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22 de agosto de 2010

BIGODES SE ACARICIAM


OUT - Gordinhos, carecas e grisalhos. Longe do hype e da badalação do mundo gay, homossexuais de 30 a 70 anos se encontram semanalmente numa festa no centro de São Paulo. Filhos de uma época em que a discriminação e a repressão eram maiores do que são hoje, eles deixam de lado o culto ao corpo e à juventude, buscam relações estáveis, não têm iPod nem dão muita bola para a São Paulo Fashion Week. | Imagem: Homofobia já era

Bigodes, bigodes por toda parte. Na pista, a meia-luz, os bigodes dançam e flertam, pedem coquetéis, um gim-tônica, flutuam sobre os copos de hi-fi, puxam papo. Castanhos, brancos, tingidos. Bem aparados, molhados de cerveja, cantam Maria Bethânia, Roberto Carlos. Vibram quando da cabine do DJ saltam os primeiros naipes da orquestra de Ray Conniff.

Alguns, tímidos, escondem o sorriso; outros, os mais atirados, se aproximam, falam no ouvido. A música fica lenta e os bigodes, bem juntinhos, deslizam pelo baile. A festa começou. O de bigode prateado é o Ivan Santos. Contador, tem 50 anos e freqüenta o ABC Bailão há oito. Há quatro anos, ele organiza no Bailão uma noite beneficente que arrecada alimentos para uma creche.

Ivan já foi casado e tem duas netas; pediu o divórcio porque não queria manter uma vida dupla. É homossexual assumido desde os 25 anos. No momento, Ivan está solteiro. Procura alguém de 25 a 35 anos para um relacionamento sério. “Quero conhecer uma pessoa pra ficar junto, sair pra jantar, bater papo”, explica Ivan. “Um homem sincero, que tenha bom caráter e dance forró direitinho, de preferência de rosto colado.”

Ivan (que no Orkut participa de comunidades como “Procuro Namoro Sério entre Gay”, “Timão Bicampeão da Parada Gay” e “Dormir de Conchinha”) namorou cinco anos um companheiro que conheceu no bailão. “É um ótimo lugar para fazer amigos”, diz.

O ABC Bailão, no centro de São Paulo, existe há mais de dez anos. Abre de quinta a domingo e recebe cerca de 450 pessoas por noite. Amarildo Donizete, 44 anos, bigode preto com fios grisalhos, é um dos dois sócios. Fala que o sucesso da casa se deve ao clima família.

“Aqui não temos dark room, é proibido ficar sem camisa e os seguranças fazem rondas periódicas e advertem os mais empolgados para evitarem uma pegação excessiva”, conta. Michês, travestis e drag queens não são habitués do local, e na pista, no lugar dos costumeiros go-go boys, colunas gregas e uma samambaia.

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2 comentários:

Toninho disse...

Maravilha das ilhas... liberdade de expressão e elegância sempre.

Anderson Ribeiro disse...

É isso aí Toninho.