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25 de março de 2010

O HOMEM QUE ESTÁ EM FORMAÇÃO

VALDÍVIA COSTA | imagens: Insustentável

Sonhos de Alice à parte, sempre quis uma turma de alunos interessados nas minhas experiências de vida. Como professora de Jornalismo ainda não tive a realização desse desejo. Ou os jovens têm uma inteligência supra-sumo da pós-modernidade que não me deixa alcançá-los ou o que falta-lhes é mais conteúdo, principalmente cultural.


Partimos em busca de uma competição sem fronteiras e sem linha de chegada há muitos anos, desde que instituimos o dinheiro como selo de qualidade para tudo o que fazemos. Desde então, os filhos passam pela lavagem cerebral de conseguir uma carreira sólida, que dê muito dinheiro sem nenhum sofrimento humano, desde a casa dos pais.


Na escola, reunidos em grupo com outros que recebem ensinamentos até mais frios e lucrativos, temos noção do quanto isso nos levará a um mundo esgotável. Mas em que nos diferenciamos do homem do passado, por exemplo? Um cérebro maior, com mais desejo de possuir, mas com um condicionamento físico de um mosquito?


No livro Manthropology – A ciência do homem moderno incapaz -, do antropólogo australiano Peter McAllister, há essa observação. Ele fala da perda do homem de hoje, que não sabe mais conviver com a natureza. Segundo o blog Tempo de Correr, muitos homens da Pré-História poderiam vencer o jamaicano Usain Bolt em suas condições atuais.


Alguns membros da tribo Tutsi (Ruanda) superaram o atual recorde mundial de salto em altura (2,45) em cerimônias de iniciação, saltando o superior à sua própria altura para atingir a maturidade. Além disso, o livro ainda afirma que qualquer mulher do período neandertal poderia derrotar o fisiculturista e governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.


Não é à toa que estamos com tanta produção de lixo. Quem tem grana não desenvolve mais nenhuma função extra fora ganhar dinheiro, além de expelir muito detrito, tanto material, quanto subjetivo. Mas, de qualquer forma, quem acaba se sujando mesmo somos nós, que adotamos outro tipo de vida ou que não conseguimos "evoluir" materialmente.


Sem esse conteúdo ideológico, o ser humano continuará escravo da imagem criada a partir da ganância. E, quando os olhos são maiores do que a barriga, sempre traçamos metas infidáveis baseadas em vontades desnecessárias. O nosso campo de visão é amplo, mas podemos limitar o querer, do consumo e do poder exarcerbados.

Um comentário:

Pedro Luiz Araujo disse...

Muito oportuno texto, reflexões que permitem nos mantermos ainda sóbrios em "auras" pósmodernidade. alimento integral que oxigena e acena para necessaria cosmo visão. Grato Val!