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20 de janeiro de 2011

SERTANEJOS NO AGRESTE


QUESTION - A sertaneja Lavadeira de Cara Branca anda fazendo seu ninho no Agreste por quê?
Imagem: Abelardo Souza

# O Agreste está recebendo visitantes nesta época do ano. Seres voadores, cantadores e bem levinhos. Saíram do Alto Sertão paraibano, lugar que é quente e está cada vez mais desmatado, para viver no Agreste. Procuram a simples sobrevivência. Acharam água e comida perto da cidade de Fagundes, onde estão convivendo em paz entre outros pássaros da região. Por que esse êxodo aéreo no Estado?

Pássaros são como nós, humanos, porque são vivos, procuram um lugar adequado para viver. Quando o lugar onde nasceram não proporciona comida e habitação, eles se mudam. E parece que foi isso o que aconteceu no caso das Graúna Nordestina, Casaca de Couro Grande, Lavadeira de Cara Branca, Noivinha e Guriatã, entre outras, que chegaram no Agreste. O desequilíbrio ecológico fez as aves migrarem para o Agreste.

Essa é a tese do ambientalista Aramy Fablício, que nasceu (e conhece bem) na fauna e flora da região. Isso é legal pra nós, admiradores da natureza, apreciadores de aves. "Mas significa que algo está errado, ou seja, o habitat natural destas criaturas certamente está sendo desmatado. Algumas das espécies eu conheço desde criança em gaiola, como a Guriatã, ave que se alimenta de frutas, nativa da zona da mata nordestina. Começou a aparecer por aqui com o desmatamento da mata atlântica”, diz.


Foto: Divulgação


“A Noivinha, uma espécie de Lavadeira toda branca, é um pouco maior que a Lavadeira Mascarada, nativa da região", descreve Aramy, apresentando a sertaneja, vista cada vez mais na região de Fagundes, principalmente no Sítio Várzea do Arroz, do senhor José Alves e Dona Tereza Alves, que lutam para protegê-las. "Ela tem o mesmo comportamento que a nativa daqui, gosta de ficar nos arbustos, alimenta-se de mosquitos e vive nas margens das lagoas, rios e açudes. Temos também a Lavadeira de Cara Branca, outra sertaneja que agora habita a região de Fagundes. Antes não existiam esses pássaros por aqui”, diz.

 
Foto: Divulgação
 O ambientalista também observa que outra ave também está habitando em Fagundes, a Casaca de Couro Gigante, ave nordestina e sertaneja. "Ela é parecida com a nossa Casaca de Couro pequena. Além do tamanho, a Casaca de Couro Gigante tem um canto muito alto e faz ninho parecido com o da Casaca daqui, porém de formato arredondado de gravetos e espinhos”, explica.


Foto: Eu Plural
Até um cantor cobiçado foi visto em Fagundes. O Graúna Nordestino, uma das aves mais caçadas pelos criadores e traficantes, pelo seu canto alto e bonito, também está morando lá. "Desde criança eu observava quando esta ave passava voando alto e cantando ao migrar de um habitat para outro", relembra Aramy, que disse tê-la visto somente aprisionada em gaiolas trazidas por traficantes de outras regiões. Hoje, eles estão protegidos e se reproduzindo na Fazenda Matias, que faz parte do projeto Biqueira Velha e Natureza Livre, pertencente ao senhor Nivaldo Peixoto, 68, que aprecia o canto e faz de tudo para protegê-lo.


Foto: Anda
 O famoso Azulão Nordestino é hoje a ave símbolo da extinção no Nordeste. Aramy já alertou as autoridades, atrvés da imprensa, sobre o sumiço do pássaro que está em grande risco. Leia a matéria na Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda).

O desequilíbrio ambiental preocupa o ambientalista porque a região tem espécies extintas, como a ave Engraxadeira, que ele nunca viu foto "nem em livros nem na internet", e o Sabiá Branco, ave migratória que só aparecia no período das chuvas para se alimentar de insetos, principalmente o Mané Magro. 

Existem também as aves que estão em processo de extinção em Fagundes, como Pinta Silva, Alma de Gato, e outras migratórias como o Bigodinho, Papa Capim, Caboclinho Lindo, Gaturão...”, enumera, interminavelmente.

O lado bom dessa migração de aves à região de Fagundes é que elas estão se reproduzindo. Como a maioria das propriedades não permite a caça e a captura de animais, devido aos projetos ambientais criados por Aramy e tocado pela população rural, a tendência é cada vez mais elas se proliferarem, preservando a espécie. "Por outro lado podemos perceber que o desequilíbrio ecológico, principalmente o desmatamento, é o principal responsável por essa migração”, conclui.

valdívia costa

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