Muna, Neta, Val e Buíta | fotos de 2009: Robson Yam |
Passamos por isso algumas vezes, até chegar a nossa vez. Se eu não morrer por causa súbita, ou por crime ou por acidente, passarei pela velhice última também. Quem cuidaria de mim, na velhice? Acredito que meu filho. Mas como ele cuidará de mim? Dará para ele conciliar uma suposta vida atribulada de afazeres com minhas dores e desconsolos? A velhice é aquele filme que contamos sempre o final... Alguém, às vezes, se cansa de ouvir o mesmo enredo, de vê-lo se repetindo no passar da vida...
Muna e Val |
Quando crianças, observamos o movimento dos irmãos, primos e tios cuidando dos mais velhos. Sentimos compaixão, mas nem entendemos ao certo o que está se passando. Ainda temos muito amor no coração e até ajudamos aos mais velhos, com carinho, brincando e alegrando a casa para o velhinho.
Neta e Val |
Pena que muitos não enxergam assim e os velhos do nosso país sofrem. Ao invés de serem bem cuidados, com paciência, são, na verdade, maltratados. A negligência enterra mais um idoso do que a doença. E nem é como um simples sobrepor de obrigações cotidianas. Às vezes, pela simples inoperância sentimental humana. Ou pelo desapego com alguém que cuidou de você anos a fio, esperando seu crescimento, tanto intelectual quanto físico...
Neta e Buíta (mãe) |
Nós, o restante da família, somos meros coadjuvantes. Nossas limitações (físicas e sentimentais) nos impede de fazermos algo mais, além de visitarmos, providenciarmos algumas pequenas coisas... Ela é quem acorda na madrugada, enfrenta as filas dos hospitais e as dietas dos nossos idosos. À Neta, eu devo meus sinceros agradecimentos e minha devoção. É isso que o trabalho com idoso gera. A prospecção do pensamento na nossa própria velhice. Mas traz também a certeza de amarmos mais a quem se dedica, diriamente.
3 comentários:
Poxa, Val... que reflexão! Somos tão impacientes e mesquinhos... tão fracos... Reconhecer já é um ato enorme pra seguir a caminhada.
Muito bem "delineado" e explicitado, mas...
A vida "moderna" (nem sei o que isto é), leva-nos a desprezar os velhos, os doentes, os que não nos podem acompanhar e só dão "trabalho".
mas o mais engraçado é que ninguém pensa que vai chegar a velho e vai necessitar..
Hoje vive-se o momento e o futuro... é para depois.
Ninguém (da nova geração), pensa o que é ser velho... mesmo que se lhes explique minuciosamente.
Vive-se rapidamente e sem valores...
Cumprimentos.
Obrigada, amigos! :) Fico mto feliz qdo venho aqui e leio seus comentários, Xistosa e Anderson. Besos!
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