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6 de novembro de 2007

*opinião*Pós Rap & Rep: “já é chegada a hora de termos o nosso lugar ao sol, não é possível gente!!!” Vant Vaz (Tribo Éthnos)



É com imensa tristeza e indignação que justifico nossa ausência do 1º Encontro Nacional de Rappers e Repentistas (Rap & Rep), realizado no último final de semana em Campina Grande. De verdade, digo-lhes, que por nós, do coletivo Tribo Éthnos, estaríamos com certeza representando com firmeza e orgulho o nosso Estado, a Paraíba.

Vínhamos trabalhando duro durante cinco meses, mas por razões que consideramos maiores, agindo com muita ponderação e discussão, sem querer invalidar a importância de tamanho evento, decidimos não participar do mesmo. Levando-se em conta a quantidade de circunstâncias adversas que vêm ocorrendo, que nos impede inclusive de mostrar nosso trabalho como ele é, em sua manifestação plural, há uma disparidade patente entre a abordagem e o tratamento dado aos artistas locais em detrimento dos grandes nomes nacionais. Uma prática que consideramos abominável e equivocada porque estes artistas já têm seus espaços conquistados e garantidos no mercado e mídia nacionais.

Nestes 18 anos da Tribo Éthnos sempre sonhei com o dia em que autoridades, pessoas influentes, meios de comunicação, gestões públicas e a sociedade em geral despertassem para esta grande questão. Que, ao valorizar plenamente os guerreiros e guerreiras da cultura, ganham todos.

Claro, maravilhoso ter grandes nomes da arte e cultura nacionais. Mas nunca, jamais, a custa de nossa imposta condição vergonhosa de pedintes, de eternos perdedores, de reclamões (na maioria das vezes, com toda razão). Afinal, qualquer um tem mais valor, basta que não pertença a esta realidade. E, como haveria nós de competir com eles, que têm uma estrutura de produção extremamente profissional? Entenda-se, uma equipe que trabalha desde agendamento a montagem e passagem de rider técnico destes artistas e têm espaços em todo o território nacional.

E é bom lembrar, a maior parte do investimento é dinheiro nosso, dinheiro público, pagamos todos. Repito, acho salutar um evento desta envergadura, mas com outra lógica, que dê a devida atenção às demandas e necessidades para se implantar uma nova realidade. Acreditem, isso seria possível, e espero que a organização esteja aberta para aprender com os erros e receber críticas construtivas. Que, nos próximos eventos, siga em direção ao que de fato interessa a nós todos, os artistas.

Posso aqui estar correndo o risco de ser cerceado, de perder espaço por externar o que penso. Mas, de verdade? Isso acontece sempre desde o início da Tribo e com a grande maioria dos artistas e grupos do Estado que não são vinculados a nenhuma tendência política ou grupo. Nem por isso deixamos de persistir, de teimar em existir, inclusive de revelar o que sentimos e pensamos. Seria equívoco? Bom, não é o que mostra claramente a realidade. Seria ingenuidade de minha parte?

Lamento decepcionar os que acham isso, mas há muito deixei de ser ingênuo. Também não quero eleger culpados. Nunca seria fácil organizar um evento nestas proporções, mas já é chegada a hora de termos o nosso lugar ao sol, não é possível gente!!!
Por isso aos amigos e amigas, fãs e colaboradores que convidei para nos ver neste evento, nossas desculpas.

Prometo-lhes, não faltará a oportunidade para nos ver no VI Encontro de Dança de Rua em João Pessoa, no dia 25 de novembro, aqui em João Pessoa. O evento é realizado por nós com parceria da FUNJOPE, é parte dos 18 anos da Tribo Éthnos (março 2008) e em mais ações que planejamos para o ano que vem.

Abraço em todos e todas, mesmo naqueles que desacreditam de nós.

Vant Vaz

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