere?

    Com a criação e o aparecimento dessas roupas eletrônicas e sustentáveis, iniciada pela cantora americana Katy Perry, que usou um vestido brilhante em diferentes cores, a moda passou a fazer parte do portfólio de muitos estilistas. Tina Spakles encontrou nessa nova moda uma forma de criticar o consumo e o problema do lixo eletrônico. Mas quem vê ou consome moda, sabe da importância de uma peça dessas?

    Para a sua ultima coleção, Tina criou vestidos feitos de fios de computador reciclado, o que já foi uma grande iniciativa, visto que emperramos numa forma de reutilizar tais máquinas e o lixo eletrônico constrói verdadeiras ilhas de inutilidades. A estilista explorou apenas uma forma de como o nosso ecossistema se relaciona através do vestido de fios. Cada fio do computador é uma situação em sistema cíclico que interage com todos os outros sistemas dentro do vestido.

    Com a tendência, apostamos na conscientização de cada ser que vai a um desfile de modas somente para abastecer as pilhas do consumo visual ou material, no caso dos profissionais que fazem negócios com essas novas investidas modísticas. A cantora Katy Perry usou um vestido cheio de luzes recentemente.

    imagem: MSN Verde
    As roupas eletrônicas ficaram mais conhecidas depois que ela usou um vestido que brilhava em diferentes cores, graças a luz LED embutida. Os estilistas começaram então a desenvolver mais peças eletrônicas, o que chamou a atenção não só para o efeito visual, mas também para o nível de sustentabilidade que elas possuem. A designer Tina Sparkles, além de criticar o consumo e o problema do lixo eletrônico em sua nova coleção, tem um objetivo: fazer com que cada um vista o seu próprio lixo.

    E aí, já pensou em sair com uma blusinha cheia de visores de todos os celulares que você descartou há anos, desde a evolução desse aparelho? Que tal uma bermuda cheia de eletrodos desgastados dos mp3 que seu namorado já jogou lá pra trás das coisas da gaveta? Se depender de nós, blogueiros e tuiteiros, que usamos outros aportes eletrônicos para nossas postagens, esse lixo só tende a aumentar nos armários, mesas... Só a criatividade para nos salvar de um afogamento in high tech!


    20 de setembro de 2010

    CALÇADA

    INTROSPECTO - Para os dias reflexivos... poesia de junho de 2004 | imagem: Nescritas
    VAL DA COSTA

    Dispersos passos
    indignos da minha calçada.
    Uma hora marcam um caminho
    outra, só passam.

    Quantos pés pisam o tempo?
    Ninguém nota, eu anoto.
    Cinco milhões se enfurecem
    outros cinco só andam.

    Nas calçadas, nos calçados
    não há marcas do tráfego.
    Penso, olhos nos pés no chão.

    Quando já é madrugada
    espia calada a calçada.
    Ninguém pisa nela.

    17 de setembro de 2010

    FORRÓ NO CURRÍCULO ESCOLAR

    POSSÍVEL - Os estudos do músico Silvério Pessoa, agora especialista em psicopedagogia, propõem a inserção do forró nos temas transversais do currículo escolar. | imagem: Extreme

    O FORRÓ COMO CULTURA POPULAR:
    Da celebração do povo aos currículos escolares

    Faculdade Frassinetti do Recife - Fafire
    Especialização em Psicopedagogia


    SILVÉRIO LEAL PESSOA

    Resumo
    Esta pesquisa está voltada para os Estudos Culturais e para área de Didática dos conteúdos específicos. Tem como objetivos investigar a relevância do forró como cultura popular e estruturador da identidade de um povo, e propor a inserção do forró nos temas transversais do currículo escolar. Utilizando de pesquisa bibliográfica, este estudo tem início com a análise dos conceitos de cultura popular e hegemonia.

    Analisa também o processo de globalização e como as novas tecnologias da comunicação e do mercado, influenciam a adoção de padrões culturais por parte da escola pública diferentes dos padrões culturais dos seus alunos e alunas. O currículo é averiguado como espaço de resistência e que envolve a construção de significados e valores culturais.

    Entretanto, não é um estudo que vai de encontro ao diálogo cultural, multicultural, pois avalia o conceito de hibridismo vinculado à identidade e subjetividade dos alunos e alunas em constante contato com diversas culturas. Assim, esta pesquisa não parte de uma perspectiva ortodoxa, isolando as culturas, e sim de uma interação e integração cultural averiguando o forró como possível fortalecedor de uma identidade, para daí iniciar o processo de diálogo. Para que essa proposta seja efetivada, o forró e a cultura popular devem ser inseridos como temas transversais do currículo escolar.

    Palavras-chave: Cultura popular; forró; Hibridismo; Currículo escolar.

    imagem: show de forró de Silvério

    1 Introdução O forró, a cultura popular e o currículo escolar têm sido motivo de vários estudos nas últimas décadas, por motivo do impacto que a globalização e a pós-modernidade causaram sobre a identidade de uma região e consequentemente de um povo e de um lugar específico. São vários os conceitos que envolvem o que se comumente denomina-se cultura popular.

     Seus agentes são geralmente os trabalhadores advindos das classes sociais sacrificadas economicamente e habitantes do interior; Sertão, Agreste e Zona da mata, ou seja, distante dos centros urbanos das capitais. O forró é cultura popular, identifica um povo, e é da classe trabalhadora rural que geralmente surgem os sanfoneiros, zabumbeiros, e as festas que consolidaram o forró como um gênero que aglutina além da música, o ritmo, a indumentária, a culinária, a dança e a literatura de cordel.

    É cada vez mais difícil para a cultura popular conseguir ser “bloco de resistência” diante do processo da pós-modernidade e da globalização. Novos fatores influenciam diretamente para que a cultura popular sofra alterações ou ameaças em suas matrizes, por exemplo: o mundo virtual, as redes sociais, (Facebook, Orkut, Twitter, Myspace) os jogos eletrônicos, as TVs, as antenas parabólicas e os calendários culturais das cidades, nos quais as expressões artísticas advindas do mundo da cultura popular terminam sendo contempladas como manifestações folclóricas e caricaturadas.

    Nesse contexto, o forró ocupa um espaço conquistado, histórico, e mesmo com o novo mercado fonográfico priorizando novas maneiras de ouvir músicas, como o Iphone, o Itunes, o mp3 e o download, o forró continua sendo um referencial para identificar um universo classificado como nordestino, popular, cultural, artístico e folclórico.

    Por outro lado, a escola pública, historicamente vem sendo solicitada pelo sistema econômico vigente para dar conta das transformações sociais que são resultados dos novos modelos de mercado aplicados arbitrariamente pelo capitalismo, tais como o mercado globalizado e o surgimento de novos padrões culturais que chegam às escolas, inclusive através dos alunos que recebem influências desses padrões pela TV, rádio, internet e publicidade.

    São modelos e padrões que distanciam os alunos de suas origens e matrizes culturais. Portanto, as novas maneiras de entender a cultura popular e o currículo escolar diante das novas ferramentas tecnológicas, vêm passando por novos estudos, principalmente por teóricos da America Latina, favorecendo assim uma compreensão mais próxima da realidade do Brasil e consequentemente do Nordeste.

    São os novos desafios da escola pública no Brasil, diante dessas ferramentas tais como o Orkut, o Twitter, o Facebook, os sites de música, o mp3 e o download. Tais ferramentas confrontam as tradições com a modernidade e a pós-modernidade, estimulando uma nova forma de modelar o cotidiano das crianças e dos jovens diante de um mundo globalizado. Ao mesmo tempo que provoca reflexões de como a cultura popular e a escola estão entendendo esse novo panorama do mundo atual modernizado e como se “defendem” ou se “hibridizam”. CANCLINI (1999, p. 17).

    De acordo com o autor, a escola e os meios eletrônicos têm sido, desde os anos cinqüenta, a principal via de acesso aos bens culturais. O conceito de cultura popular, antes rígido em sua maneira de preservação e multiplicação, agora passa por reflexões que envolvem novos termos, pois a escola recebe os alunos que trazem novas maneiras de linguagem, de se vestir, de discutir o mundo, e de novas formas de aquisição do conhecimento.

    imagem: Dança
     Como saber quando uma disciplina ou um campo do conhecimento mudam? Uma forma de responder é: quando alguns conceitos irrompem com força, deslocam outros ou exigem reformulá-los. Foi isso que aconteceu com o “dicionário” dos estudos culturais. Aqui me proponho a discutir em que sentido se pode afirmar que hibridação é um desses termos detonantes. CANCLINI (1989, p. 17) O que antes era cultura popular, hoje em contato com a diversidade cultural acessada através da internet, TVs, rádios, e das novas formas de deslocamentos dos povos que representam essa diversidade, como os movimentos migratórios de grupos do interior do Nordeste para os grandes centros urbanos, transformou-se em um complexo agrupamento cultural no qual o hibridismo é um novo termo que pode colaborar para entender esse novo momento.

    Uma cultura híbrida pode ser reconhecida como mantenedora do seu padrão cultural de origem, enquanto dialoga com outras formas de valores e olhares sobre o mundo. O Hibridismo é o diálogo e a combinação entre culturas, e pode acontecer no interior da escola pública quando a cultura do coletivo que frequenta a escola pública se vê diante de novos referenciais culturais. Cabe à escola pública através do currículo escolar, fortalecer a história cultural do coletivo e ao mesmo tempo abrir caminhos para o conhecimento de outras culturas sem perder a matriz original do grupo. É nesse momento que acontece a hibridização.

    O forró como cultura popular vem sofrendo a ação da hibridização desde os anos 40 (Figura 2), quando o rádio tornou-se veículo da nacionalidade do povo brasileiro, e posteriormente, com o surgimento do mercado das gravadoras e da chegada através das programações das rádios da música que vem de outros mercados, principalmente o norte-americano. Do baião criado por Luiz Gonzaga até os tempos atuais, o forró vem sendo ornamentado com outros elementos que não fizeram parte de sua origem, conquistando ares contemporâneos e resistindo como música de um povo. Os novos elementos que foram absorvidos pelo forró são por ex: as guitarras, os sintetizadores, as novas situações expressadas pelos textos que não apenas a seca, a fome, o gado, o vaqueiro etc.

    O forró como cultura popular, o currículo escolar, o novo mercado globalizado, a identidade e a subjetividade, serão os temas tratados nessa pesquisa e o que motivou a realização da mesma é o momento oportuno e adequado de discussão inserido nas academias, escolas, instituições sociais entre os sujeitos diretamente envolvidos com esse universo tais como professores, professoras, lideres de comunidade, gestores culturais e principalmente a classe artística. O cotidiano da escola pública vai declarar se o padrão contemplado através da prática cotidiana, seja do fazer pedagógico dos professores, seja através da seleção dos livros didáticos, da própria visão conceitual que a escola pública tem de cultura, folclore, tradição, está favorecendo a afirmação da identidade do aluno ou se por outro lado, favorece ao modelo hegemônico de um sistema econômico que assedia a cultura popular observando seus agentes como prováveis consumidores. É a luta de classes encontrada no cotidiano escolar.

    Politicamente essa pesquisa observa se a escola pública é uma reprodutora dos modelos econômicos ou se pode ser um espaço de resistência criativa diante desse labirinto pedagógico e cultural. A identidade de um sujeito é o esteio sobre o qual ele forma seu mundo em contato com o mundo dos outros, é a identidade que fortalece o mundo no qual foi construído um referencial de símbolos, imagens e uma vida coletiva, e a escola deve fortalecer e assegurar esse mundo recebido em seus domínios. Quando a escola pública trabalha um padrão cultural que não está relacionado com o mundo do aluno, trava a relação entre o aluno e a escola.

    Ao mesmo tempo cria problemas na aprendizagem, efetivando um ato de conflito e contradição. Esse fenômeno acontece no espaço escolar através do livro didático, da prática pedagógica e das matrizes curriculares. É o que veremos também na presente pesquisa. Para efetivar esse estudo, utilizou-se de análise bibliográfica de autores relacionados à pesquisa com os estudos culturais, educacionais e com o currículo, averiguando os temas no atual panorama de um mundo globalizado e pós-moderno com as inovações das novas tecnologias, optando por autores vinculados à pedagogia crítica. Esta pesquisa apresenta a partir do segundo capítulo, o conceito de cultura popular relacionado com os movimentos migratórios e o conceito de hegemonia.

    Relacionando a crise da cultura popular com o surgimento do mundo pós-moderno e do sistema econômico globalizado, afetando diretamente a hereditariedade da cultura popular e questionando o papel da escola pública nesse contexto. Finaliza o capítulo uma reflexão sobre o conceito de “trânsito” de Paulo Freire. O terceiro capítulo discorre sobre a identidade e a subjetividade, procurando rever os atuais conceitos e as tensões imbricadas na procura pelos significados que camuflam uma luta de classes existente, quando o terreno de tensão é a escola e a abordagem sobre as diferenças. No quarto capítulo o forró entra em cena.

    A abordagem esclarece sobre o forró como música popular ou música folclórica, o significado do termo forró e discorre sobre a dança, ritmos e dimensão. Associa o surgimento do forró no contexto dos movimentos migratórios, da expansão do forró através do rádio e registra a criação do baião por Luiz Gonzaga. Ainda nesse capítulo, um enfoque importante reflete sobre o Nordeste contendo uma identidade própria versus o Nordeste estereotipado.

    imagem: Bacurau
    O quinto capítulo é sobre o currículo escolar. O capítulo apresenta o conceito de currículo, o currículo como espaço de resistência, currículo o multiculturalismo e a mundialização, a globalização, o conceito de hibridismo, o hibridismo na escola pública e o currículo e a pedagogia critica. Nesse capítulo a pesquisa prepara o terreno conceitual para a proposta registrada no capítulo seguinte. O sexto capítulo apresenta o forró e a cultura popular como temas transversais ou eixos transversais do currículo.

    Delineando o que são os temas transversais, é nesse momento que a pesquisa sugere exemplos e possibilidades dos Possíveis conteúdos envolvidos na proposição de ter o forró e a cultura popular inseridos no currículo escolar como temas transversais. Esta pesquisa procura, através de uma abordagem teórica, analisar a relação da cultura popular com a identidade dos alunos e alunas que frequentam a escola pública estadual ou municipal e propor a inserção do forró como cultura popular nos temas transversais do currículo escolar.

    Investigar a relevância do forró como cultura popular, bem como questionar sobre o que ocorre com as culturas populares, o currículo escolar, a escola pública e a sociedade, frente ao processo da globalização. Por fim, Analisar a importância dos estudos sobre cultura popular e refletir, através de proposição, a pertinência do tema forró como um elemento que favorece a melhoria da prática educativa nas escolas públicas fortalecendo a subjetividade e identidade dos alunos.

    BAIXE A MONOGRAFIA COMPLETA E LEIA

    13 de setembro de 2010

    BUDOS DOS METAIS












    imagens: Budos


    VALDÍVIA COSTA

    O que um bom naipe de metal não faz numa música! Não é à toa que a galera, mesmo sofrendo pra arrastar uma penca de músico por aí, vive criando orquestras ultimamente. Por ser um tipo de som muito consumido mundialmente, a notar pelo capricho das bandas ao preparar um álbum, o estilo rende. Dessa forma, a guerreira Budos Band está de volta com seu novo LP, "The Budos Band III" (Daptone).

    É, LP. Outro mimo que os trampos mais rodados do planeta estão voltando a produzir. Com os destemidos funk, soul-jazz e groove, a banda sai pra batalhar mais admiradores. É possível que ela seja a melhor nesse estilo generoso, com um naipe de prima, que surgiu nos últimos cinco anos no Brooklyn (Nova York) da união das jam sessions semanais.

    Gravado pela Daptone Records (TNT) e produzido por Bosco Mann em Bushwick, o CD é o terceira feito para um filme "durante as sessões semanais, com cerveja e entre 150 shows ao vivo nos últimos dois anos", segundo o site da banda, que gravou tudo em 48 horas, em janeiro de 2010.

    Um detalhe especial que chama a atenção no disco é a capa, com uma imensa e ameaçadora cobra Naja pronta para um bote. Os rapazes já gostam de animais peçonhentos, visto que as duas primeiras capas dos CDs foram dois escorpiões, um em cada, sendo que o segundo CD foi um EP. A cobra representa um ataque para fora de todos os sentidos, "com uma tendência para os venenosos e psicodélicos".

    Em outras palavras, os músicos disseram que o animal simboliza algo como "o Budos está sobre você". Só não explicam como isso acontece (se numa situação de catarse pelo som ou num ataque megalomaníaco). Confiram o making off do filme que terá a trilha sonora feita pela Budos. Reparem na confecção do registro, bem como no som... e delirem.

    Deller e Mike Carbonella John (Car-Del), com os registros Dunham estúdio - primeiro single da trilha sonora do longa-metragem, Postales.


    ----------------
    colaboração: Original Pinheiros Style e Budos Band

    12 de setembro de 2010

    ESCREVEREMOS


    ESCORREGADIO - Jofrey vive rabiscando, mas já trocou a fala pelo olho, que é mais dedicado em autoconhecer-se... os dedos do escritor estão satisfeitos com ele assim. | imagem: Palavras ao café

    VALDÍVIA COSTA

    Vendemos frases. Não como as rezadeiras que vendem ervas para purificação ou cura. Mas como esperançosos revolucionários desejando, no íntimo calabouço das vontades herméticas, transformar com palavras.

    Uns sonham com sensações, arrumam letras das mais apuradas e se frustram com o desentendimento dos leitores. Outros apenas usam a escrita como veículo imediato para disseminar rápido uma curta mensagem.

    E ainda há os que dependem da inspiração regada do olhar vasculhador para a leitura e dela para uma ideia. Esses só narram sacações alienígenas, só encontram fontes se tiver interesse no assunto e descrevem pouco, poetizam.

    O mercado abarca os fabricantes de palavras, valoriza os destros e canhotos com sua moeda, mas não de maneira justa. Escrever é emprenhar-se. Quando se publica algo, impresso ou virtual, é a exposição de um filho anunciado.

    Como comerciantes de textos temos mãos ágeis, mente infinita de possibilidades do pensar, unidos, tocando letras igual pastores arrebanhando ovelhas. Quando ligadas, amarradas, parágrafo a parágrafo, são um estilo.

    Escreveremos as mudanças. Só processamos e difundimos fatos? Não. Contudo há um receio que se retroceda à época medieval para se apresentar uma ideia. Enfim, pode-se opinar! A escrita é um refúgio, compartimento sem direção certa.

    10 de setembro de 2010

    O COLETIVO DO BAILE MUDERNO

    DESEMBARQUE - Quatro amigos contam histórias nordestinas modernas musicadas pelo genuino eletrônico paraibano num coletivo fusionado em novos sons | imagens: divulgação

    VALDÍVIA COSTA

    Quando ouvi Cátia de França cantando Baile Muderno, delirei. Acho que foi também porque tinha um arrastado eletrônico Chicorreano. Quase um ano depois conheci o autor da letra, que é mistura fina de uma poesia moderna e nordestina concatenada com um som suspense, autointitulado de coco selvagem. Jonathas Falcão, que criou o Baile, também compôs e faz letras como quem escreve bilhetes. Ele é o Seu Pereira no Coletivo 401.

    Peguei um desses papeizinhos ("Lelê") e encontrei um clip na net. "Os compositores modernos são totalmente virtuais", pensei. Num contexto de transformações significativas surgiu, há dois anos, o grupo Seu Pereira e o Coletivo 401, capitaneado por Falcão, a "nova safra de artistas paraibanos". Com um trabalho original, autoral e inédito, que mostra a cultura nordestina e retrata o cotidiano das pessoas no trabalho e no amor, a banda toca em busca do primeiro CD, que sairá ainda este ano.

    Formado por quatro amigos que trampam juntos há quase 10 anos, Thiago Sombra, Esmeraldo Marques e Victor Ramalho com Seu Pereira, o coletivo atua na cena de João Pessoa, mas já deu altas voltas por outros Estados. Eles tocam a música contemporânea com sotaque nordestino. Sambafunk e rock com a cantoria de viola e coco de embolada. Jonathas Falcão é cantor e compositor desde 1996. "Lelê", música do videoclipe abaixo, gravada por Chico Correa & Electronic Band, ganhou prêmios e rolou na MTV.

    DE ACORDO COM " - Diante da variedade de mídias na atualidade e com o tráfego intenso de informações, parece que aumentou a quantidade de compositores brasileiros, visto uma negociação mais rápida entre as pessoas com as novas tecnologias. Como você observa essa proliferação de "novos compositores"?

    JONATHAS FALCÃO - Eu creio que a proporção de novos compositores em relação a 20, 30 anos atrás, é equivalente ao número de novos brasileiros profissionais em várias áreas. Na copa de 70, que nem é tão distante assim, cantávamos: “70 milhões em ação, pra frente Brasil...” Quarenta anos depois somos cerca de 190 milhões, bem mais que o dobro. Esse é um ponto. Outro lance é que hoje, artista, e principalmente ‘tocador de violão’ não é mais visto como vagabundo. Existe um deslumbre muito grande. Quem não quer ser cantor? Ganhar a vida num palco? Recentemente eu baixei na Internet o CD ‘Tudo que respira quer comer’ de um compositor brasileiro já calejado, chamado Carlos Careca. Talvez apenas 2% dessa população de 190 milhões de brasileiros o conheça, o que é uma pena. Mas voltando ao assunto. Tem um trecho de uma canção nesse CD que diz: “Porque você quer ser artista? Porque você quer ser cantor? O campo precisa de gente, não tem mais agricultor.” E é isso, depois que dois agricultores bonitinhos deixaram de colher tomates e se tornaram milionários através da música, as novas gerações de jovens caipiras se espelharam nisso, compraram suas violinhas e hoje tem uma enxurrada de duplas sertanejas batendo cabeça pra conseguir cantar no Faustão ou no Raul Gil. E isso podemos transferir também pra os roqueiros e suas guitarras, os forrozeiros e suas sanfonas, sambistas e seus pandeiros e etc. Mas o que eu acho mais importante é ser honesto com a música, ou melhor, ser sincero consigo mesmo. Tem quem suba no palco por status, pra pegar menininhas ou menininhos e entrar na onda. Outros sobem por necessidade, por encontrar na música a melhor forma de se expressar. Quando o artista não tem escolha, quando percebe que não será feliz sobrevivendo de outra profissão, não tem o que fazer, é colocar o violão debaixo do braço e ir à luta. É aí que me encaixo. E é essa sobrevivência que eu busco.

    " - Atualmente também existe uma facilidade em produzir novos e diferentes sons, a exemplo da união entre você e o Chico Correa, encontro entre os bits e as histórias interioranas nordestinas, o tradicional e o moderno. Como se deu essa união e que tipo de aprendizado se tira ao se unir duas pontas tão extremas como estas?

    JF - Na verdade a minha união com Chico Correa é consequência das conexões que ele vem fazendo já há 10 anos. Conexões entre a música tradicional nordestina, que é uma das minhas paixões, com a música eletrônica, e conexões entre músicos de todo canto. Chico Correa é um dos poucos caras aqui na Paraíba que procura ao máximo agregar outros artistas ao seu trabalho. Ele, pra mim, é um dos mais inventivos da cena musical paraibana. As canções tradicionais de domínio público, que geralmente viram arquivos e mimos de pesquisador nas estantes de CDs, foram pra pista de dança aqui graças a ele. A molecada passou a dançar o verdadeiro coco moderno de Odete de Pilar ligago em 220 watts. É natural que isso aconteça. O Nordeste não tem mais a mesma cara de antes. O chapéu de couro e o vestido de chita é coisa de grupos folclóricos. As histórias interioranas não estão muito distantes das histórias da Capital. Eu amo tudo que vem do interior da Paraíba, principalmente a cantoria de viola e os cocos, mas esses estilos já não circulam com frequência por lá. As feiras e praças estão cheias de carrinhos de CD pirata vendendo Aviões do Forró e outros similares. Eu trago recortes autorais dessa cultura um tanto esquecida pra agregar aos samples de viola e tambores eletrônicos do trabalho de Chico Correa. No primeiro CD do grupo foram gravadas duas canções minhas baseadas justamente nessas cantigas de coco. E isso é só o começo de nossa parceria. Hoje, eu canto no palco do Chico Correa: “Mandei buscar, na China meu laptop, pra tocar um coco pop, pro povo daqui dançar. Mandei ligar, o fio na eletricidade, no fim só fica saudade, quando a tela se apagar.”

    " - Na música Baile Muderno, você descreve uma festa pela visão de um interiorano que já esteve no evento e tenta convencer uma gata triste a ir com ele se divertir. Que baile moderno é esse? Você se inspirou em alguma situação do cotidiano?

    JF - Essa canção tem uma história bem interessante. Comecei a fazê-la inspirado no próprio trabalho de Chico Correa, daí o título Baile Muderno. Mas tem alguns trechos dela, a exemplo de: "há de se ouvir distante, a radiola encantada", que me remete à infância, quando a minha avó falava sobre meu tataravô, que certa noite saiu por dentro do mato seguindo um som de batuque que vinha de longe e, por mais que ele andasse, não conseguia alcançar a festa. Quando ele se viu perdido no meio do mato foi que lembrou que tinha dito naquele dia: "Hoje eu vou pra um forró nem que seja no inferno". Eu fico imaginando se ele chegasse num Baile Muderno hoje, ele realmente ia pensar que tava no inferno. hehe Mas essa canção tem vários outros trechos que remetem ao cotidiano. Quem nunca tentou convencer um colega na fossa a sair pra curtir a noite? O mais interessante é que essa canção acabou sendo uma continuidade de "Lelê", a outra música minha do disco, que diz: "Lelê, por que tu foi embora? Lelê, por que tu foi embora? Por que me deixasse aqui, Lelê, ai! Eu penso em tu toda hora". Aí, o pessoal que fez o clipe de Lelê percebeu que Nãna, de Baile Muderno, é a garota triste que chora por Lelê: "Ô Nãna vem mais eu, dançar num Baile Muderno. Ô Nãna vem mais eu, a noite tá me chamando. Ô Nãna vem mais eu, teu amor se foi no mundo. Ô Nãna vem mais eu, não fique em casa chorando”. Um dia eu faço o desfecho e fecho a trilogia. hehe

    " - Para você, o que é o mercado de música independente?

    JF - Engraçado, tem um trecho em Baile Muderno que diz: "Bota um trocado na cuia, pra eu interar a passagem." Eu vejo o mercado da música independente bem assim mesmo. Antes, todo artista sonhava em fechar contrato com gravadora. Hoje, o sonho de todo artista independente é conseguir ser o centro das atenções na Internet. Assim, o cara vai garantir um bom público nos shows. E se neguinho conseguir ganhar um cachê de R$ 1.500,00, tá lindo. O problema é que artista independente, ainda depende de leis de incentivo a cultura pra divulgar e manter sua arte. Eu larguei o meu emprego na publicidade pra dedicar mais tempo à música. Mas só tô conseguindo gravar o primeiro CD da minha banda graças ao FMC – Fundo Municipal de Cultura de João Pessoa. O desejo é que esse CD abra o caminho pra verdadeira independência e que o nosso público encha bem a nossa cuia de trocados pra interar as passagens pros shows por esse país a fora.

    " - "No coletivo 401 viajam referências, ideias, passageiros anônimos ou não, que, entre uma parada e outra, deixam no interior do coletivo matéria-prima pra uma nova música, uma nova poesia, que conte o cotidiano da cidade e do mundo". Quem viaja atualmente no coletivo e quais são os caminhos a serem percorrido daqui por diante?

    JF - Como eu falei, a banda tá gravando o primeiro CD, estamos no processo de finalização. Também tô produzindo o site da banda já pra disponibilizar as canções na Internet. A ideia é divulgar bem o trabalho e depois dar uma circulada com o Coletivo 401 por São Paulo, Rio, sentir o clima da estrada, vê se no meio do congestionamento a gente tem perspectiva de chegar numa boa ao destino desejado. Quem viaja comigo no Coletivo 401 é Thiago Sombra, baixista arretado do bairro da Torre, Victor Ramalho, que faz da bateria a sua religião e Esmeraldo Marques, guitarrista também conhecido como Chico Correa. Além desse pessoal, segue no coletivo uma infinidade de gente, gente que curte e acredita no nosso som e que sempre vai ter um lugarzinho reservado nessa nossa viagem.

    BAILE MUDERNO - "...Eu vou ligar na tomada 34 auto-falantes, ah de se ouvir distante a radiola encantada. Hoje ao entrar madrugada, pode anotar no caderno, no giro do eixo interno, retine a voz do coquista! Se aprochegue pra pista que isso é um baile muderno. (...) No rodopio do dia, a agulha não sai do risco, traz a sacola de disco, não esquece o CD de Lia. Hoje ao fim da tardezinha, em meio a mudernagem, vai rolar coco selvagem domesticado na unha, bote um trocado na cúia, pra eu inteirar a passagem..."

    LELÊ - "Lelê, por que tu foi embora? Lelê, por que tu foi embora? Por que me deixasses aqui? Ah Lelê, eu penso em tu toda hora... De noite faz tanto frio, no peito espinho de palma, não me peça pra ter calma, não me peça pra ter calma... Vou assanhar meus cabelos, vou borrar o meu batom, vou batucar no terreiro, te xingar fora do tom..."

    9 de setembro de 2010

    VERDES PACIFICADORES

    INDEFESOS - Numa guerra diária contra os sacos plásticos, castores transformam inimigos em aliados. | Angeli: Antes que a natureza morra

    VALDÍVIA COSTA

    Muitas são as formas de contribuir para o fim do mundo. A nossa relação com a água, por exemplo, é de extravio e desmedidas que nem notamos. Desde pequenos aprendemos coisas inúteis que geram grande consumo de água. Lavar a calçada, o carro, uma casa, sofás e até telhado (vê!) são atividades, além de obsoletas, desnecessárias. Mas em qualquer lugar que se vá, as pessoas esquecem a torneira ligada. O dia inteiro desperdiçando ouro...

    Usar sacolas plásticas é um tiro de canhão que derruba qualquer tartaruga viajante ou baleia tragadora de água. Parece que todos os sacos acabam em alto mar. O saco passa um tempo no lixão, depois sai pra algum lugar, pelas mãos ou pelo vento, e aterrissa onde correntes de ar são constantes, fortes e transportadoras de coisas leves, como os sacos nas praias.

    Praias são lugares repletos de pessoas. Gente que leva, no mínimo, uns dois sacos pra o litoral. Duas sacolas vezes mil visitantes diários, em média, dá dois mil sacos boiando da segunda pra terceira camada de água salgada do mar. Esse lixo plástico se mistura com os bichos, plantas... tartarugas 'pensam' que são águas-vivas, comem... e os sacos continuam chegando ao fundo do mar, se enroscando nas carcaças de navios naufragados.

    De onde vem nosso amor pelo saco plástico? Dos supermercados. Eles nos viciaram... Tal qual noiados (viciados em crack), pensamos que estamos recebendo um presente do dono do supermercado ao nos degladiarmos com os atendentes por causa dos sacos. "Coloque mais três sacolas, por favor, meu filho, que esses sacos são muito fracos", diz a senhora que não confia num único saco pra carregar cinco ou seis itens do mercadinho.

    tartarugas: Terapias complementares
    Não é a toa que muitos atendentes de supermercados estão passando por clínicas de recuperação para quem lida com viciados em sacos. Eles não acreditam quando pedimos pra colocar as compras numa eco bag (nome fashion para sacola de pano). "Vou colocar num saquinho pra separar os frios, viu?", pergunta o embalador, que logo é interrompido pela defensora do planeta: "não! Quero tudo soltinho aí dentro da sacola de pano!"

    Em meio a tanta gente louca que quer destruir o planeta, mas acha que está apenas comprando, satisfazendo um desejo inacabável que é o de consumir desenfreadamente, precisamos estar atentos para não nos tornarmos maus. Catamos uns testes que confirmam se somos assim, sujeitos anti-sustentáveis.

    carro: Galiza
    A revista Planeta Casa apresenta dois testes, um que mede o impacto de sua casa ou obra no meio ambiente; e outro que investiga quanto você gasta de água, será que dá para diminuir o consumo?

    A Pegada Ecológica foi criada para nos ajudar a perceber a quantidade de recursos que utilizamos e quantos planetas Terra são necessários para o nosso padrão de consumo.

    A Pegada Ambiental é a medida de quanto cada pessoa polui o planeta. Em geral, o termo é usado para descrever quanto CO2 uma pessoa libera com a queima de combustíveis fósseis num ano. A medida é feita em toneladas de metro cúbico de CO2.

    A Conservação foi criada para nos ajudar a perceber a quantidade de recursos naturais que utilizamos para suportar o nosso estilo de vida. Isso inclui a cidade e a casa onde moramos, os móveis, as roupas, o transporte, o alimento, o que fazemos nas horas de lazer, entre outros hábitos.

    8 de setembro de 2010

    QUEM É MAIS HUMANA?


    CONVERSÃO - O humano muitas vezes vira máquina, e o natural é estar no ciberespaço, totalmente inconsciente da vida... | imagem: Val da Costa

    VALDÍVIA COSTA

    Respiro o que dá pra sugar desse ar repartido. Divido o espaço com ela, a devoradora das belezas. Mete-se na frente do natural, aparece do nada e se faz notada. Apesar de bonita em cores e formas, ela é montagem humana, eu não.

    Fico a regar as plantas, iluminar a terra escura ou poeirenta, inspirar a um poeta apaixonado. Ela, a tremular, corre por pontos concorrentes em segundos, atrai os olhares e vai embora, levada pelas correntes fortes do Sul, fugaz e insolente.

    Não reclamo porque, afinal de contas, entendo que ela não tem noção do que é nem do que eu sou. Ela só faz isso porque foi feita para aparecer. Eu não sei pra que fui feita, mas não tenho dono, nem roteiro. Apenas existo e sou alvo por isso.

    Ficamos, as duas, no céu. Tarde da tarde nos encontramos, às vezes. Ela, ignorando seu estado inanimado, passa esnobe num semi-círculo desenfreado na minha frente. Também não sou obrigada a falar com quem me é indiferente.

    Mesmo que esse ser não saiba de si nem de mim, eu que nada também posso saber, não me obrigo a dar-lhe algum entendimento. Ainda mais hoje, que estou cheia de coisas tristes, enjoada com esse itinerário permanente da constelação solar...

    6 de setembro de 2010

    ISRAEL DO TURISMO


    JERUSALÉM - Belo contraste do ouro com as construções desprovidas de cor, como moradas de pedras... desejos de evolução talhados à força do conflito. | imagem: Rafas Tours

    VALDÍVIA COSTA

    A falsa ideia de conhecermos algo nos impede de esticarmos a curiosidade. Agora, por exemplo, quando informamos as pessoas que vamos a Israel fazer reportagens para o projeto Caminhos de Cristo em Jarusalém, a primeira reação é a de muchocho: cara de quem não entendeu bem ou de não ser um lugar fashion pra o turismo. Uns arriscam conselhos vencidos: "lá, eles não gostam de jornalistas!" Há muito mais para se aprender sobre lugares assim do que sonha nosso preconceituoso saber.

    Devido ao fato de termos telespectadores viciados em programas repetidos ou requentados, já absorvendo, sem nenhum poder de troca, o que os programadores televisivos produzem, as pessoas nem lembram sequer o que é Israel. Mas com as iniciativas independentes como a da Union Comunicação, que vai realizar a terceira viagem internacional com este projeto, podemos saber atualidades da Terra Santa.

    E o que se pode saber de um lugar que há 60 anos a ONU o transformou em Estado? Que Israel surgiu pra dar destino à Palestina, idealizando a criação de dois estados, judeu e muçulmano. Mas conflitos entre a nova nação e as nações árabes da região fizeram com que só o estado judeu prevalecesse. Isso também se deu por causa de uma indenização histórica pelas perseguições e genocídio sofridas pelos judeus ao longo dos séculos.

    Por seguir o lema sionista, “uma terra sem povo para um povo sem terra”, já dá uma curiosidade de saber como criou-se o estado judeu. Mas, ao contrário do lema, eles encontraram nesse lugar muitos palestinos. Com as guerras que se seguiram, restou aos dois povos uma grande tragédia individual e coletiva, sustentada por ódios seculares. Hoje Israel é tensa em seus conflitos permanentes, porém com caminhos históricos e religiosos atrativos e promissores.

    imagem: Umadguar
    HOJE - Como surgiu do conceito utópico do movimento sionista de Theodore Herzl, dentro de todas as catástrofes sofridas pelo povo hebreu no século XX, Israel superou os sofrimentos, a intolerância, o genocídio, e tornou-se uma realidade. Na sua comemoração de 60 anos em 2008, ele foi divulgado como um dos estados mais desenvolvidos do mundo por ser moderno, ter mais de 6 milhões de habitantes e abrigar pessoas de todo o mundo, com os mais diversos costumes.

    Nesta busca por uma identidade, Israel terá que aprender a conviver com os vizinhos da região, formada pelos árabes. Apesar desses conflitos, o local não para de se desenvolver e uma das vertentes mais fortes é o turismo religioso. Devido à história de Jesus Cristo passar por várias partes de Israel, principlamente por apontar Jarusalém como o centro da narrativa cristã que predomina no Ocidente, esse é um dos roteiros mais procurados anualmente.

    imagem: Comissariado Terra Santa
    TURISMO - Localizado numa região geográfica e climaticamente diversificada, Israel possui montanhas cobertas de neve ao norte e áreas desoladas ao lado de cidades modernas e vibrantes. Pela sua rica história e a santidade das três religiões monoteístas existem muitos locais antigos e sagrados preservados. Segundo o Ministério do Turismo de Israel, 1,6 milhões de pessoas visitaram o estado no primeiro semestre de 2010.

    Isso representa um aumento de 39% em relação ao mesmo período de 2009 e de 10% no primeiro semestre de 2008. Entre os fatores principais do crescimento estão a mudança da política local e o crescimento da peregrinação evangélica a Israel. Turistas da América do Sul, principalmente do Brasil, aumentaram as visitas nos últimos meses.

    imagem: Canção Nova
    TERRA SANTA - Israel foi considerada no século XIX como a utopia de um estado judeu propagada pelo movimento sionista. Foram muitas as perseguições. Durante a Idade Média, os filhos de Israel foram expulsos da Europa, além de se tornarem alvo do Tribunal da Inquisição, sofrendo conversões, torturas e mortes nas fogueiras.

    Somente com o incentivo do movimento sionista ocorreu a migração à Terra Santa. Em julho de 1906, na Convenção dos Judeus de Yafo (Yeshurun Club), Arieh Akiva Weiss, recém-chegado da Palestina, propôs a criação de um novo bairro fora de Yafo. Em 1909, é feita a cerimônia do sorteio de lotes de terra de Tel Aviv, bairro que se separaria de Yafo, a maior cidade judaica do mundo.

    Com o fim da 1ª Guerra Mundial, o já decadente Império Otomano fragmenta-se, a Inglaterra herda a Palestina e a península do Sinai (hoje parte do Egito) como uma colônia britânica. A população árabe, maioria, reagiu à colonização européia. Também os judeus, que chegavam todos os dias, desejavam um estado judaico independente. Com a 2ª Guerra Mundial, uma outra tragédia: o holocausto e a morte de seis milhões de judeus.

    Por causa disso houve uma migração em massa dos israelitas europeus à Palestina. Diante da divulgação do genocídio nazista ao povo judeu, o mundo indignou-se, a ONU reparou a injustiça nazista. A Inglaterra deixava definitivamente a colônia da Palestina. O movimento sionista pregava: só um estado judeu poderia evitar as perseguições e as tragédias. E em 14 de maio de 1948, os judeus ganharam Israel, um estado independente.

    ---------------------
    colaboração: O guarda de Israel, Virtuália e Israel Hoje