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18 de abril de 2010

A LUA E A TORRE


IMPERCEPTÍVEL: Aqui, a vida passa meio apressada. As pessoas entram em seus mundos de afazeres e deixam as cabeças baixas, sem perceberem que, algumas vezes, a lua nos observa e conta segredos à torre... | imagem/poesia: Val Lucena (em 2001)

VALDÍVIA COSTA

É bom relembrar. Eu gosto e sei que muitos também curtem fazer isso. Por isso mesmo, hoje, vou lhes contar como comecei esse negócio de unir imagem e texto numa tentativa singela e descompromissada de construir uma poesia. Não é fácil, eu confesso, às vezes, não rola. Às vezes fica mais ou menos...

Mas essa imagem que denominei "A lua e a torre" foi tirada num dia de correria de uma estagiária que tinha que percorrer duas fábricas atrás de informação que interessasse a um "público leitor" de quase 1000 semi-analfabetos. Depois de mais de dois quilômetros andados por dia aprendi a usar o visual do lugar a meu favor, experimentando arte.

Pena que isso foi no começo de 2000, quando entrei lá, e não havia equipamento fotográfico de qualidade. Também não me toquei de salvar meus primeiros trampos imagéticos literários. A máquina que eu usava nesse estágio (e nesse universo surreal que é achar beleza na vida suada de operários) era uma daquelas que colocava disquete, artigo que nem existe mais no mercado.

Logo nos primeiros cliks achei um gato entre as barras dos muros da fábrica, espiando se já podia entrar. Uma cabecinha preta entre barras cinzas compridas de cimento e concreto armado. Acabei esquecendo essa imagem em algum lugar. Mas a segunda, essa que ilustra este post, sobreviveu! Impressa em modo rascunho, amaçada entre as páginas da minha inseparável agenda daquele ano, lá estavam elas, "a lua e a torre".

Lembrei até do momento exato em que passava na lateral de uma das fábricas, apressada pra tirar uma foto do chão de fábrica, e olhei para cima, onde vi esse acontecimento peculiar, "a céu aberto". Como a máquina era gigante, sai mostrando a foto pra todos. Ninguém (quase) queria ver. Todos ocupados com suas tarefas.

Imprimi o flagrante sensível que não despertou o interesse dos brutos. Até pensei em escrever xingando todo mundo pela falta de tato. Mas, como só eu vi esse momento único, guardo-o comigo até hoje, quando resolvi compartilhá-lo com outros. Ah! Ainda tem a poesia dessa foto, na legenda acima. Ela nem era necessário. Mas eu a fiz, diante da indiferença dos que não quiseram olhar esse curioso diálogo semiótico-literário.

Um comentário:

yaraujo disse...

VIXE POETA ARRETADA DE SENSIVEL!
ME ALEMBRO DESSA DESSE DIA DESSA FOTO, ACHEI O MAXIMO!!!CONTINUE FIRME VOCE SABE CAPTAR E DESCREVER COM SENSIBILIDADE!!! TORCO POR VOCE.
GRANDE ABRACO