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31 de agosto de 2010

VENDADOS


INVISÍVEL - O homem encontra-se com o "ódio mortal" e dá-lhe atenção... | Gustav Klimt: A mulher moderna na sala e na cozinha

VALDÍVIA COSTA

Tem gente que é inspiradora do ódio pelo simples fato de não compreender a vida, os outros, além de si e de seu universo particular. Sente-se muita raiva de quem pensa ou age diferente de nós, seres absolutamente corretos. Nós cinco nunca tingimos a casa de rosa, mas foi sugestão recente do pedreiro, que acabou de "sair do armário". Disse que era a última moda no mundo dos mans. Um de nós discordou e a maioria venceu, mas odiamos.

Perder, se perceber enganado, se descobrir preconceituoso, se notar racista, gaguejar, tomar cerveja fervendo... tudo isso é muito ruim, mas quando se passa por qualquer situação dessas sem notar nada, algo vai errado. Como seres dotados de raciocínio, precisamos pensar, se possível 24 horas por dia, pra poder competir no trabalho, ser feliz em casa etc. Quando passamos por isso tudo e nem sopramos pra fora o desgosto, mumificamos nosso sentimento bolorento.

É bom andar de olhos e ouvidos abertos. Rencomedável até, seria, partirmos pra uma campanha, em pleno litoral, para que as pessoas abram mais suas visões e suas escutas. Sinais extraterrenos sempre alcançam-nos quando exercitamos mais esses canais do que a fala, aquele tilintar constante que tanto nos esmorece. Falar é desnecessário quando pouco vemos. É chato ouvir. Ver mais adiante é remédio pra quem muito profere palavras.

Até pensamos em matar nosso companheiro que não quis ser como somos. Chegamos ao ponto de combinar sua morte, como a de um covarde, propositalmente, ao assistir ao assassinato do pai sem dizer ou fazer nada. Mas desistimos. Afinal, entendemos que a velhice das ideias chega mais rápido e com mais poder em alguns seres, desprovidos de células que se unam em prol do entendimento de uma simples frase.

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