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2 de agosto de 2011

OS MUNDOS

"A maneira como vemos o mundo está ligada diretamente ao modo como vamos agir nele e ao nosso comportamento em relação aos outros." Luís Mauro Martino | Imagens: Esher
 # A realidade é algo único e compartilhado por todos? Ela é objetiva ou modificada pelos sentidos? Dependendo da resposta, eu serei gente. A minha imagem é real. Sou um sujeito que vive nesse mundo, mas vou contrário ao modo de vida da maioria dos habitantes. Talvez eu aparente ser trapo ou algo ultrapassado e, só pela aparência, eu não sirva pra vida...

Embora, dentro de mim, eu continue sendo uma pessoa, continue sentindo medo, frio, fome, tristeza e solidão, eu não sou gente para a realidade que a maioria das pessoas construiu. Se falamos com um adolescente em busca de uma carreira, o primeiro conselho que vem à boca é "faça o que dá dinheiro".

Nós criamos realidades também. E as mostramos quando precisamos fazer os outros crer naquilo que queremos que eles acreditem. O visível escapa aos olhos quando há uma indução. Se estamos naquele momento de escolher um parceiro ou qualquer outra coisa na vida, o que prevalece é a realidade de uma maioria que, muitas vezes, não encaixa com a individualidade.

Seguir esse real imposto pela maioria é sacrifício que o dinheiro compensa, mas que o íntimo rejeita. Nem precisa afirmar o desgosto. Ele é notório. A vontade, quando não realizada, recolhe-se num canto escuro dentro da gente e vira mal assombro.  

Seguimos uma realidade padronizada. Ela se desfaz à noite e vira vídeo remorso, causando um desconforto, uma frustração desatada que sai brocando as paredes de dentro da gente corroendo, triturando, invadindo... Por fora, sorrisos e comentários evasivos.

Essas discussões filosóficas foram refletidas por Immanuel Kant, que propôs uma perspectiva relacional entre os diversos mundos, o real e o subjetivo, que cada um constrói pelos sentidos. Além de Edmund Husserl e seus seguidores, Heidegger e Alfred Schutz, que observaram o "mundo vivido" ou a vida real, a experiência prática do cotidiano, que é aceito sem muita preocupação.

John Searle ("Mente, linguagem e sociedade") lembrou que podemos ver a realidade como uma série de impulsos elétricos, que caminha de nossos sentidos ao cérebro por uma complexa rede neuronal. Seríamos cérebros em cubas, projetando tudo em consonância e perfeição até que fosse possível ver e sentir a realidade?

Temos, então, a realidade como uma só, comum a todos, mas admitimos que ela é como um tecido formado de muitos pedaços, que cada pessoa percorre várias dessas partes para formar seu real. O certo é que, a percepção da realidade pode ser alterada pelos afetos. Um mesmo fato pode trazer tristeza a uns e alegria a outros.

Esse blá blá blá vai desaguar numa postura humana essencial para o convívio coletivo. Pauta-se a ética a partir das noções de realidade. Uma visão de realidade pode considerar um grupo inferior e até eliminá-lo de uma situação por uma visão de mundo apenas.

A Ética se dedica aos assuntos morais. A palavra deriva do grego e significa "aquilo que pertence ao caráter humano". Não é o mesmo que a moral, que se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos. A ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.

Como o pensamento humano atual é pautado pelo dinheiro, a ética profissional, familiar, humana, atrapalha em algum momento. Já pensou como será o mundo real daqui por diante, sem a ética para definir bem o que pode ser feito nas relações humanas e o que pode ser empenhado para o meio ambiente? Com toda a velocidade em que estamos indo, logo Ética será uma marca clara de giz de um ex-nome num desusado quadro verde.
#valdíviaCosta/revistaFilosofia
(artigo "Em que mundo você vive?",
do doutor em Ciências Sociais pela Puc-SP,
Luís Mauro Martino)

3 comentários:

HepatitesMS disse...

Olá equipe do blog De acordo com.

A Hepatite B é uma doença silenciosa que, em sua forma crônica, atinge mais de dois milhões de brasileiros. Apesar de ser uma doença comum, nem todos conhecem as formas de transmissão ou prevenção, como a vacina, que está disponível nos postos de saúde. Para diminuir os riscos e consequências da Hepatite B, precisamos reforçar a divulgação das informações básicas. Por isso, contamos com sua ajuda. Entre em contato para receber todo o material da campanha!
Ministério da Saúde.

Toninho Borbo disse...

Muito bom o texto Nega! Existe sim uma dualidade existencial de cunho social que termina por rivalizar determinados parâmetros éticos e morais distintos. A vida é bem mais complexa e velozmente mutável que bamboleamos entre a busca por grana e pelo espírito pacifista de uma vida simples. Vida adiante.

De acordo com disse...

Valeu, pessoal do MS... Mas por onde eu entro em contato com vocês? Pelo site? 8)