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26 de julho de 2010

LUIZ, O METALEIRO RADICAL


INTRANSIGENTE: Diferente do que ouvimos de Luiz Caldas, o metal sempre soará novidade para leigos incompreensíveis de tamanha sutileza do músico ao mudar radicalmente de estilo. | imagem: Contraditorium

VALDÍVIA COSTA

Trocar as bolas, de vez em quando, é bom, recomendam os especialistas radicais que sempre vestem roupagens novas e às vezes até muito distoantes. Mas, na música, o que se espera é ver uma progressão de estilo num artista. Distanciados do gosto atualmente limitado do consumidor, os próprios artistas incrementam demais, adoçam, recriam facetas que são desnecessárias, pensando em voltar a ser midiático, por exemplo.

Quem fez isso recentemente que está despertando comentários do tipo: "ele fez isso?!" é o baiano Luiz Caldas. Ele que foi um dos precursores do axé music, eu diria numa versão mais romântica, com seu nacionalmente conhecido Fricote, que fez o povão levantar poeira, arastando os pés, com os dedinhos para cima, agora castiga uma guitarra muito louca num heavy metal alucinado. O novo show dele é Maldição e já circula por aí.

Ouvindo a música que entitula o show parece que Luiz Caldas dá uma explicação para esta transformação sonora. "... Eu ressucitei, não morri, gelei... matei a paixão, não lhe dei a mão, quis lhe sufocar, lhe estraçalhar, tomar seu lugar, e quis lhe jogar... Bolas de fogo, maldades da imaginação!!!"

Do jeito que estava difícil concorrer com as colegas dele, cantoras de axé, com aquelas pernas musculosas e já devidamente arrendadas num seguro milionário, ele deve ter feito o certo mesmo. E eu gostei mais desse Luiz rebelde, gritando, desabafando a arte plastificada pelo envólucro de um mercado voraz. Como ele foi um rentável produto, de certo estimulará um retorno ao consumo ao adotar esta novidade.

Não digo que a pessoa não faça isso, radicalize. Mas a mudança exorbitante pode assombrar o público, não? Como resgatar Luiz Caldas para seus fãs arrastadores de pernas e balançadores de dedos? O que eles comprarão agora, que o som mudou e eles não gostam porque não sabem bater cabeça ou se expressar pelo rock?

Mudar assim parece necessário. Também na música, o que fez o Faith no More? Sempre adeptos de baladinhas melosas, como Easy, os roqueiros gravaram uma bossa nova no CD King for a Day, Fool for a Lifetime (1995). Brasileiríssimo! Só que eles continuam imprimindo o estilo metaleiro nas canções novas, nas releituras. Tem alma.

Gostaria de ver uma mudança radical dessas com o forró de plástico para acabar de vez com a dúvida se esse tipo de transferência de estilo cola ou não. Já pensou, Aviões do Forró virando uma orquestra moderna, com metais e tal? Abduzindo todos num êxtase sonoro efetivamente novo, a ponto deles se perguntarem, no fim do show, se o nome da banda não ficaria melhor For all Airplane Jazz Band...

2 comentários:

Flávio Crispin disse...

muito bom o texto val, adorei o all airplane jazz band, hahaha.. mais é verdade, há que se reinventar sempre e o Luiz Caldas ta provando q ele esta conseguindo.

De acordo com disse...

Brigada, Flavim! Pela visita, pelas palavras...