"A maneira como vemos o mundo está ligada diretamente ao modo como vamos agir nele e ao nosso comportamento em relação aos outros." Luís Mauro Martino | Imagens: Esher |
Embora, dentro de mim, eu continue sendo uma pessoa, continue sentindo medo, frio, fome, tristeza e solidão, eu não sou gente para a realidade que a maioria das pessoas construiu. Se falamos com um adolescente em busca de uma carreira, o primeiro conselho que vem à boca é "faça o que dá dinheiro".
Nós criamos realidades também. E as mostramos quando precisamos fazer os outros crer naquilo que queremos que eles acreditem. O visível escapa aos olhos quando há uma indução. Se estamos naquele momento de escolher um parceiro ou qualquer outra coisa na vida, o que prevalece é a realidade de uma maioria que, muitas vezes, não encaixa com a individualidade.
Seguir esse real imposto pela maioria é sacrifício que o dinheiro compensa, mas que o íntimo rejeita. Nem precisa afirmar o desgosto. Ele é notório. A vontade, quando não realizada, recolhe-se num canto escuro dentro da gente e vira mal assombro.
Seguimos uma realidade padronizada. Ela se desfaz à noite e vira vídeo remorso, causando um desconforto, uma frustração desatada que sai brocando as paredes de dentro da gente corroendo, triturando, invadindo... Por fora, sorrisos e comentários evasivos.
Essas discussões filosóficas foram refletidas por Immanuel Kant, que propôs uma perspectiva relacional entre os diversos mundos, o real e o subjetivo, que cada um constrói pelos sentidos. Além de Edmund Husserl e seus seguidores, Heidegger e Alfred Schutz, que observaram o "mundo vivido" ou a vida real, a experiência prática do cotidiano, que é aceito sem muita preocupação.
John Searle ("Mente, linguagem e sociedade") lembrou que podemos ver a realidade como uma série de impulsos elétricos, que caminha de nossos sentidos ao cérebro por uma complexa rede neuronal. Seríamos cérebros em cubas, projetando tudo em consonância e perfeição até que fosse possível ver e sentir a realidade?
Temos, então, a realidade como uma só, comum a todos, mas admitimos que ela é como um tecido formado de muitos pedaços, que cada pessoa percorre várias dessas partes para formar seu real. O certo é que, a percepção da realidade pode ser alterada pelos afetos. Um mesmo fato pode trazer tristeza a uns e alegria a outros.
Esse blá blá blá vai desaguar numa postura humana essencial para o convívio coletivo. Pauta-se a ética a partir das noções de realidade. Uma visão de realidade pode considerar um grupo inferior e até eliminá-lo de uma situação por uma visão de mundo apenas.
A Ética se dedica aos assuntos morais. A palavra deriva do grego e significa "aquilo que pertence ao caráter humano". Não é o mesmo que a moral, que se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos. A ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.
Como o pensamento humano atual é pautado pelo dinheiro, a ética profissional, familiar, humana, atrapalha em algum momento. Já pensou como será o mundo real daqui por diante, sem a ética para definir bem o que pode ser feito nas relações humanas e o que pode ser empenhado para o meio ambiente? Com toda a velocidade em que estamos indo, logo Ética será uma marca clara de giz de um ex-nome num desusado quadro verde.
#valdíviaCosta/revistaFilosofia
(artigo "Em que mundo você vive?",
do doutor em Ciências Sociais pela Puc-SP,
Luís Mauro Martino)
3 comentários:
Olá equipe do blog De acordo com.
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Ministério da Saúde.
Muito bom o texto Nega! Existe sim uma dualidade existencial de cunho social que termina por rivalizar determinados parâmetros éticos e morais distintos. A vida é bem mais complexa e velozmente mutável que bamboleamos entre a busca por grana e pelo espírito pacifista de uma vida simples. Vida adiante.
Valeu, pessoal do MS... Mas por onde eu entro em contato com vocês? Pelo site? 8)
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