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31 de março de 2008

*cinema* retorno dos cineclubes de CG


RETORNO - os dois cineclubes das universidades de Campina Grande

28 de março de 2008

*OPINIÃO* MARCOS BARRETO - Por que uma empresa deve investir em cultura?


"O agradecimento do artista" - ANTÔNIO AMARAL


Para responder a esta pergunta, talvez seja melhor, inicialmente, invertê-la: Por que a cultura deve receber investimentos? Embora os meios de comunicação, cada vez mais, tratem cultura como sinônimo de entretenimento, e se perceba nas ações culturais e artísticas principalmente seu valor como fonte de distração e lazer, é preciso entender a cultura em seu sentido amplo, em seu real papel.

A cultura é o elemento que garante a todos – criadores, artistas e platéias – o direito à celebração de sua identidade, à manifestação de sua sensibilidade e emoção, desenvolvendo, a um só tempo, o espírito crítico, a imaginação e o sentido de coletividade, num processo de conscientização, sociabilização e transformação social. Até porque, toda transformação social tem mesmo seu começo no interior de cada indivíduo. Num mundo cada vez mais fragmentado, violento e sem rumos definidos, nada poderia fazer mais sentido.

Assistir a uma peça de teatro, entrar no universo de um filme, participar de um show musical, ler um livro: experiências culturais são viagens no tempo e no espaço, são mergulhos no fundo da alma, que recuperam memórias e sensações, evocam as próprias vivências e abrem espaços para novos aprendizados. Viver as potencialidades da cultura equivale a participar de uma época, de uma história, de um povo, de um país, de um momento específico do mundo. É celebrar, individual ou coletivamente, a experiência humana sobre a terra.

Vista por esse prisma, a cultura passa a merecer recursos da empresa mais do que pelos falados atributos da arte e dos eventos artísticos em prol das corporações, tais como permitir a utilização de incentivos fiscais, viabilizar a execução de estratégias alternativas e qualificadoras da comunicação empresarial ou mesmo ser um instrumento para a demonstração de sua Responsabilidade Social.

Elementos preciosos e valorizados, especialmente num momento em que a competitividade entre as empresas aumenta; os diferenciais dos produtos concorrentes e a comunicação utilizada por eles se igualam; as estratégias empresariais exigem mais resultados com menos recursos; e os acionistas não só cobram maior retorno por seu capital investido, mas também o fazem exigindo como condição para seu investimento empresas mais bem administradas e bem vistas nas comunidades em que atuam.

Analisando o real papel e potencialidade da cultura, o que justifica o investimento empresarial é seu aspecto social, sua capacidade de transformar o mundo à sua volta. E é exatamente isso que deve perceber a empresa que investe ou que tem interesse em investir em cultura.

Já vai longe o tempo em que o retorno buscado ao se patrocinar eventos restringia-se à veiculação da marca da empresa em cartazes, anúncios e demais materiais gráficos voltados para divulgá-los e a criar uma empatia junto aos chamados “formadores de opinião”. Vai longe também o tempo em que acertar numa ação de Marketing Cultural era investir recursos, antes do concorrente, na nova peça teatral do ator da telenovela de maior audiência do momento. Do mesmo modo, está com os dias contados a lógica que avalia o sucesso das ações culturais empresariais apenas pelo número de pessoas que ocupam as platéias dos eventos.

Em breve, não será mais aceita a possibilidade de uma empresa manter todos os parâmetros de qualidade, eficácia e foco em resultados quando o assunto é a produção e comercialização de seus produtos, e deixar que seus esforços institucionais e culturais sigam critérios abstratos e totalmente descomprometidos com a modificação dos cenários com os quais interage.

Pelo contrário, vem aí um momento em que as ações culturais empresariais – tendo como foco a real transformação dos públicos aos quais se dirigem – serão mais do que um reflexo da competência exigida e praticada em todos os setores da empresa. Serão, isto sim, um referencial sobre a visão e os compromissos da instituição, junto a seus diversos públicos, demonstrando a todos a postura que norteia aquele grupo de seres humanos – repletos de emoções, sentimentos, memórias e identidades – que conhecemos por Empresa.

Extraído do livro "Do Marketing ao Desenvolvimento Cultural".

10/08/2006 - Marcos Barreto Corrêa tem atuado nos diversos campos do mercado cultural ao longo dos últimos quinze anos, oito dos quais como Gerente de Marketing Cultural da Telemig Celular. É autor do livro "Do Marketing ao Desenvolvimento Cultural”, no qual analisa o relacionamento entre empresa e cultura. Nos últimos anos, tem apresentado sua experiência profissional e suas reflexões em palestras, cursos e encontros, em cidades de todo o Brasil.
Contato: desenvolvimentocultural@hotmail.com
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Fonte: Cultura e Mercado/Cultura e Pensamento

*Coluna* VAL DA COSTA - Detonando o “Chacrinha moderno”


BIAL - Novo Chacrinha ou bobo da côrte?

Ninguém liga se o Big Brother Brasil (BBB) está manipulando a todos descaradamente há oito anos. Ainda não vimos nenhum movimento contrário ao programa (e até a outros programas do gênero, totalmente comercial) da Rede Globo de Televisão. Será que o mundo célebre do sucesso imediato pira tanto as pessoas que a gente fica meio que tentado a tentar ser um brother? Eu me toquei quando recebi um e-mail revelando os valores do BBB.

Cada um dos paredões rende R$ 8 milhões aos cofres ricos da Globo, segundo o informe, em ligações telefônicas. Por que damos tanto dinheiro a quem já tem? É repulsiva a nossa posição de telespectadores passivos. Resolvi não assistir mais ao BBB, nem de relance.

Fiquei feliz em saber que alguns cidadãos também estão atentos a esta letargia coletiva sobre produtos midiáticos (que se vende pela televisão). Esta semana, circulou na internet um e-mail no qual o técnico de Segurança da Plataforma P-XVIII da Petrobras, Carlos Augusto Lordelo Almeida desabafa suas críticas ao apresentador do programa, o Pedro Bial.

Contundente, o trabalhador que arrisca a vida numa plataforma, longe da família, como os brothers, mas sem a promessa de receber R$ 1 milhão caso saia vitorioso do confinamento, questiona a postura do jornalista em chamar os participantes do programa de “heróis”.

“Para minha surpresa, durante uma ou duas vezes o senhor, ao chamar os participantes para aparecerem no vídeo o fez da seguinte maneira: - Vamos agora falar com nossos heróis! (...) O senhor chama aqueles que passam alguns dias aboletados numa confortável casa, participando de festas, alguns participando até de sessões de sexo sob os edredons, falando palavras chulas e no fim podendo ganhar um milhão de reais, de heróis?”, relata o operário.

Agora, Pedro Bial, o “Chacrinha moderno”, segundo o próprio jornalista global, mudou a forma de tratamento com os brothers. Ninguém sabe se esta mensagem influenciou-o, mas em vez de “heróis”, nesta oitava versão, Bial os chamava de “bananas”, em tom pejorativo, claro.

Bananas e heróis à parte, precisamos tomar posicionamento. Proteste. Se quiser, receberemos com prazer o seu “grito”. Enfim, eu ainda questiono se o Bial é mesmo tão doente por polêmica midiática. Afinal, dessa dinheirama toda que entra no fim do BBB, quanto ele leva?

Peçam o e-mail “Detonando o Chacrinha moderno” ao autor: carloslordelo@petrobras.com.br / carloslordelo@terra.com.br


Ivete Sangalo ganha cerca de R$ 2 milhões do MinC para fazer shows
É verdade. Ainda desconfiei quando li a nota da coluna Essas Coisas (Correio da Paraíba) , do editor Carlos Aranha. Mas, procurei no Diário Oficial, do jeito que a nota mostrava, e vi. Dois projetos, um de mais de R$ 1,5 milhões e outro de quase R$ 500 mil, aprovados em nome da produtora artística da cantora, Madeirada Produções e Eventos. Na mesma página do Diário Oficial, que você acessa pelo Google, colocando a data de 20 de dezembro de 2007, tem mais coisas. Gravação de CDs aprovados com recursos de R$ 70 a RS 100 mil é o que mais tem.

Quando a gente produz um trabalho artístico de qualidade e envia um projeto para a Lei Rouanet e não é aprovado, eles alegam que a gente deve utilizar os incentivos locais, como o Estado ou o município. Cada projeto na Paraíba aprovado pelo Fic Augusto dos Anjos, que é o mais bombado de grana, tem um teto de R$ 100 mil. Quando vai uma proposta de um CD de mais de R$ 20 mil para eles, não tem choro, eles cortam.

Me pergunto porque não há esse controle no MinC, visto que a quantidade de artista e produtor cultural é maior e menos assistenciada do que as estrelas da Rede Globo, que já têm seus milhões garantidos com royalties e contratos com marcas consolidadas no mercado. Essas políticas públicas estão é muito mal distribuídas, pois excluem e geram concentração de renda em poucos “artistas” e “produtores”.

Fiscalizar a verba de incentivos à Cultura é dever dos gestores públicos, afinal é dinheiro arrecadado com impostos, ou seja, o nosso suado dinheirinho que vai patrocinar quem já é rico, como Ivete Sangalo.


Micarande multicultural???
Os artistas de Campina Grande (PB) estão “se coçando” por causa de uma declaração recente do prefeito Veneziano Vital do Rego. Ele disse que a Micarande é um evento multicultural porque agrega diversos públicos para ver as atrações artísticas “ecléticas”. E o multiculturalismo pregado realmente é isso: uma ação política. Só que de cunho comercial e de péssima qualidade.
Vamos a um conceito do termo multiculturalismo, do pesquisador Francis Mulhern (Londres, 2000):

“El discurso multicultural es aquel en el que la cultura, definida como fuere, habla de si mesma”.(Culture/Metaculture. Routledge, London, 2000. p. 14)

É o discurso no qual a cultura interpela sua própria generalidade e condições de existência, segundo o mesmo autor. Então, voltando à questão local, nós não temos um multiculturalismo em tese, mas em prática. Misturamos nosso forró ao axé e a outros eventuais ritmos musicais.

Porque isso nos incomoda?
Simplesmente porque não somos bestas de pensarmos que Veneziano está interessado em promover a fusão da nossa cultura com outras culturas ao realizar a Micarande. O que ele quer é manter uma relação comercial com a “máfia do axé”, mas só não sabemos se ele percebe que, comercialmente, a cidade não está lucrando nada com isso.

*artes* - Caravana da Cultura Paraibana em Cajazeiras


PRODUTIVO - população de Cajazeiras está em contato com a carvana desde o início da semana

A Caravana da Cultura Paraibana já está rolando na cidade de Cajazeiras, no Alto Sertão paraibano, e mostrando artistas como Wilson Fiqueiredo, Régis Cavalcanti, Chico Dantas, Bruno Steinbach, Alexandre Filho, Fred Svendsen, Clovis Júnior, Ivanusa Pontes, Dadá Venceslau e Flávio Tavares. Até o dia 29 deste mês, a sede é o hall do Teatro Iracles Pires.
A exposição reúne quadros de artistas plásticos convidados e material do acervo da Subsecretaria de Cultura do Estado, que vem organizando a Caravana da Cultura em etapas mensais.
Ainda terá exibições de filmes dirigidos por cineastas também paraibanos, tais como Bruno Sales, Marcus Vilar e Torquato Joel, que serão levados às escolas e praças públicas, bem como à zona rural.
Além dessas atrações, haverá a realização de uma Oficina de Elaboração de Projetos Culturais, no mesmo Teatro Iracles Pires, amanhã e depois. O ministrante é o especialista Ivaldo Gomes. Haverá um debate com agentes culturais e artistas que militam na região sertaneja, amanhã, a partir das 9 horas.
Até que enfim a importância de Cajazeiras como centro polarizador da região sertaneja foi prestigiada por uma política pública. O evento servirá para aprofundar a conversa sobre relações entre produtores e instituições que são fundamentais para a organização e crescimento coletivo, conforme organização do evento.
Jovens gostam da Caravana
As ações da Caravana da Cultura foram iniciadas em junho de 2007 e já percorreu vários municípios da Paraíba, como Belém, Triunfo, Bananeiras, Caaporã, Baia da Traição, Patos, Alagoa Grande, Areia, Pilões, Alagoa Nova, Serraria, Campina Grande e Cuité. Segundo a subsecretaria, tem sido muito proveitoso também a relação com as novas gerações. Os estudantes e moradores vêm se interessando principalmente pelo cinema paraibano.
Interesse pelo Fic
Nas cidades por onde a Caravana passou está havendo um interesse crescente pelo Fundo de Incentivo à Cultura (Fic) Augusto dos Anjos, que anualmente contempla diversos segmentos da produção cultural da Paraíba através de um edital de análise e aprovação de projetos. Em todas as localidades houve as oficinas de elaboração de projetos para as pessoas aprenderem a usar o edital do Fic.
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colaboração: Ascom

18 de março de 2008

*publicidade* DOBRAS AO VENTO - "O ovo voa!"



Para comer com os olhos!
Kusudamas e caixinhas de encher boca e os olhos de cor e água.
E tem também um ovo que voa, com uma história da minha infância para vocês curtirem e que deu (ins)piração para um ovo-balão!
***
O ovo voa!
Era uma vez,
há muito, muito tempo atrás,
uma menina muito, muito pequena foi à escola pela primeira vez.
Ela já tinha ido à escola,
mas aquela outra era uma grande brincadeira,
com uma tia bonita com nome de boneca que passava nas portas das casas pegando todas as crianças pela mão e subindo a ladeiras com elas.
A escola era uma casa com cara de casa, onde todas as crianças da rua podiam brincar juntas.
Será que tinha aula?
A menininha não consegue lembrar de nada sério ali.
E um dia, cansada da brincadeira, ela pediu à mãe para não ir mais.
Mas não deixava de esperar no jardim para ver Emília levando as crianças pela mão.
Ela acenava para todos:
- Hoje eu não vou, não! Tchau!!!
E continuava feliz a brincar.
A brincadeira tinha acabado.
Agora, a escola seria uma coisa séria, com um uniforme feio, livros, lancheira e tudo.
O pai a levou até a porta da sala, que não era tão séria assim.
Era um grande terraço que dava para um parquinho.
Que lugar lindo!
E a professora parecia uma atriz.
Tia Márcia era bem magrinha e tinha os cabelos grandes, lisos, com mechas fininhas douradas.
O livro era uma cartilha chamada Caminho Feliz.
E a menininha entendeu naquele mesmo dia o por quê desse nome.
Ela foi a mais feliz de todas as crianças.
A única que aprendeu a escrever o seu nome no primeiro dia de aula.
E todo mundo teve que escrevê-lo também.
A lição era assim:
Eva viu a uva.
Ivo viu o ovo.
Vovô viu a ave.
Oba!!!
O ovo voa!!!
Viu, vovó?

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eva duarte
DOBRAS AO VENTO
[81] 3429-2190

17 de março de 2008

*coluna* VAL DA COSTA - "Duas das boas!" - FENART e Fic Augusto dos Anjos


Produções do Fic Augusto dos Anjos, “O meio do mundo”, curta-metragem do cineasta paraibano Marcus Vilar, e...

...“O cão sedento”, de Bruno de Sales, foram selecionados para a mostra competitiva do 38º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2005. Provas de que o incentivo ainda está atraindo bons produtores e boas obras.

O momento na Paraíba está bom para se conseguir emplacar um projeto pelo Fundo de incentivo à Cultura (Fic) Augusto dos Anjos, que prorrogou o prazo de inscrição até o próximo dia 10 de abril. Essa é a primeira grande boa notícia, visto que serão investidos até R$ 100 mil por projeto artístico aprovado. A outra boa é que vamos ganhar acesso a atrações musicais de gabarito com a confirmação do Fenart. Depois de três anos, o evento que sempre foi uma extensa vitrine da produção artística paraibana, reapareceu com promessa de trazer a nova voz feminina da Emepebê, Céu, além de outras atrações. É a partir do dia 18, com pouco mais de uma semana de atividades.

Foi através do Fic que vimos o Som na Serra em Campina Grande (2004), o Balaio Pop em Patos (2005), alguns livros, videodocumentários, milhares de CDs serem lançados. Nossa gente escrevendo, compondo, criando e recebendo incentivo financeiro. Esse é o principio motor da produção cultural devidamente coberta pelas iniciativas públicas. Apesar de a classe artística achar pouco o incentivo governamental, essas “míseras políticas” são o que salvam os poucos projetos e não deixam o Estado submerso na ociosidade ou ostracismo total.

Já o Fernart é a vitrine na qual todo produtor e artista independente quer se ver na Paraíba. É quando gente de outros Estados vêm aqui mostrar e levar talentos; é quando temos acesso amplo às atrações, bem como às capacitações; é quando compramos os produtos do nosso Estado e, principalmente, é quando percebemos que essas iniciativas tão cada vez mais capengas e em descrença. Enfim, esperemos para ver e criticar a edição deste ano quando ela de fato começar.


A Cabruêra lançou o CD Sons da Paraíba, também patrocinado pelo Fic, no último Fenart.

Crítica especializada atenta
O que se comenta é que o Fenart deste ano vai causar algum constrangimento, principalmente em relação ao local onde será realizado. André Cananéa, um dos mais atuantes críticos da Cultura do nosso Estado, já escreveu no Jornal da Paraíba que “o comunicado da Funesc já adianta um problema que a fundação tem que contornar neste Fenart”. Ele se refere ao Espaço Cultural, que está interditado pelo Ministério Público, “que impede a realização de shows e eventos barulhentos após as 22 horas na Praça do Povo e no Teatro de Arena”.

De 18 a 26 de abril, para se ter acesso à música, ao cinema, ao teatro, à dança, às artes plásticas, à literatura e aos debates, o presidente da Funesc, Antônio Alcântara, conseguiu estender a tolerância para a meia-noite. Isso quer dizer que tudo deverá ser realizado até este horário, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em Tambauzinho. Depois, voltamos às ruas, à procura de algum gueto que abrigue os amantes da arte e da noite.

Programação
Segundo Cananéa, a programação completa só sai no fim do mês. Os primeiros nomes revelados pela fundação é o do músico Arnaldo Antunes, que será o convidado da Orquestra Sinfônica da Paraíba na noite de abertura; Céu, a ganhadora do Grammy, que mostrará pela primeira vez sua “Malemolência” por aqui; e a ensaísta e crítica carioca Bárbara Heliodora, que é uma especialista em Shakespeare, conforme o jornalista.

Colaboração: ANDRÉ CANANÉA

*Opinião* MANU ALVES - "Um dia é do Cássio o outro é da cassação"


A paraibana Manu Alves é jornalista, assessora e militante da área na cidade de Uberlândia (MG)

Só vou comentar sobre a cassação de Cássio Cunha Lima (PSDB), já que não aparece nada na mídia nacional. Um governador cassado e nada? Cassado duas vezes e ainda no poder através de liminar... Ainda dizem que com a morte de ACM na Bahia, foi-se o último coronel. Sei não. Mas se o pai mete bala em alguém e não acontece nada devido o seu “foro privilegiado”, o qual abre mão por meio de renúncia de seu mandato de deputado federal, no dia 31 de dezembro de 2007, ‘somente’ porque o Supremo Tribunal Federal havia marcado o seu processo pelo atentado a Burity. Ou seja, uma manobra jurídica para protelar ainda mais seu julgamento, que já passa de 14 anos. Quase a idade do meu irmão mais novo. Isso não seria, ainda, o dito coronelismo?

Tarcísio Burity levou bala, porque falou das “supostas” irregularidades (vou usar as palavras certas, porque senão eu que pago o pato) do atual governador “liminarizado” (inventei isso agora), na época em que ele era superintendente da antiga SUDENE.

Como estamos de olho, a última notícia divulgada pela Agência Estado trazia a informação que o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE/PB) rejeitou os recursos apresentados pelo vice-governador da Paraíba, José Lacerda Neto (DEM), e pelo superintendente do jornal A União, Itamar da Rocha Cândido, e manteve a cassação do governador Cássio Cunha Lima (PSDB) e de seu vice, por uso do diário para veiculação de publicidade eleitoral em período irregular. Com a rejeição, ficou mantida ainda a decisão de aplicar multa de R$ 100 mil para Cássio Cunha Lima e para o superintendente do jornal, além de inelegibilidade do governador e de Itamar Cândido por três anos.

Para o Ministério Público Eleitoral na Paraíba, os recursos analisados pelo TRE apenas insistiam em um novo julgamento de questões já debatidas, o que não seria possível na mesma instância. Cabe agora aos advogados apresentar recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Só pra relembrar...
30 de julho de 2007 - É cassado pelo TRE/PB por suposto abuso de poder político em 2006, Uso indevido de um programa social da Fundação de Ação Comunitária (FAC) em benefício de sua candidatura à reeleição durante o período eleitoral de 2006.

10 de dezembro de 2007 – Cássio tem seu mandato cassado pela segunda vez, pelo TER, acusado de usar o jornal estatal ´A União´ para fazer promoção pessoal antes durante a campanha de 2006.
O governador recorreu das duas decisões ao TSE e, em ambos os casos, conseguiu liminar para continuar no cargo que ocupa até hoje.

Só quero ver...
O povo vota de novo, mais uma vez e novamente. Sem educação, orientação e as coisas do jeito que estão lá pelas bandas do Nordeste, só mudam as legendas, mas os apertos de mãos continuam os mesmos... "vão-se os anéis e ficam os dedos" (fechados, entre a mão deixando apenas o médio esticado para o povo.)
Viva a nossa democracia! Ponto ponto ponto...

Conheça mais as idéias dessa paraibana antenada no seu Mundo da Lua

*Poesia* Ao dia da poesia... que já passou, mas ficaram os versos


Monumento a Carlos Drumond, em Capacabana (RJ)

O Dia Nacional da Poesia (último 14) coincide com a comemoração do nascimento do grande escritor baiano Castro Alves. Poeta do Romantismo, o autor fez belíssimas obras, como o “Navio Negreiro” e “Espumas Flutuantes”. Sua arte era movida pelo amor e pela luta por liberdade e justiça. E essa é a mesma luta de muitos outros poetas brasileiros. A todos os seres poéticos, nossas atrasadas mas sempre verdadeiras congratulações!

Em João Pessoa
Desde a última sexta-feira, a data está sendo lembrada pelo Sesc Centro com duas exposições dentro do projeto Parede Poética, em João Pessoa. Poesias de André Ricardo, Ricardo Anísio, Pedro Osmar, Oliveira de Panelas, Lúcio Lins, Cristina Guedes e Políbio Alves podem ser lidas no local até o próximo 14 de abril.

Astier Basílio
Uma pequena mostra do que é produzido no Estado. O homem das letras paraibanas da modernidade, Astier Basílio.

CÍRCULO DENTRO
DO CÍRCULO (EM PRETO)

Vivemos sob o medo, sob o cerco
de ser livre. Uma ditadura sem governos,
onde o bem e o mal são feitos
das mesmas perguntas. Um invisível enterro

inauguramos. O inimigo é em movimento.
O inimigo é por enquanto. O inimigo, por dentro
de todos, os tempos. O inimigo não é o mesmo.
Minha maldição não ganha prêmios.

Se a pedrada vira estátua, o beco
é sem saída. E é aqui que eu desço.

*Visitem mais as letras do poeta em seu espaço

11 de março de 2008

*opinião* A Periferia do mercado - FRED ZERO QUATRO



Quem acompanha os cadernos culturais dos grandes jornais ou até mesmo os quadros sobre comportamento e cultura dos programas de maior audiência das tvs – abertas ou por assinatura – tem ouvido e lido com muita frequência a expressão “estética da periferia”. Esse fenômeno à primeira vista poderia ser entendido como um grande avanço democrático, ou seja, uma revisão de postura por parte da grande mídia brasileira.

Confesso que tenho avaliado todo esse oba-oba, esse deslumbramento, essa exaltação com certo ceticismo. Acho mesmo que é um misto de oportunismo e hipocrisia, o que move os detentores dos meios, e a motivação última, inconfessa, pode ser essencialmente política. E o pior é que toda a encenação tem contado – como sempre – com a prestativa colaboração de um bom número de artistas e intelectuais do, digamos assim, centro.

Um badaladíssimo e muito talentoso artista plástico e designer gráfico – além de, segundo sua própria definição, “prático na inserção social” – me enviou uma mensagem muito gentil e educada, há alguns meses, convidando-me a participar de um projeto. Na condição de curador de uma espécie de exposição itinerante e interativa, ele solicitava as opiniões de pessoas que atuavam na área. Essas colaborações seriam, segundo ele, impressas num catálogo a ser distribuído durante a mostra.

No final ele dizia: “Achei melhor fazer algumas poucas perguntas para que cada um desse de maneira breve seu ponto de vista sobre este assunto” . Em seguida agradecia, pedia urgência a anexava 8 perguntas sobre o tema “pra você escolher pelo menos 3”.

As que eu escolhi foram estas:
1- Qual e a importância da estética que vem da periferia?
2- Como você percebe esse movimento de estética que vem da periferia e, cada vez mais, é aceita para o consumo amplo da sociedade?
3- Por que o mundo do poder está mais atento à voz da periferia?

E eis como as respondi:
1- No meio da década passada eu escrevi uma música que tinha um refrão inflamado, dizendo “não espere nada do centro, se a periferia está morta/ pois o que era velho no norte se torna novo no sul”. O saudoso Chico (Science) gostou tanto que se ofereceu pra cantar conosco na faixa, que foi lançada em 96, no disco GUENTANDO A ÔIA. Hoje, sinceramente, acho que existe muita embromação neste conceito de “periferia”. Em tempos de internet, MTV, celular praticamente de graça…Acho que em muitas instâncias a insistência em usar a suposta dicotomia centro/periferia é só mais uma forma dissimulada de camuflar a dimensão econômica e histórica do tecido social. Como diria Elio Gaspari, experiente pesquisador da fauna humana da América Latina, o que sempre se deu por essas bandas - e isso não tem mudado quase nada, a despeito dos avanços tecnológicos - foi uma dicotomia real entre CAVALCANTIS e CAVALGADOS. Acho que no momento atual, os Cavalcantis fingem que gostam - e até fazem questão de disseminar – de alguns tipos de estética que vêm de alguns Cavalgados, mas só dos tipos que não oferecem nenhum risco à manutenção da cavalgada…
2- Acho que os donos da mídia latinoamericana estão assustados, e com razão. Basta ouvir com alguma atenção algumas letras de bandas como Racionais MCs ou Faces da Morte (ou alguns compositores mais radicais de funk underground carioca, que fazem o gangsta americano parecer gospel), para ter certeza de que algo precisa ser feito pra tentar imunizar as periferias contra essas mensagens perigosas. Então que tal massificar Calypso, Calcinha Preta ou Marlboro? Nunca ouvi nem sequer MV Bill numa trilha de novela global…
3-Assim chegamos ao viés político da questão, que é essencial. Em várias regiões da América Latina, temos tendências semelhantes. A ascensão de líderes originários da base da pirâmide (cavalgados chegando ao poder pela primeira vez em séculos!) ou “oportunistas” disseminando um discurso e uma linha programática “populista”. Sem dúvida é um momento de ruptura histórica, que certamente tem reflexos no imaginário simbólico e cultural. Os “magos” do marketing político/eleitoral vêm sofrendo sucessivas - e humilhantes - derrotas nas urnas, justamente por relutarem em admitir que os cavalgados (a imensa maioria) estão cada vez mais arredios ao discurso e à lenga lenga empolada e aristocrática com a qual a elite política vinha se mantendo no poder séculos a fio. Então é natural que a mídia comece a rever seus conceitos…
Ao final agradeci muito educadamente a lembrança do meu nome. Fiquei aguardando os convites para a exposição, que aconteceu no Museu de Arte Moderna Aluisio Magalhães (Recife), e ganhou destaque em todos os veículos impressos e eletrônicos locais – assim como já havia ocorrido na versão carioca do projeto. Aguardo os convites até hoje…

Basta tomarmos como exemplo o que acontece com a música “de periferia” atual do Recife, para constatarmos que não é qualquer periferia que está na moda. As emissoras mais populares e campeãs de audiência tocam muita música “periférica” com letras altamente erotizadas, de duplo sentido, pornofonia pura. Os temas desses hits – os gêneros são variados, indo do pagode ao forró estilizado, passando pelo funk e pelo pseudobrega – são um verdadeiro festival de perversão reacionária, disseminando sexismo, homofobia, racismo e em alguns casos até a mais pura pedofilia. Entretanto, bandas como Devotos (pop/hardcore) e Faces do Subúrbio (rap/hip hop)– verdadeiros ícones da resistência e da consciência social do Alto José do Pinho –, assim como outras tantas que proliferam em morros e favelas espalhados por toda a cidade e que exploram a temática da exclusão e do preconceito de classes, não têm vez no dial. Essa distorção poderia muito bem ser corrigida se o poder público atendesse a uma antiga reivindicação da classe cultural recifense.

Na década de sessenta, a Câmara Municipal do Recife aprovou, liberou o orçamento e solicitou a instalação de uma emissora de rádio pública. O extinto Ministério das Comunicações chegou a autorizar a concessão, mas o prazo acabou vencendo sem que nada saísse do papel, por falta de vontade política de uma sucessão de prefeitos com postura mais liberal e privatista, reféns do lobby das emissoras comerciais.

No final da década de 90 houve uma mobilização de músicos, intelectuais e artistas em geral pela instalação da Rádio Frei Caneca, inclusive com manifestos públicos e abaixo-assinados. A imprensa cultural, embora constrangida, chegou a acompanhar e dar uma tímida cobertura.

Com a vitória do PT em 2000, a bandeira foi resgatada e abraçada pela gestão do secretário municipal de cultura, e eleita como prioridade no documento final da primeira Conferência Municipal de Cultura, realizada em 2003. Ou seja, é algo que não pode absolutamente ser ignorado.

Agora, o próprio prefeito instalou uma comissão para elaborar um formato para a rádio, mas por conta de alguns impasses mal conduzidos, não se chegou ainda a um relatório. Mais uma vez, corremos o risco de ver essa questão protelada e engavetada.
Curioso é como os cadernos de cultura locais vêm sendo complacentes com a péssima condução dessa bandeira histórica dos artistas, por parte da prefeitura. Afinal, nunca se viu por essas bandas um executivo municipal tão implacavelmente atacado e bombardeado todos os dias por toda a imprensa (essencialmente anti-petista).
A conclusão a que chegamos é que, se nossa imprensa cultural estivesse mesmo tão sinceramente encantada com as estéticas da periferia, não hesitaria em pressionar pela implantação urgente desse e de outros espaços públicos e democráticos de divulgação.

Acho que o exemplo recifense não é de forma alguma isolado. Pelo contrário, é emblemático de um jornalismo cultural politicamente parcial, hipócrita, inadvertidamente elitista e completamente comprometido com as demandas e os interesses dos eternos “cavalcantis” - ou seja, o grande capital privado.

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EXTRAÍDO DO SITE MERCADO CULTURAL

*educação* Paulo Freire: dez anos depois...



A idéia de prestar uma homenagem a Paulo Freire, dez anos após sua morte, começou a ser elaborada nas aulas de Filosofia da Educação, disciplina na qual se faz um estudo do autor numa atividade denominada Seminário Paulo Freire. A gestação desta atividade que agora “nasce” foi preparada, sobretudo, pelas alunas do curso de Pedagogia, da UFCG – Campina Grande, que cursam a referida disciplina no presente semestre (2007.2).
A elas, um agradecimento especial. Também, gostaríamos de ressaltar a imprescindível colaboração das monitoras que, juntamente conosco, vêm alimentando esta realização há quase dois semestres.
Paulo Freire é um autor cujo nome provoca efeitos. No entanto, em nossa perspectiva, estes efeitos, na atualidade, não passam de uma reverência longínqua a um pensador da educação que, mesmo que se queira, não pode passar despercebido. Tal forma de tratamento ao autor e a sua obra tem se revelado estéril, pois apenas faz menção, a distância, a alguém cujas idéias e projetos mostram-se atuais e importantes à ação educativa contemporânea, pois se ocupam de questões ainda não superadas pela
sociedade brasileira. Muitas delas em plena ebulição, como o debate sobre a diversidade cultural. Acreditamos na “utilidade pública” de Paulo Freire: esta utilidade, longe de ter sentido utilitarista, indica que seu pensamento não deve ficar contido nos livros e lembrado, eventualmente, num trecho ou texto acadêmico. É preciso fazê-lo aparecer, de maneira renovada e recriada, respeitando seus princípios, nas práticas educativas em cujo cerne prevalece a idéia do respeito, da liberdade e do diálogo.
Esperamos que esta simples homenagem favoreça a emergência de um espaço de discussão capaz de agregar vozes e experiências que denotam a vivacidade e atualidade de Paulo Freire. Esta é nossa modesta ambição.
Um bom encontro a todos.
Fernanda Leal
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PROGRAMAÇÃO

9h - Conferência de abertura:
Contribuições de Paulo Freire para a pedagogia da autonomia
Convidada: Dra. Maria Eliete Santiago (Centro de Educação/UFPE)

19h - Mesa-redonda:
O rastro freireano – experiências e reflexões baseadas no grande
educador do século XX
Coordenador: Ms. José Luiz Ferreira (UAEd/UFCG)
Ms. Fernanda Leal (UAEd/UFCG) – A ação educativa do Projeto Unicampo
Ms. Cícero Agostinho Vieira (UFCG/UEPB) – GESPAUF: Grupo de Estudos Paulo Freire
Dra. Silvana Eloísa da Silva Ribeiro (UAEd/UFCG), Ms. Zélia Maria de Arruda Santiago (UAL/UFCG), Ms. Carmem Verônica de A. R. Nóbrega (UAL/UFCG) – A experiência do PIAT/PAIR
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assessoria Unicampo/UFCG