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26 de maio de 2010

ESMOLAMBADO


ATADO: Quando o sentimento enfraquece e a vontade passa. | imagem: Xibalba Mannequins

VALDÍVIA COSTA

Não existe amor sem liberdade. Quando somos esmagados pela opressão ou pela dominação, o amor arruma as malas e muda-se. Antes disso, ele morre um pouco. E nesse estado de moleza, de lentidão e de constatação do fim, o sentimento não sorri dentro das pessoas.

Enquanto driblamos o ponto final numa relação, seja ela qual for, em que grau ela estiver, nem a dor se instala de vez, nem se dissipa de vez o sentir. É nessa confusão de estado que a pessoa resseca as mãos e a pegada muda. Às vezes saem palavras ásperas das pessoas que não sabem mais amar. Logo quando esperamos calor humano!

Do lado de quem sofre assim, muitas vezes, o amor adormece, aquietando a ansiedade de explicações para o existir. Mas o mais comum é o conformismo fluir pelo sentimento de estar aprisionado a uma vontade sem sentido.

Acordar do marasmo que a vida se tornou é preciso. Por isso arquitetamos friamente essa morte prolongada e enterramos, em algum lugar inativo do corpo, esse amor que nem morre, nem vive mais. A reação causada nos torna intolerantes, mesquinhos, como monstros famintos e insatisfeitos.

Com o fim premeditado, o sentir contorce-se na rejeição. Projetamos no outro a salvação do que antes era bom sentir, do que antes reinava absoluto. Mas nesse momento é tarde para sentimentalismos. Logo achamos um brinquedo que nos dê prazer equiparado ao amor e esquecemos seus moldes.

Apagamos lembranças e ficamos assim, esmolambados por dentro, arrumando a casa por fora. Fedendo em insatisfações no interior, não suportamos a solidão. Temos a eterna sensação de possuir um inquilino fantasma assombrando a vida. Embora alegres por estarmos nos libertando, soltando os ferros dos pulsos para a verdade solitária.

Um comentário:

Toninho disse...

Muito bom... essa arte é muito bacana.