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16 de abril de 2010

BORRA DE CAFÉ, DO BREJO


FORTE - O mundo vai conhecer uma história que retrata hábitos de gente simples e um pedaço da história do café, que foi ponto forte do Brejo paraibano, segundo maior produtor do Brasil no início do século XX. | imagem: Franz Lima

VALDÍVIA COSTA

Mais uma produção audiovisual sobre os interioranos vai ser lançada em Campina Grande e com ela uma leva de expectativas para fazer circular a arte paraibana. Desta vez o foco será o Brejo, local úmido, de boas acolhidas. Belezas naturais, clima frio, densas histórias... O Brejo é lugar de enredos e fotografias. Assim apostou o diretor de audiovisual Aluizio Guimarães ao idealizar este curta metragem de cerca de 20 minutos.

Primeiro, Aluizio pensou nesse forte teor de coragem, marcante nas pessoas do campo. Depois convidou figurantes da vizinha cidade de Matinhas para incentivar a produção artística local e dizer que é possível fazer cinema com o simples. O resultado tem cheiro quente, de gente que luta. Conhecido também pelas produções teatrais, o cineasta promete surpreender ao abordar as relações rurais.

O lançamento do curta é amanhã, gratuito, às 20h00, no Cine-Teatro do SESC em Campina Grande. Pelo Google Talk, Luciano Mariz, um dos produtores do filme, falou sobre essa criação. Ele é formado em Arte e Mídia (UFCG), atua há sete anos como diretor e produtor de audiovisual e tem 11 filmes concluídos e premiados. O principal é o histórico Os Balões de 74, que recebeu, entre outros, o Prêmio SESC/SESI de melhor vídeo documentário do Fest Aruanda (2008).

DE ACORDO COM "- Como surgiu a ideia de fazer um curta sobre os costumes rurais do Brejo?

LUCIANO MARIZ - A ideia partiu do diretor, Aluizio Guimarães, que visitou um festival de cinema e discutiu com algumas pessoas sobre o que faltava ser mostrado de nossa região. Então... a ideia de retratar um Brejo rico e farto vem justamente para dismistificar uma imagem que ainda hoje, por incrível que pareça, é retratada na mídia como estereótipo de nosso povo. Um povo feio, desdentado, um cenário monocromático, seco, pobre. Nestas discussões de Aluízio com algumas pessoas surgiu a ideia de fazer um filme no qual o contexto se passaria no Brejo paraibano, que é lindo por sinal.

" - E a história da Borra, é o quê, especificamente? No release vocês dizem que "não é cafeomancia - prática usada pelos árabes para adivinhar o futuro através da leitura da borra que fica no fundo das xícaras". Se refere somente à atividade cafeeira da região ou a Borra tem uma ligação com os personagens?

LM - A borra de café é um elo que só entenderá quem assistir o filme. Então fica o convite pra ir ver o curta amanhã no Sesc Centro (risos). Mas tem ligação com o contexto local também. O filme se passa na Era áurea do café... Os pais de Maria e Antônio (personagens) eram senhores do café...

" - Aluizio já vem de uma produção cinematográfica (O Bolo) e você já fez muitos documentários históricos. Essas experiências aliadas a um novo tema promete o que nesse curta? Vocês criarão juntos ou só será feita essa experiência?

LM - Foi interessante como entrei no circuito Borra de Café. Porque, desta vez, eu estou produzindo o filme e na maioria de minhas experiências com cinema e audiovisual, eu dirigi. Quem iniciou a produção do filme foi Hingrit Nitzsche enquanto estava aqui em Campina Grande durante suas férias. Ela voltou para São Paulo e me entregou a produção. Então, eu já entrei no circuito com a coisa começando a engatinhar, sabe? Não participei diretamente da criação do argumento e roteiro do filme, isto foi idealizado por Aluizio e o seu co-roteirista Nathan Cirino. Vejo que o filme promete porque foi um trabalho feito com afinco, com amor e acima de tudo com profissionalismo. As imagens estão belas e de uma estética interessantíssima. Ainda trocamos figurinhas a respeito de algumas discussões da narrativa e estética do filme. Acho que isso é bom quando se tem um diretor produzindo seu filme, os pitacos e a troca de ideias sempre acontecem (risos).

" - É difícil fazer cinema na Paraíba? Porquê?

LM - Olha Val, é difícil, mas, para quem ama o que faz, a gente tira leite de pedra, dá um jeito, põe um monte de doido em cima de uma D20 e emburaca mata a dentro, como aconteceu em Borra de Café (risos). Não é fácil. Ainda não temos apoiadores com visão de investimento no cinema e audiovisual. A Paraíba ainda sofre deste mal. Apesar de termos alcançados parceiros para o Borra de Café, como a prefeitura de Matinhas, UFCG, Artexpress, Montenegro Negócios Imobiliários, Gênesis Comunicação Integrada, Cultura Inglesa... Mas isso ainda é pouco, sabe? Vale ressaltar que alguns patrocinadores não são da Paraíba. Fica a dica! (risos) É engraçado porque, semana passada, estive organizando umas exibições de uma produção americana, "Uma Mudança no Mar". O Daniel de la Calle estava no Brasil fazendo divulgação desse filme. Havia passado pelo Rio de Janeiro, Salvador e estava aqui em João Pessoa. Ele falando e eu analisando a diferença de incentivo entre as localidades. Uma produção simples (a de Daniel), mas com dinheiro para investir na divulgação e pagar bem à equipe. E era um documentário longa metragem. Fiz um paralelo com nossa realidade e a gente começa a ver como os investidores precisam abrir um pouco mais a visão para este tipo de incentivo e investimento.

" - Fale um pouco do produto cultural, um DVD, que vocês pretendem desenvolver a partir deste filme. Ele será distribuído pelo Brasil como produto turístico cultural para evidenciar as belezas brejeiras?

LM - O filme será enviado para festivais nacionais e internacionais, por isso o mesmo possuirá legendas em inglês, frances e espanhol. Isto fará parte do produto como um todo. No DVD haverá imagens excluídas do filme, making of, entre outros detalhes, que será surpresa. (risos) Pretendemos distribuir este material para pontos nos quais, tanto o produto audiovisual seja vislumbrado, como as riquezas naturais também sejam observadas!


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Colaboração: assessoria Borra de Café

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