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2 de março de 2010

ACABOU. BROTA MAIS!


COMUNICATIVA - A mulher arruma tempo de sobra pra dar às amigas, como esta daí, que aprendeu a pilotar bicicleta e falar ao telefone ao mesmo tempo, só pra não deixar de atender a amiga. Se fosse um homem, nem ele estando parado, a chamada seria aproveitada, pois muitas vezes ele finge que o telefone toca pra outra pessoa. A crônica foi feita em junho de 2006, numa noitada no Cuca-CG | imagem: Val da Costa

VALDÍVIA COSTA

Os amigos são, para alguns, companhias inseparáveis. As relações de troca são mais intensas, as cobranças também. São os que dividem os melhores momentos e ganham os piores como brindes. Mas tem dia que o papo morga e toda a relação estremece, igualzinho ao namoro. O homem, radical, pensa: amigo para quê?! A mulher, estratégica, desabafa: amiga, vamos dar um tempo.

Os homens são inabaláveis na suas relações. As relações são, portanto, sólidas, certo? Não! Quando vem aquele amigo, que não sabe o que quer, perde tempo demasiado reclamando e o cara não vê os frutos da sapiência brotando, o que faz um homem? Ele cala. As mulheres não. Nesse momento baixa uma psicóloga que quer ouvir tudo, simplesmente tudo. Depois entra em cena uma palestrante pra poder dar uma carrada de sugestão. Detalhe: a amiga só queria desabafar.

Somos descentralizadas, não rola silenciar, é puro desejo masculino. De tão desfocadas nas amizades, nós somos mestras das minúcias. Picuinhas, no universo masculino, quase não existem. Eles pensam grande, miudezas jamais. Isso não se torna fator de atrito numa amizade duradoura. Homens passam décadas com os mesmos amigos. Quase nunca brigam porque não se expõem como as mulheres.

Num interessante instante de meiguice e simpatia, nós nos conquistamos, amigavelmente. Trocamos, não só a relação básica de confidências, mas a dependência química de estarmos lado a lado, quase diariamente. Isso alimenta a posse nas mais sinhás e repugna as mais independentes. Passos infalsos na amizade feminina.

Na verdade, o que ocorre é uma ruptura dos laços mais afetivos por causa de algum desentendimento. Muitos sentimentos desgostosos são liberados e, dependendo da mulher, isso não ajuda muito na hora de decidir entre a amiga ou a paz. A paz vira uma amiga nessa horas, muitas vezes. A amiga nessas horas é a paz, com toda certeza. Pra que uma amiga que não sai do mesmo conflito há décadas? Largo o marido ou apanho mais 10 anos?

O bom é discutir esse conflito existencial de amizade com um homem. Para eles, isso nem existe, é coisa de cabeção, que fica vago, sem ter o que pensar. Amizade para a espécie masculina é sentimento inefável. Para que falar sobre algo que se constrói só, se alimenta sem força alguma e ainda dá anos de afazeres conjuntos silenciosos? Acabou, brota mais. Basta olhar a volta, tem amigo novo surgindo a cada dia.

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