seguidores

28 de agosto de 2010

POSSE


EQUÍVOCO - Quando a pessoa confunde profissionalismo com mutretismo e se dá bem na vida. | imagem: Pinup of heart

VALDÍVIA COSTA

Ser competente numa profissão não implica só em aparência ou no marketing pessoal, hoje apelidado de "blefe pessoal". Profissionais de diversas áreas, antes de serem autônomos ou empreendedores, são empregados. Mas, com a cabeça afetada pelo Ego, mesmo na condição reles de peão, eles se apossam das instituições e jogam como experts que acumularam bens e um vazio asfixiante no cérebro.

Quem muito se comporta assim são os profissionais de longa trajetória nas empresas, concursados ou não. Devido ao tempo "de casa" se acham donos dos móveis, dos eletrônicos, das licitações, das contrações e de todas as relações de negócios que trafegam no ambiente onde eles costumam trabalhar. Alguns até mandam no cliente!

De tão envolvidos com tal tarefa, a de se apossar do privado alheio, muitos desses perdem a noção total do real, agindo, sozinhos ou "acompanhados", com estratégias sujas de auto-promoção. Esse tipo de comportamento, muitas vezes, sai da mesa de uma pessoa que nem cargo na hierarquia maior da empresa possui. Se achando o poder em pessoa, esse indivíduo aparenta isso a outros menos informados, que sempre o reverenciam.

Coitados. Só a ilusão individual de quem age assim funciona. Por trás, as palavras correm, sobem pelas paredes, escalam muros, atravessam ruas, invadem as concorrentes nas horas vagas e disseminam a verdade no mercado de trabalho. Sempre é bom recorrer à humildade em qualquer posição que se ocupa. Mas os possessivos e invejosos faltaram a esta disciplina Humana e o mercado não exige comedimento como critério de seleção profissional.

Quem é bom em algum trabalho não precisa forçar a barra nem fazer pose de dono porque logo o talento aparece, transforma a pessoa num ser independente de vícios corporativos e celebriza quem é brilhante. Sem esforço algum, muitos se firmaram na história da humanidade. Os mais despreocupados com o "blefe pessoal" são os mais comprometidos com a intelectualidade, como os filósofos e pensadores que se detinham nos estudos apenas.

Existe também o oposto, é verdade. Verdadeiros gênios que são abafados, silenciados ou ignorados neste mar Cáspio que é uma instituição da qual precisamos para trabalhar, pelo menos até que se possa ser empreendedor do seu próprio negócio. Mas, mesmo com essa perseguição toda e cercado dessas más posturas pelos lados, o bom profissional sobrevive, nem que seja anonimamente. Ninguém o matará pela falta dessa "esperteza".

imagem: Casa do galo
Nós compreendemos o profissional taxado de incompetente, aquele que vai longe e obtém sucesso com seus conchavos. É uma pessoa de uma "casa" só, sem iniciativa, sem força nas perninhas para dar os primeiros passos sem a ajuda de mãos fortes corporativas lhe sustentando. Somos solidários com eles pela extrema ignorância, impenetrável redoma que impede a expansão da suas mentes em busca da liberdade!

Afinal, quando ele consegue se livrar desse mundo imaginário privado, o mercado todo já o conhece, além de o rejeitar pelos seus métodos. Para esse sujeito, o que resta é recorrer à Justiça e tentar recuperar o direito que ele nunca teve, o de trabalhador, de fato.

Como tudo no Brasil atualmente é falsidade e corrupção, dependendo das relações desse "profissional", logo ele ganha daquela empresa o que mais escondeu, retirou e reteve dela: o dinheiro para ser livre financeiramente através de uma caderneta de poupança. Realmente, concordo com o jargão "o mundo é dos mais espertos"! Mas, duvido dessa astúcia, reveladora da farsa que somos.

Para todos, esse indivíduo mutreteiro ganhou uma batalha corporativa. Para si, ele foi só mais um pobre sobrevivente, cansado de tanto armar ilusões, que agora dorme com suas falcatruas, rebeldes, gritando dentro de si quem de fato ele é, um ser desprovido de ideia própria, copiador das mazelas que aprosionam e oprimem o humano.

Um comentário:

Toninho disse...

"As aparências te mais é que aparecer, Morbidance unha roída, poesia dolorida a tarde pede à noite pra escurecer"