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2 de julho de 2010

INVERSO


TESTE: Se colocarmos a ordem das coisas ao contrário, elas funcionam também, mas em alguns casos muito mal, com deficiências, metas inalcançadas... | imagem: Blaine

VALDÍVIA COSTA

Falei com uma espécie de palha, num imenso palheiro, quando passava perdido em meus próprios ressentimentos. Seus olhos vagos, com exceções de observadora e comentadora, chamaram-me a atenção. "Tire-me daqui! Tem uma agulha a me espetar!", suplicou a palha.

Achei que não devia interferir. A agulha devia ter seus motivos para torturá-la, como uma concorrente high tech, ganhando espaço pelos bilhões de palhas amarelas reluzentes que, talvez, admirem a sua aparência inovadora.

"Não quero interferir e ter que me responsabilizar por uma palha desgarrada, que está sendo punida por algo que nem sei...", retruquei, ofensivo e sem deixar brecha para outra investida. Eu sou só o vento que passo ocasionalmente ouvindo seres distintos... sonoridades e perfumes que me seguem fugazmente sabem que eu costumo esquecê-los ao encontrar os seguintes.

Realmente fui verdadeiro. Não podia soprar a palha que me seduzia. Nem ao menos livrá-la de seu infortúnio nessa competição injusta das formas e das coisas. Afinal, ela premeditava o quê com esse apelo? Se livrar do seu sagrado ofício de forrar currais e mais outras atividades nesse meio rural?

Não sou eu quem concerta as coisas. Ao contrário. Até gosto de passar veloz ajudando a desfazê-las. Apesar de estar quase brisa neste dia fui sincero como indica meu estado transparente. Quem sou eu para varrer a palha? A única coisa que resta é induzir alguém com um assovio para procurar a agulha no palheiro.

Um comentário:

Diego Guedes disse...

Vaaaal , seu blog é muito perfeito ok *-*