seguidores

11 de fevereiro de 2011

MACAMBIRA DOIDA

RESISTENTE - Fazer a segurança de pombas exóticas sertanejas: missão vegetal | Imagem: Sérgio Dantas
# O povo pensa que, só porque sou uma pomba, não sei viver. Se vissem meu castelo, cairiam duros no chão... Sou ave da Caatinga, meus hábitos reprodutivos são sofisticados. Escolhi, ainda ontem, uma macambira (Bromelia laciniosa, Bromeliaceae) "muito doida" pra morar, como descreveu meu companheiro pombo, que viveu na praça e tem esse leve sotaque urbanóide. 

Nós, as pombas sertanejas, construímos ninhos no chão, protegidos por macambiras e xique-xiques (Pilosocereus gounellei, Cactaceae), ambos característicos dum ambiente xerofítico espinhento. Ficamos protegidas, mas não livres, de predadores. Corresmos riscos, mesmo cercadas por uma fortaleza encandescente de aspereza.

Mas tenho algumas regalias. Aqui, no chão, cercada por pontiagudos seguranças, nenhum predador se mete a caçador de pomba! Humpf! O segredo dessa penosa vida é tirar vantagem. Simples como a união xique-macambiral. Minha estrutura de ninho, no chão, permite um período de construção menor, relacionado ao curto tempo de alimento disponível.

Outra esperteza nossa é construirmos um enorme número de ninhos, depois de escolhido o local em que a colônia se reproduzirá. Aí, fico uma pomba caseira, dificilmente visito as vizinhas (me chamam até de chata). Às vezes, a pressão de caçadores força-nos a abandonar o local. E quando os bebês nascem? Aí é que reluto em me mover para outro lugar.

Tem uma agonia triste, como em toda história de bicho nessa terra quente e seca. Há moradores cruelmente inteligentes, que se aproveitam destas condições para nos caçar, tanto adultos, como ovos e filhotes. Somos superexploradas, essa é que é a verdade!

Esses nojentos, além de comercialiar ilegalmente fêmeas e filhotes indefesos, sem preocupações com a conservação da espécie, eles põe em risco a manutenção de populações naturais do Sertão. Se não fosse o movimento Macambira-xiquê seríamos alvos das ferozes espingardas, dos ferrenhos pedaços de pau ou mesmo da captura manual e impiedosa desses predadores gulosos.

Pobre Gertrrrruuuudes! Foi beber água, numa bela manhã com o sol a pino, e conheceu um ser humano. O malvado sertanejo, mais ágil que um jacaré, saiu de dentro da água e puxou-a, afogando a distraída pomba. Desde este dia, todas nós repudiamos as formas de nos tirar das macambiras.

Informações: Sinatrópica

-------------------------------------------------


@ A macambira está presente nas caatingas do Nordeste do Brasil, da Bahia ao Piauí. A planta herbácea, da família das Bromeliáceas, cresce debaixo das árvores ou em clareiras, possui raízes finas e superficiais, folhas que podem atingir mais de um metro de comprimento por vinte centímetros de largura, espinhos duros e um rizoma-forragem.

Em se tratando de cor, a macambira pode ser verde-claro, verde mais escuro, verde cinza, violácea ou amarela, dependendo, entre outros fatores, da umidade do ar e do solo. Em locais mais abertos e expostos ao sol, a face ventral das folhas pode-se apresentar violácea ou roxo-escuro.

O vegetal simples, de raízes superficiais, desenvolve-se nas terras mais áridas dos trópicos, se alimenta de ar atmosférico e possui umidade suficiente para resistir às duras secas. Os frutos, amarelos quando maduros, exalam um odor ativo e característico, assemelhando-se a um cacho de bananas pequenas.
(...) Continue lendo > Fundaje VAINSENCHER, Semira Adler. Macambira. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. 2009.

#valdívia costa

Nenhum comentário: