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22 de fevereiro de 2011

ESQUECIDA PARAÍBA


Depois de concorrer com jornais como Correio Braziliense, O Estadão, Folha de S. Paulo, a capa do DB disputou a final com O Dia e Extra, do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que um jornal do Interior venceu uma categoria nacional do Esso. Capa: Flickr de Cícero

# Os paraibanos se chateiam quando os jornalistas de fora comparam o Estado com Pernambuco, forçando um oposto cultural. Mas é verdade que o vizinho sabe se projetar midiaticamente através da Cultura e a gente ainda está tentando encontrar o jeito. Vejo uma Paraíba esquecida, relapsa com sua história, despertencida de seu Estado. Por exemplo: dois prêmios importantes desse lugar completam dez anos e o silêncio não é quebrado. Why?

Na última década produzimos coisas boas para consolidar de vez uma imagem positiva da Paraíba no cenário midiático nacional, além das belezas tropicais, o povo acolhedor etc., etc.. Esses dois importantes prêmios são de autorias paraibanas legítimas e ninguém fez disso um bom marketing cultural. Prefere-se investir midiaticamente no futebol, no São João...

Esta semana relembrávamos isso com Alê Maia, autor da música Ciência Nordestina, que sonorizou o curta-metragem A Canga, de Marcus Vilar, primeiro destaque nacional dessa década, conquistado em junho de 2001. O Kikito, prêmio máximo concedido no Festival de Gramado-RS, foi pelo melhor curta e pela melhor música, gravada pela Cabruêra, com o Coral Coro em Canto puxando o “Chuveeeu... no Dia de São José...”.

Três meses depois, o estrondoso ataque ao World Trade Center com a criatividade jornalística e estética de Cícero Félix se uniram também para formar a capa mais famosa do Diário da Borborema, um jornal local que desbancou grandes estruturas midiáticas do Sudeste brasileiro. Nem a esnobe João Pessoa conseguiu um Esso. Lá, eles têm apenas um AETC  engessado, único no Estado.

Presenciei esses dois momentos. Um dos integrantes da Cabruêra, Arthur Pessoa, chegou contando do Kikito e, logo em seguida, o chargista do DB, Júlio César, me contava do Esso no bar Subsolo, com a repórter de Cultura Cristina Laura. Não me esqueci da felicidade, se enroscando nos nossos orgulhos de sermos algo importante nas mídias.

Talvez esse desinteresse pelo que produzimos na Paraíba reflita diretamente nessa imprensa limitada, repetidora do esquema nacional de distribuição de informação, pautada pela polícia e pelo futebol. Vamos continuar nos apresentando violenta e “sem cultura” na mídia nacional? 

Vamos recorrer ao passado-boia que não afunda na lama da paralisia cultural! Augusto dos Anjos, Jackson do Pandeiro e Chateaubriand, curvo-me. Assim como relembro os mais recentes que marcaram nossa história.

Depois de relembrar, talvez enxerguemos os novos intelectuais e artistas como potenciais projetos de estabilidade cultural. Aí, passaremos para a fase de assíduos consumidores de nós mesmos. Para ir ensaiando essa nova forma de se ver, se divertir, se mostrar culturalmente num cenário mais abrangente, que tal comprarmos nossos produtos ao invés de lotarmos um mega show pop internacional?

Só a arte salva! Só ela nos salvará! 
# valdívia costa

4 comentários:

beca disse...

contextualiza Val...quem teve raiva do que especificamente?.. fiquei curiosa p o fato motivador do texto..(adorei)

De acordo com disse...

Não falo de raiva, "B". Apenas digo que alguns se chateiam quando comparam PB com PE. O resto escrevo sobre dois momentos importantes e propícios para se promover a PB com arte e comunicação de qualidade. ;))

Unknown disse...

Entendo o que vc fala Val, como e dificil para nos que somos da Paraiba fazer os outros entenderem que nao somos pernabucanos , e que temos uma cultura propria e com valor. beijos

De acordo com disse...

É isso aí, Bel! Apesar de sermos parte da mesma capitania, somos também produtivos e temos história. 0/