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6 de janeiro de 2013

LEVANTE!

Maior São João do Mundo - É um exemplo da derrocada cultural na cidade. Passou oito anos se adaptando a um formato extremamente comercial, ao ponto de se proibir a entrada da Coca-cola em toda área cercada do Parque do Povo. Apesar de mostrarem "números" do aumento do turismo na cidade, houve sim um grande distanciamento do local como atrativo turístico e a criação de outros festejos idênticos em outras cidades do Interior da Paraíba. | Imagem: Val da Costa

Texto: Valdívia Costa

Quando eu vi, um Terminal de Integração de Passageiros (Tip) se instalando na frente do Museu de Artes Assis Chateaubriand (Maac). Não, não era na rua da frente, era logo abaixo da calçada do prédio. Era surreal... “Entrar no velho Maac? É só ir beirando as laterais”, disse um estudante. A frente do Museu foi tomada pela estrutura de aço enorme que recebe a maior parte dos ônibus urbanos. Quem permitiria, numa gestão pública, tal menosprezo às artes?

Permitiram. Isto aconteceu há uns sete anos, na primeira gestão do então prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, vulgo “O Cabeludo”. Tão brega e atrasado quanto este apelido ridículo foi a atitude governamental. Pois o Maac de Campina Grande foi inaugurado em 20 de outubro de 1967, através da Campanha Nacional dos Museus Regionais, idealizada pelo jornalista, paraibano de Umbuzeiro, Assis Chateaubriand.

A estrutura era pra ser respeitada como um dos mais importantes patrimônios arquitetônicos da cidade, assim como fizeram com o acervo, que hoje se encontra em ótima casa. Citei um dos últimos episódios de soterramento da cultura na cidade somente para retratar como a ignorância age. Ainda houve a “ausência” de lançamento anual da única política cultural criada na cidade, o Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (Fumic), que simplesmente sumiu. Além dos artistas. Muitos acabaram seus trabalhos, outros continuaram migrando para outras praias...

Música sempre sobrevive, mas as artes plásticas e as cênicas estão cada vez mais em extinção. Só o audiovisual se saiu bem, independente. Enfim... Campina, que antes foi referência em termos de estruturas para eventos e nascente de grandes talentos, ficou esmaecendo durante oito anos. O Teatro Severino Cabral “ganhou” uma reforma... ficou todo mal reconstruído, com a acústica comprometida, as cadeiras antigas modificadas...

Quando estávamos cambaleantes, surge uma Secretaria de Cultura. A primeira instituída. E o que aconteceu? Bem, tudo foi oficializado no final da gestão deste mesmo prefeito. Colocaram “o baluarte da cultura” como secretária, que é Eneida Agra Maracajá. Ela pode ser boa como promotora do maior e mais antigo evento de cultura da cidade, o Festival de Inverno, que também resiste a duras penas há 38 anos.

Porém, Eneida compôs uma equipe que deixou muito a desejar... Principalmente na capacitação para lidar com bens materiais e imateriais culturais. Era muito amigo trabalhando e pouco técnico atuando... Aí, quase nada também foi acrescentado à vida cultural da cidade.

Agora caímos na casa do recomeço. A ex-reitora da UEPB, Marlene Alves vai tocar esta pasta. Dela, o que sei é que foi uma ótima administradora, que abraçou e desenvolveu a causa da expansão, ampliando os serviços da Universidade por todo o Estado. Até me animei com a nomeação, pois, além de ser mulher, mais delicada e sagaz, ela gosta e aposta nas artes.

O núcleo de cinema foi bastante agraciado com o apoio da UEPB em sua gestão. Através de grupos de estudantes e artistas da universidade, o nome do Estado circulou em obras que ganharam destaque nos festivais nacionais e internacionais, como o curtametragem Amanda e Monike, do cineasta André da Costa Pinto.

Literatura, teatro e música também foram outras linguagens bastante apreciadas pela ex-reitora. Mas é das lutas sociais que ela é mais conhecida. Assim surgiu na grande mídia: Marlene das causas sindicais, sempre do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Acredito que é devido ao comportamento honesto que os amigos sempre trabalham com ela, como a advogada Glauce Jácome, que se destacou como coordenadora do Procon.

Vamos apostar num 2013 de levante da cultura? É, Campina, vamos levantar! Não custa pensar positivo, desejar melhoras... E fazer um pouco de força também, porque mudança começa de dentro pra fora. Eu estou me limpando interiormente, forçando a maior barra para voltar a escrever, defender o ínfimo com a garra de uma pantera... Bom, vamos!

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