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5 de março de 2009

*mulher - Violentada pela ignorância - SÍLVIO SOUZA


imagem: Google

por Sílvio Souza*

A história é baseada em um fato real,
que aconteceu no final de semana de carnaval
em Boa Vista-RR e compartilhado por uma
colega de trabalho que acompanhou de perto
e relatou fielmente o fato.


Era para ser mais um caso repugnante de violência contra mulher como tanto outros registrados na Delegacia da Mulher, em Boa Vista, mas se torna emblemático ao considerar a idade da vítima: apenas 6 anos.

Após perceber comportamentos e reações anormais na filha que acabava de retornar de um final de semana na companhia do pai recém-separado, a mãe, com aguçada sensibilidade que só uma mulher-mãe pode ter, aconchegou a filha no colo e perguntou o que havia feito naqueles dias, com interesse de saber mais que informações de um inocente passeio.

Confirmando as suspeitas, a mãe notou a inquietação da filha, que antes falante e extrovertida, agora permanecia como que enclausurada, presa por um fantasma invisível que continuava a ameaçá-la. Ao tocá-la com mais intimidade pode assegurar que algo de estranho havia acontecido. A filha permanecia muda, mas as lágrimas denunciavam o abuso; era o testemunho que faltava para as suspeitas.

Transtornada pediu ajuda aos familiares com quem compartilhou a dor. Orientada e amparada por parentes procurou no mesmo dia a Delegacia da Mulher para registrar queixa e pedir investigação do caso.

Martírio
A sensação de pisar numa delegacia pela primeira vez naquelas circunstâncias tornava tudo mais angustiante. Desesperada relatou as desconfianças à delegada plantonista que ouviu tudo com olhar de ceticismo, e sem rodeios passou logo a inquirir a vítima, que acompanhava tudo de perto, como se estivesse consciente da violência sofrida. Silêncio e lágrimas; mãe e filha choravam juntas a dor do abandono, da violência provocada pela mediocridade do poder público.

Como não houve a "denúncia formal", já que a vítima se negou a prestar depoimento quando "interrogada", a delegada simplesmente, decidiu não dá prosseguimento ao inquérito. Finalizou o caso por falta de provas.

Insatisfeita e decidida a defender a honra da filha, a mãe procurou o Instituto Médico Legal (IML) para tentar por meio do exame médico provar que falava a verdade. Dez longas horas depois de espera e humilhação a menina foi examinada. O resultado deverá sair em uma semana. Até lá o suposto abusador terá feitos novas vítimas... afinal, quem acredita num simples choro de uma criança e de uma mãe desesperada.


* jornalista, assessor de imprensa, repórter de Cotidiano em Boa Vista.

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