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25 de julho de 2011

A LIBRAS QUE LIBERTA

# Como interpretar o mundo mergulhado num silêncio que nem a fala, nem a música e nem outro som qualquer venham sequer insinuar significados? As artes parecem guiar bem as pessoas que não possuem um dos nossos mais utilizados sentidos, a audição. Além de interpretar o mundo através de uma tela ou de uma poesia, os surdos possuem uma língua própria, para muitos a única disponível, a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

E é com o corpo todo que se fala a Libras. A naturalidade do gesto se torna símbolo. É uma forma de falar e ler a partir de imagens, que não são signos estáticos. Uma conversa em Libras são corpos em movimento. Como se o corpo fosse todo se transformar em cada significado daquela palavra  proferida. Provavelmente foi numa conversa dessas, em Libras, que surgiu a ideia de colocar jovens surdos em contato com o audiovisual.

Nesse diálogo entre jovens surdos, educadores e intérpretes de Libras, rolou uma experimentação. E essa nova linguagem artística, treinada em meses de aprendizado, exigiu novos símbolos para expressar termos relativos à técnica da animação e da produção de vídeo. Sem problemas insolucionáveis! Foi criado um glossário, um dos produtos finais da Oficina, que deve ajudar a expandir o léxico em Libras. Tudo foi criado pela intérprete de Libras Creuza Santana, com a ajuda de Poliana Conceição e dos educadores Diego Mascaro e Renata Claus.

Foram essas cabeças pensantes que projetaram a primeira mostra de curtas em stop motion do Recife-PE, que exibirá o resultado dessa união hoje, 25, com uma exposição de animes no Cinema da Fundação.

A série de curtas de animação foi produzida no âmbito do AnimaLibras, o novo curso do projeto FotoLibras para a formação de jovens surdos. Uma iniciativa que projeta Recife num cenário de inclusão sócio-cultural importante, como vem fazendo nos campos das artes, comunicação e educação ao promover eventos.

Os surdos terão mais esse mercado de animadores pra explorar e aprender a desenvolver a partir dessa iniciativa. Até porque todos os 20 participantes da Oficina são de famílias de baixa renda, precisam desse apoio. Com idades entre 17 e 34 anos, nem todos são alfabetizados na língua portuguesa. Segundo a equipe organizadora do evento, há um despreparo das escolas para a educação de pessoas com necessidades especiais, como os surdos.


O audiovisual é mais uma nova linguagem que melhorará a expressão desses jovens, bem como uma forma de dar visibilidade à cultura e aos direitos dos surdos.

Pioneiro no Brasil, o FotoLibras foi criado em 2006 com o objetivo de oferecer a jovens surdos novas possibilidades de expressão através da Fotografia. Aumentaram a criatividade, a autoestima e a visibilidade dos jovens surdos e da sua cultura.

SERVIÇO
AnimaLibras - 
Mostra de stop motion realizados por jovens surdos
Exibição visual e lançamento da série "Sou Surdo, sou Feliz!"
Horário: 19h
Local: Cinema da Fundação e Cafeteria Castigliani
Contato: Rachel Ellis – Coord. FotoLibras: (81) 8176.4489
#ascom/valdíviaCosta
 

4 comentários:

Anderson Ribeiro disse...

Muito bom. Repassei como sugestão de pauta aqui pro jornal da TV Brasil. Tomara que aprovem e a gente consiga fazer o VT com o pessoal de Pernambuco. Valeu!

Toninho Borbo disse...

Maravilha Nega. Comprometimento nesse oba oba tropical nem sempre descarta a possibilidade de um tropicalismo afetivo e inteligente.
Vamos trabalhando.

Flávio Crispin disse...

grande iniciativa. Parabens aos realizadores por esse projeto.

Eva Duarte disse...

Val, minha querida!
Muito obrigada pela sensibilidade de propagar essa informação!
O Cinema da Fundação (Recife) ficou lotado para assistir à apresentação dos curtas. Foi uma linda noite!
Ah! Os jovens estão acertando os últimos detalhes de uma oficina de Fotografia em João Pessoa. Aguarde notícias!
Beijo grande!
eva