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3 de maio de 2010

AS SEIS IGREJAS E DARCY


ANALOGIAS - Entre o passado afro-indígena-brasileiro (provocadas em visita ao Centro Histórico da capital paraibana), e as reflexões sociais que pintam a religião como uma grande palhaçada para pobres, instrumentos de massificação pra construir cidades e hoje pra eleger políticos corruptos. | imagem: Val da Costa

VALDÍVIA COSTA

Ao observar seis igrejas pela janela do atual prédio do INSS em João Pessoa-PB percebi analogias anti excessos religiosos que não condizem com a bondade pregada pelas crenças. Cada uma igreja representa, no meu ver, a violência mortal, a intolerância, a prepotência, a ganância, a opressão e a humilhação que os índios sofreram em nome da mercantilização mundial. Tudo aconteceu nas ventas dos padres.

Onde estava a vigilância do mal? Que faziam esses "seguidores de Deus" quando viam o português enganando um inocente dos costumes do Velho Mundo? Amenizar essa história é esquecer do direito adquirido de andar pelada, por exemplo, e ter sido obrigada, sem motivo aparente, a usar quatro saias, duas blusas, meias, ceroulas longas e um calçado de bico fino com salto. (A vaidade feminina esmagando a beleza natural com o salto...)

Injustiça é pouco pra se designar tamanha brutalidade. Nem em 500 anos de liberdade, com todos os direitos físicos e abstratos segurados, recomporão a morte de, pelo menos, 300 aldeias indígenas destruídas no século XVI, só pra citar um das chacinas étnicas. Em todas as embarcações, as ordens religiosas mandavam seus representantes aos montes pra catequizar os "selvagens", como descreviam os primeiros portugueses à Coroa.

O branco europeu inseminou meio mundo de índia e eu descobri que é por isso que somos tão nojentos, às vezes. Meu lado bom é indígena. Meu lado duvidoso, arredio e calculista é do branco. Sou mista por causa da invasão dessa terra já chamada de Brasil antes de ser "descoberta". Fomos estuprados pelo europeu com o consentimento velado da Igreja, por manter representantes na colônia que viam tudo e nada faziam. Como ainda é até hoje nas cidades, com outras roupagens, mas a mesma proposta de dominação branca.

Por isso obedecemos. Sempre a quem pode mais. E poder hoje significa dinheiro, muito dinheiro. Difícil vermos essa corrupção brasileira sair dos tablóides internacionais. Mas alguém analisou porque o nosso país ainda não decolou, se já tínhamos características de riquezas materiais naturais mais do que qualquer outro país. Esse alguém é Darcy Ribeiro, que pode ser consultado diarimente pelo Youtube.

Vamos relê-lo urgentemente. Darcy conhecia a gente, o povo brasileiro mais do que tudo. Sejamos como ele, atento, curioso, quase um jornalista na apuração e difusão dos fatos ancestrais. Pois são deles que nascem nossas raízes. Entendemo-nos como pobres e ricos, mas, antes disso, somos humanos. Entendamo-nos, então, como tais.

Um comentário:

Toninho disse...

Aqueles filhos da puta ja eram a vigilância do mal. Os cara foram tão foda q até Jesus veio com eles.
Pense numa articulação.