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5 de julho de 2010

VARAL


SOLITÁRIO: Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. (Clarice Lispector) Texto abaixo (2007) e foto (2009) de Val da Costa.

VALDÍVIA COSTA

Há dias que as roupas estão no varal. Secaram já. Mas espero a coragem. Essa sim, falta sempre. Não admira que ela fuja. São tantos passos que eu posso dar que pesa mesmo!

Espero cogitar algumas possibilidades e desfrutar mais da vida. Ela já secou também. E continua estendida num varal alto, precipitadamente acima da realidade, como as roupas.

A vida e os tecidos dançam, movem-se calma e estressantemente. Nem notam os questionamentos humanos, aumento de estatísticas, horário, burocracia... o sorriso passa despercebido, acanhado, sem vontade de virar som.

Vou guardá-las. Preciso das roupas, que materializam a gente. Mas elas também desmaterializam o medo, revelando desejos, ao serem tiradas do nosso corpo.

A vida também comove, fazendo-me eterna observadora desse varal de trocas diversas de diferentes roupas, durante a minha existência, enquanto perco-me nos sonhos ou dela.

Um comentário:

Toninho disse...

Maravilha... adoro a sua suavidade!!!