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28 de outubro de 2009

*mercado - Queda na Cultura


CAETANO VELOSO - um dos grandes nomes da música brasileira também sentiu a minguada que o mercado cultural sofreu, principalmente com o acesso mais fácil e gratuito à música pela internet | imagem: Roberson Alexandre da ABCDesign

Muitos comentam sobre a atual desordem que o mercado cultural vem sofrendo na última década. Dos produtores de grandes artistas aos agentes de bandas independentes, só ouvimos reclamações e dados declinantes. Para esclarecer mais um pouco sobre esse assunto, de maneira generalizada em todas as artes, deixo uma opinião bem interessante dos colega sjornalistas Marta Barcellos e Tom Cardoso. O texto foi feito para o Valor Econômico, do RJ e de SP.

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Por detrás das estrelas

A cantora Ivete Sangalo pretende parar de trabalhar por alguns meses depois do nascimento de seu bebê, previsto para outubro. A legião de fãs acostumados com a sua onipresença no cenário musical, no entanto, não ficará órfã. Entrará em cena, em seu lugar, a Ivete Stellar, personagem de um longa-metragem animado, previsto para estrear justamente durante a “licença-maternidade” da cantora. “Também vamos produzir alguns clipes nessa fase. Só precisamos da voz dela, que já está gravada”, explica Jesus Sangalo, irmão e empresário de Ivete.

Jesus administra um império de entretenimento que tem como carro-chefe a imagem da cantora. Ele abrange desde a empresa de animação gráfica que produz o longa “Ivete Stellar e a Pedra da Luz” até braços dedicados a eventos corporativos e marketing promocional. Se em outros tempos um artista do porte de Ivete podia se dar ao luxo de ficar meses apenas planejando e gravando o próximo disco anual, hoje a rotina da maioria é bem diferente - inclui uma maratona de shows e participações em projetos multimídia variados, sempre com forte divulgação na internet.

Diante das transformações da indústria cultural, o empresário ou agente também precisou mudar de papel: em vez da figura de um todo-poderoso investidor que apostava em projetos de marketing que dependiam das gravadoras, ele agora tem que estar sintonizado com as novas tendências. E quais são elas? Ninguém sabe ao certo, nem Jesus Sangalo, que faz questão de ressaltar que a sua ingerência na carreira da irmã se dá apenas na parte comercial - ele não dá palpite em suas escolhas artísticas. “Mas estou atento às oportunidades que elas podem gerar”, afirma. Jesus orgulha-se de ter feito parcerias em todo o país que o permitem saber o que toca nas rádios do Oiapoque ao Chui. “Ao contrário do que todos pensam, a música está cada vez mais regionalizada. Mas não sei se isso é tendência. Fico antenado para saber o que está funcionando e o que não está.”

A arte de dançar conforme a música, sem preconceitos, vale também para outras áreas da cultura. Os agentes que faziam a intermediação entre os artistas e a indústria cultural, fortalecida pela concentração de capital nos anos 70, já não conseguem trilhar os caminhos do passado. “A produção cultural está se tornando difusa e descentralizada, e os modelos de divulgação e distribuição não são mais tão claros”, diz Silvia Borelli, professora da pós-graduação em ciências sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

A insegurança em relação ao futuro e a incerteza em relação aos novos caminhos, diz a antropóloga, fazem parte do momento que vivemos, resumido no conceito de “modernidade líquida” criado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. “O modelo mais difuso vai na contramão da especialização, por isso a versatilidade passou a ser a grande demanda profissional nesses mediadores.”

O enfraquecimento da indústria fonográfica tornou-se o aspecto mais visível dessas transformações, com implicação direta nos rendimentos dos artistas, especialmente dos compositores. “Deixamos de ter uma receita importante de direito autoral”, afirma Paula Lavigne, empresária de Caetano Veloso, com quem foi casada.

Ela questiona a máxima conformista, que passou a ser repetida no mundo musical, de que nos novos tempos os cantores têm que aprender a viver apenas de suas apresentações. “E quem é só compositor? O Caetano está bem e adora fazer shows, mas já tem 67 anos. Se ele quiser ficar um tempo em casa, apenas compondo, como já fez antes, não vai conseguir manter o padrão de vida.” Segundo ela, 90% da receita do cantor vem hoje de shows.

(...) CONTINUANDO...
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Gostei demais e me identifiquei de verdade com um texto sobre empreendedorismo que essa autora escreveu no seu blog. "... Acredito que, se houvesse mais jornalistas produzindo conteúdo fora das redações, esse mercado se consolidaria, se tornaria mais profissional. Claramente existe uma demanda crescente, tanto dos veículos como das empresas". Com essa fala, bati o martelo: penso a mesma coisa. LEIAM MAIS SOBRE COMUNICAÇÃO E EMPREENDEDORISMO.

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