seguidores

1 de maio de 2010

MARKETING CRIA O HOMO DIGITALIS


IMEDIATO - As eleições de 2010 trazem novos e instigantes desafios, para candidatos, cidadãos e também para a Justiça Eleitoral, o que deixará o eleitor em contato direto com o candidato, via redes sociais virtuais, como para interagir com um deus. | imagem: Cibernetika

RISOLETTA MIRANDA

O Brasil já ficou famoso pelo sistema de apuração de votos que possui, por muitos reconhecido como o melhor do mundo. Somos frágeis, contudo, na gestão do processo político-eleitoral, debatendo-nos com regras muitas vezes confusas e antiquadas, numa época de transformações extraordinárias nos meios de comunicação. Por isso as eleições majoritárias e proporcionais de 2010 trazem novos e instigantes desafios, para candidatos, cidadãos e também para a Justiça Eleitoral. Dentre estes desafios destaca-se o de como ordenar capacidades, habilidades e responsabilidades de todos os envolvidos para integrar a comunicação clássica com todas as possibilidades do mundo digital.

Do lado do eleitor, em especial, trata-se da oportunidade de exercer sua cidadania na “Ágora” digital – as chamadas Redes Sociais –, onde a conversação, os diálogos, os testemunhos e a colaboração com certeza influenciarão milhões de votos. No Brasil, 56 milhões de pessoas acessam a internet. Destes, 47,5% o fazem por meio de lan houses instaladas em lugares onde antes existiam botecos. Esse cenário mudou a regra da comunicação. E será que 2010 vai mudar a relação do cidadão com seu voto? O quanto isso vai impactar o debate e o comportamento dos candidatos e o modo como eles se comunicam na política?

Como profissionais de comunicação corporativa, antes de irmos atrás dessas respostas devemos refletir sobre a angulação conceitual da internet e entender por que ela se tornou ponto de inflexão na recente história da comunicação. Um pré-requisito básico é compreender que o tema não se sustenta ou se apega à existência e uso de um portal, do Google, Twitter, MSN, Facebook, de blogs; das plataformas de comunicação digital, enfim.

Em outras palavras, estas tecnologias temporais – tão incensadas – não são foco único deste cenário de comunicação em permanente estado de fluxo. Elas são hoje apenas o veículo pelo qual – mais uma vez, como aconteceu no Iluminismo, por exemplo – o conhecimento cruzou a ponte para fazer um movimento de provocação criativa, de multiplicação do saber, nos levando a pensar em como integrar regras do jogo já conhecidas na comunicação com as novas que se expõem com a internet.

E o que são as novas regras? Chamam-se colaboração, inclusão e relacionamento em tempo real. São os ambientes comunitários, segmentados e capilarizados onde se fala com um e com muitos na mesma dimensão, dando vida à “segmentação de massa” pronunciada no início da web por Philippe Kotler. Como especialistas, aqui na FSB PR Digital naturalmente estamos incorporando esses conceitos do chamado PR 2.0. É o movimento – e o momento – para estudar e potencializar a convergência. Releases, redes digitais, anúncios, sites; as ferramentas estarão juntas, mas nem por isso deixarão de ser commodity.

O que não é commodity, para nós, é o compromisso intelectual de fazer um mix crível, inteligente e exequível, que funcione para nossos clientes. É aproveitar o conhecimento que nos formou lá atrás – desprezando seus itens obsoletos – e potencializá-lo com agilidade, aliando a credibilidade da comunicação clássica com o sentido de pertencimento da comunicação digital. É a hora de construirmos o amálgama. Essa consciência da trajetória do conhecimento é a base diferenciadora que nos permite atuar e entregar ao mercado planejamentos consistentes e estruturados, tanto de pensamento estratégico quanto tático, para atuar em comunicação corporativa.

Gosto de pensar que essa transição, que cria uma sedutora visão da comunicação, acelera e amplia a troca de conhecimento na construção de uma sociedade com cidadãos mais esclarecidos, mais questionadores, mais colaborativos e, por isso, mais felizes. É gente em vertiginoso exercício da vontade de se comunicar e de se posicionar sobre marcas, seus ídolos e desafetos, seus candidatos e suas causas.

É, afinal, o que poderemos ver neste 2010 de eleições: a política brasileira passando pelos olhares antenados de cidadãos conectados fazendo resplandecer esse novo cidadão. Bom isso, não?! Aos palanques, programas de televisão, folheteria e assessoria de mídia se agregarão a redes sociais com seu ambiente naturalmente inquieto, habitado por cidadãos conectados e questionadores em busca não apenas da informação, mas, o que é fundamental, de relacionamento. E uma das regras desse jogo será naturalmente o exercício do que os anglo-saxões chamam de accountabillity.

Ou, em uma visão mais pragmática: transparência e “cobrabilidade”. Que melhor oportunidade para a classe política do que esta? Será um grande desafio. Desafio que se inicia na visão da informação em sua trajetória multiplataforma. Porque, afinal de contas, há um caminho de transição entre o que pensa e como age o Homo sapiens na sua versão analógica – quase todos nós que migramos para o ambiente digital – e as novas necessidades do Homo digitalis, especialmente os brasileiros entre 16 e 35 anos, a massa da população conectada no Brasil.

É o caso de imaginar que há uma nova “ordem darwinista” na comunicação. Essa teoria nos ajuda a lembrar que, afinal, estamos falando de e para pessoas. No início, no meio e no final são pessoas protagonizando e produzindo conteúdo, construindo e desconstruindo posicionamento, imagem e reputação. Saindo da plateia onde eram coadjuvantes e adotando a resiliência e o ativismo dos protagonistas. O caminho do diálogo certamente passa por essa nova matriz da informação e do relacionamento horizontal, transversal e centralizado no indivíduo. E sempre é bom trabalhar com e para pessoas. Gente, essencialmente, gente. Gostamos de ter essa especialidade.

Esse artigo integra o relatório anual da agência FSB.

*Risoletta Miranda, diretora-executiva da FSB PR Digital

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu fiz questao de mandar pra vc, pra ratificar o valor da sua escrita q eu adoro e acho q esta cada vez melhor... principalmente pela sensibilidade e sutileza de descolher temas relevantes e pertinentes num mundo onde isso se torna cada vez mais escasso. ah! e quero ver esses aforismos hein!!! me identifico de maaais...

Aline Santiago