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14 de fevereiro de 2013

AMARELITUDES

Quando os nós se desatam... | Imagem: Arte de Luiza Pannunzio, designer de São Paulo.

Valdívia Costa

Nessas manhãs em que o amor está pelo avesso... estendido em toda sua amarelitude, por cima de uma cadeira velha, exalando um cheiro de preguiça mofada... nem parece o amor... mas é. E ainda assim, desprovido de toda sua beleza, sujo, entregue ao comodismo, ela o ama.

Nessas tardes que se separam, que alimentam a intolerância um no outro, em que o amor fica por trás das coisas insignificantes, trêmulo, achando que não existe mais... ela sofre de inquietudes, mas esboça meio sorriso tingido de uma vontade que não há. Sobretudo, ela o ama...

Nessas noites de tremenda falta do que fazer, desfazendo as malas ou não, copulando com ondas cibernéticas ou sem elas... não se sabe onde o amor se faz! Muitas vezes, ele faz as falas dizerem bem mais do que a realidade exprime... “Queria dizer que amo... a alguém”.

Dela (e para ela!) parte esse desejo. Por isso ela o quer inteiro... Não só sem dúvidas como sem dívidas! Mas amar é bifurcação, uma divisão às vezes injusta, porque... Por mais que queiramos estar sós, o amor convida alguém...

Esse "aparecer" estende-se não só pelo corpo da pessoa, como segue por dentro da alma... Por isso que, um dia, ela o desamará, por não saber mais cuidar. Um dia o amor falecerá... Tão fraco e desbotado, tão sem forças que não resistirá ao verso da página a ser virada.

2 comentários:

Anderson Ribeiro disse...

Já o tinha lido. Mas resolvi relê-lo e vê-lo melhor, detalhadamente, assim em deleixo estendido em amarelitudes e assim também percebendo ele prende e liberta. Lindo texto!

De acordo com disse...

Obrigada, amigo! São as coisas amarelas da vida a dois... rsrsrs... Bjs!