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24 de abril de 2008

*Opinião* UBIRATAN OLIVEIRA "Para lá, o lago Paranoá; para cá, o rio Paraíba: Concorde!"


"CÁSSIO CASSADO" E "TIMOTHY SAI DA ESCOLA" - comparativo entre os dois descaramentos

Nos últimos dias o Brasil têm acompanhado com expectativa o desenrolar dos fatos que motivaram os estudantes universitários a ocuparem a reitoria da Universidade de Brasília (UNB). Os noticiários estamparam as supostas irregularidades que teriam sido cometidas pelo magnífico reitor da instituição, Timothy Mullholand.

O olhar mais vigilante da sociedade, o acompanhamento mais rigoroso da imprensa e a crescente atuação dos órgãos de controle externo na fiscalização da aplicação dos recursos públicos, têm sido um elemento importante para que os gestores públicos, nas mais diversas esferas, comecem a apontar para uma outra perspectiva. É bem verdade que a lógica da impunidade ainda perdura, mas é também perceptível, mesmo que minimamente, avanços no combate à improbidade administrativa e à corrupção na administração pública.

Mas, voltemos ao caso em tela: a UNB! As denúncias são extarrecedoras. Os cartões coorporativos parecem ter servido de má referência para a gloriosa instituição, ou pelo menos para aqueles que a administram. Decorar e mobiliar apartamento fuincional (?quanta funcionabilidade!), comprar automóvel de luxo para uso exclusivo do reitor, bancar viagens com finalidades questionáveis e, até mesmo, comprar produtos em um free shop holandês, estão entre as inúmeras irregularidades investigadas pelo Ministério Público do Distrito Federal.

Toda essa suposta farra com o dinheiro público teria sido facilitada pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), instituição de apoio ligada à Fundação Universidade de Brasília (FUB), com a intenção explícita de utilizar recursos supostamente direcionados ao desenvolvimento institucional da UNB. Impressiona ainda os argumentos intelectuais do decano que faz apenas o que o Conselho Diretor da UNB define. O “magnífico reitor” ainda se apropria do princípio da democracia e de alto e bom som afirmava que permanecia no cargo, porque teve uma votação jamais vista na instituição!

Mas, esqueceram de perguntar aos universitários da UNB! Para lá do Paranoá, e de forma muito aguerrida, os estudantes se mobilizaram e ocuparam a Reitoria para exigir medidas moralizantes para a instituição. A mobilização ganhou repercussão nacional e forçou uma tomada de posição do reitor. Na última quinta-feira, o magnífico caiu em si e anunciou um afastamento temporário de 60 dias da direção da instituição.

Mas, deixando para lá o Paranoá e remando nas correntezas e águas bravias do rio Paraíba, temos semelhanças em métodos e princípios. A Paraíba vive um momento de profunda instabilidade político-administrativa e falta legitimidade ao Governo do Estado para enfrentar os reais e urgentes problemas que atinge a população.

O atual governador teve seu mandato cassado por duas ocasiões pelo Tribunal Regional Eleitoral. Versam diversas acusações contra o gestor estadual e candidato Cássio Cunha Lima, entre elas a utilização da máquina pública para fins eleitoreiros, distribuição de cheques da Fundação de Ação Comunitária (FAC), abuso de poder econômico, autopromoção através de veículo de comunicação oficial, entre outros.

O fato mais grave e pitoresco da campanha do governador e candidato a reeleição foi, sem dúvida, o caso do dinheiro jogado pela janela do Edifício Concorde. Todo Brasil assistiu a narração da grotesca cena da apreensão de quase meio milhão de reais. Mas, quando todos achavam que já tinham visto o ‘suficiente’ em relação ao abuso do poder econômico e a nítida influência deste do processo eleitoral, eis que surge um novo elemento, trazido a tona na última semana.

Em investigação sobre o caso do Edifício Concorde, a Polícia Federal identificou relações entre a venda de créditos imobiliários da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap) e Instituto de Previdência do Estado da Paraíba (IPEP) e o caso do dinheiro voador. As sincronicidades e coincidências são evidentes, a repetição de nomes que receberam depósitos das empresas que teriam sido beneficiadas com a operação, as datas dos acontecimentos e o DNA político da operação exigem uma apuração rigorosa e transparente.

Como o lá do Paranoá, o de cá, insiste em manter a aparência e afirma que o episódio não tem relação com o seu governo. Já os envolvidos, se apegam no pomposo segredo de justiça para atacar e inibir as informações repassadas por alguns veículos de comunicação.

Enquanto isso, nas margens do rio Paraíba e outros afluentes e reservatórios, a população sofre com a abundância do que antes era a razão do seu sofrimento. Concorde ou não com isso!


Ubiratan Pereira de Oliveira ou Bira como é mais conhecido é natural de João Pessoa. Militou no Movimento Estudantil Secundarista e no Movimento Universitário. Foi assessor para Movimentos Sociais no mandato do Dep. Estadual Ricardo Coutinho. Exerceu a função de Chefe de Gabinete do Prefeito Ricardo Coutinho, Secretário da Transparência Pública e Secretário Adjunto de Comunicação atuando como Porta-Voz do Governo. É formado em psicologia pela UFPB e servidor público federal da UFCG.

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