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12 de maio de 2009

*diversão - Cultura visual e boa música no Pocoloco


DIFERENTE - o bar é underground, organizado, limpo e cheio de 'tirações de onda'

Texto e fotos Valdívia Costa*

Depois de amargar uma cena de mais de um ano sem opção de entretenimento interessante, a noite de Campina Grande-PB recebeu um espaço de interação e de música de qualidade há alguns meses. O Pocoloco bar, localizado na Rua Sebastião Donato, em frente a pirâmide do Parque do Povo, preencheu a vida urbana de curiosas culturas visuais e de tiradas nordestinas bem humoradas. O responsável por essa transformação de consumo cultural é Emerson Tenebra, que legislou: "aqui não toca lixo".

A norma é provocativa mesmo e está na parede de entrada do ambiente. "E não adianta insistir pra ouvir forró de plástico, axé falido e outros sons populares que você nem será atendido", decretou Tenebra. Os atendentes do bar foram muito bem orientados a não cumprirem aquela velha e decadente máxima "o cliente tem sempre razão", caso o cliente perca a razão e insista em ouvir porcaria.

"Aqui (no bar) é proibido tocar axé, forró de plástico, pagode, sertanejo, brega e outras atrocidades sonoras. O forte é a mpb, o jazz, o blues, o maracatu, o frevo, o côco e outros ritmos das américas do Sul, do Norte, Central, Europa, Ásia, África e Oceania", descreveu Tenebra, que tem um acervo de mais de 20 mil músicas. O bar não tem voz e violão. A proposta é mostrar músicas autorais e abolir o couver.

Outro diferencial do Pocoloco são as identificações visuais, a maioria grafites, que definem o espaço como local de circulação de arte contemporânea. Na parede da frente, o grafiteiro Celo fez um Sílvio Santos inusitado, perguntando pelo "bambu", uma analogia a uma piada subversiva publicada no Youtube por uma menininha. Já o Ítalo Corage deixou seu traço dentro do bar, caricaturas de Woodstock (Angeli) e pés no teto.


"É o bar fora de moda. Porque o conceito de moda é temporário e o bar veio pra ficar" - Tenebra

Uma mulher grafiteira também tem espaço no Pocoloco. Naaah fez colagens em preto de símbolos do skate. Lugar descolado, com jeito de calçada e conversa interessante pra noite toda, o bar é ponto de encontro de visitantes que procuram a alternativa, como a atriz Letícia Spiler, que atuou no filme do André da Costa em Campina e foi ao bar.

Letícia gostou tanto da Cachaça Misteriosa do Encantado que levou várias garrafas para o Rio de Janeiro, segundo Tenebra, criador da bebida. A única cachaça que "purifica, tonifica, lubrifica, da o lustre, revigora, faz crescer e ficar bonito, além de ser feita de tri-fosfato de pó embelezador, partindo do principio de que ninguém é feio, você foi quem bebeu pouco". A poucas semanas quem esteve no Pocoloco foi Roger de Renor, ícone do manguebeat e apresentador do Som da Rural, da TV Brasil.


INTERAGINDO - Pernambucano de Recife, o empreendedor Emerson achou o filão que faltava na night campinense e está contribuindo para a preservação da cultura popular. E a vizinha cidade foi homenageada com luminárias de Guilherme Torres

Aperitivos - O bar ainda conta com um das maiores e melhores ofertas de bebidas quentes de Campina. E é o único que tem o narguilé para aluguel em mesa, com degustação de fumos aromatizados vindos da Índia e Arábia. "É importante frizar que o bar não vende cerveja quente. Preferimos não vender do que vendê-la quase gelada. Cerveja tem que ser como Cu de Foca", friza.

[O narguilé teria sido inventado na Índia do século XVII, pelo médico Hakim Abul Fath, como um método para retirar as impurezas da fumaça.]

Por causa desse emblema da cerveja gelaaada, Tenebra e El Pablito Quantacana (publicitário oficial da cachaça) começaram com os bordões "quem não bebe não vê o mundo rodar" e "faça da jaca sua pantufa". Tiração de onda é o que não falta no bar, que geralmente encerra as atividades com o CD do poeta marginal de Recife, Miró da Muribeca.

O grande momento de estar no Pocoloco é entrar no banheiro que impressiona a todos. Letícia Spiller, por exemplo, fez fotos dentro da "casinha misteriosa" para mostrar aos amigos no Rio. "Quem quiser saber o segredo do banheiro conheça a casa", convida.

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*Valdíva Costa é ativista cultural.

3 comentários:

romulino disse...

A cidade de Campina Grande é um pólo cultural no estado da Parahyba, mas os ambientes undergrounds que são criados sempre somem tão rápido quanto aparecem. Ainda bem que a cidade agora conta com um ambiente de qualidade cultural e diversão.
O pocoloco aproxima a cultura e a arte ao público campinense (e ao público trezeano tb) num ambiente intimista e agradável. Brevemente estarei enviando material artístico para expor no local!. Parabéns ao empreededorismo. Viva o underground!

Anônimo disse...

O pocoloco causa em mim uma sensação de reencontro, de janelas para as novidades e encontro com pessoas queridas e interessantes. ótima oportunidade de se conhecer e se comunicar com as pessoas que interessam. Salve Tenebra.

Alan Robs

vladimir menezes disse...

Parabenizo a matéria sobre o pocoloco no qual sou frequentador quando piso no planalto da borborema . Realmente é um bar que coloca mentes para funcionar .

vladimir menezes
recife/pe