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13 de junho de 2010

AMEAÇANDO CHEGAR


MEDROSO: Aquela pessoa que foge o tempo todo do amorrr. Texto de maio de 2003. | imagem: Masmorra Erótica

VALDÍVIA COSTA

Há um amor em mim que talvez nem eu o conheça. Talvez, ele não passe da porta, com aquela notável timidez dos amores desconhceidos. Um dia, quem sabe, ele não acene em minha direção, com uma súbita vontade de apresentar-se?

Eu sei que ele virá. Por isso guardo os ímpetos de conhecê-lo. Eu sei que, no mais tardar em alguns anos, ele despontará, sério, e me convencerá que existe a recíproca (verdadeira) do amor.

Por enquanto o noto. Mas finjo que é de outro ser ou de outro estado ao qual não me pretence ou nunca tenha sentido. Prefiro brincar com outras sensações. Uso-as e sou subtraído da vontade de amar.

É um desejo que me distrai a carne, é um beijo dado ao acaso ou um simples olhar que me prende por minutos. Eu não o conheço, mas sei do que é capaz. Vejo meus amigos, tão pacatos e passivos ao amor... vida conjugal e tal.

Alguns viciaram-se em amar. Saem de umas relações pegajosas e, logo em seguida, estão em outras. Assim é a vida quando se desleixa e deixa-se o amor instalar-se: romantismo e "eu te amo" em excesso. Quem não enjoa?

Não. Quero o amor assim, ameaçando chegar. Todas as vezes sou indiferente e bem próximo do encontro decisivo, eu desisto sempre. Seria eu intolerante, cauteloso ou tolo? Não sei. Mas, por via das dúvidas, quero conhecê-lo quando cessar em mim todas as sedes e gulas da vida.

Se isso vai ser por muito tempo não sei. Só sei que agora, o amor balançou-me a cabeça em sinal negativo, torceu o canto da boca, cruzou os braços e virou-se. Deve ter se recatado ao seu estado de paciência.

3 comentários:

~*Rebeca*~ disse...

Adorei!

Toninho disse...

Massa demais...

entre contos tantos e mais tantas prosas poéticas disse...

maravilha! palavras que tecem, perdem o trem, mas proque precisam mesmo seguir a pé: esquecem, esquecem de si mesmas.